sexta-feira, 30 de junho de 2017

Simone Veil

Judia, nascida em Nice em 1927, faleceu hoje Simone Veil. Passou, com a mãe e a irmã, pelos campos nazis de Auschwitz-Birkenau e, em seguida, por Bergen-Belsen. Sofreu a dureza do holocausto, mas livrou-se.
Licenciada em direito, optou pela magistratura. As notáveis qualidades intelectuais permitiram-lhe atingir o cargo de secretária-geral do Conselho Superior de Magistratura de França.
Abandonada a carreira na Justiça, ingressou definitivamente na política. Em 1974, foi nomeada Ministra da Saúde do governo de Jacques Chirac e Raymond Barre - o presidente era Valery Giscard d'Estaing.
Centrista, e muito próxima dos partidos de centro-direita UDF e RPR, fez história com a luta pela Lei da Interrupção Voluntária da Gravidez. Bateu-se pelos direitos de igualdade do género. 
Inteligente, culta e activa foi uma política empenhada no papel social do Estado, tendo sido a primeira mulher eleita Presidente do Parlamento Europeu. O 'Público' (1) destaca a sua participação no governo da Presidência de François Mitterrand, o que pode induzir na ideia de que era socialista. Uma referência simplista, porque, na realidade, ao tempo de Mitterrand, Simone Veil integrou o governo de Edouard Balladour, homem próximo da UDF e do PRP que disputou e perdeu a eleição presidencial para Jacques Chirac.
Simone Veil, com outros actores da sua área política, combateu a favor das mulheres, da justiça social e de outras causas que o centro-direito do seu tempo assumia como deveres democráticos. Longe, muito longe, das ideias, concepções e acção de cariz neoliberal que caracterizam o desempenho de mulheres políticas do centro-direita de hoje, como Cristas e outras que vemos na ala direita da nossa Assembleia da República. 
(1) Adenda: O jornal 'Público' entretanto rectificou e ampliou a notícia inicial, em que conectava Simone Veil apenas com um governo de Mitterrand.

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