Sou português de corpo e alma. Sou do povo da saudade, do fado e da
solidariedade. Sou apenas um entre os mais desse povo emotivo, generoso e capaz
de se reunir aos milhares e acumular milhões em socorro de concidadãos vítimas
de tragédias.
A última manifestação de solidariedade e altruísmo dos portugueses teve
como centro o concerto da passada terça-feira, dia 27, no Meo Arena. Os 25
intérpretes, muitos músicos, técnicos de som e de outras especialidades,
seguranças e demais pessoal foram acompanhados ‘in loco’ por cerca de 14 mil
espectadores. Em acréscimo, e remotamente, uns tantos milhões de emocionada e devotada
gente viu e ouviu o evento, transmitido, em uníssono, pelos três principais canais
televisivos, RTP, SIC e TVI, e um ‘batalhão’ de estações de rádio, para
Portugal e para o mundo português. Este último é vasto e disperso.
Nessa noite da solidariedade com as povoações dos concelhos de Pedrogão
Grande, Figueiró dos Vinhos e Góis, o povo uniu-se e gritou “Estamos aqui para
ajudar!”. Que noite de serena e sentida concórdia.
Sem aprender nada com o significado do gesto colectivo e nacional, os
políticos hostilizam-se. Tudo porque despudoradamente anseiam obter dividendos
políticos com a desgraça. Vergonhoso.
Atendendo à natureza, dimensão e interesse colectivo do problema humano da colossal
tragédia, seria agora o tempo de, na AR, os partidos desprezarem divergências e
conciliarem esforços, com solenidade e espírito de unidade idênticos àqueles
que o povo demonstrou. Caminharem juntos para: (1) averiguar com celeridade as
razões objectivas e próximas do calamitoso incêndio (as causas remotas são
conhecidas e resultantes de cumplicidades de diversos governos, há décadas);
(2) avaliar as decisões e desempenhos das diversas instâncias envolvidas no
combate ao catastrófico incêndio; (3) definir e executar um programa rápido e
eficaz em relação a famílias, empresas e equipamentos locais, para devolver aos
sobreviventes da tragédia a dignidade, os bens e os estilos de vida perdidos,
já que, de alguns deles, jamais se poderá remover a dor pela perda de entes
queridos que a tragédia matou; (4) discutir e definir estratégias para combater
a desertificação, desenvolver o interior, reorganizar e estabelecer regras para
a floresta, matos e a prevenção dos incêndios.
Tudo o que se enunciou pode parecer demasiado. Mas não. É justamente tudo o
que, sem disputas repugnantes por votos e poder, compete à totalidade dos
partidos parlamentares realizar com suprema eficácia. Infelizmente, não é o que
está a suceder, como se pode concluir por este tipo de notícias (‘Público’).
Ouçam Srs. ministros, secretários de estado, deputados e dirigentes partidários!,
o povo gritou a uma única voz e bem alto: “JUNTOS POR TODOS”. Cumpram!
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