sábado, 10 de junho de 2017

How about 'Brexit'? Maybe hard

Sexta-feira, dia 9 de Junho, em Londres. Theresa May deixou Downing Street, deu uma saltada até ao Buckingham Palace, falou com a Rainha Elizabeth II e regressou ao ponto de partida . 
Saiu Primeira-Ministra (PM) cessante e voltou PM indigitada, pelo que se depreende da declaração "vou formar um governo," no vídeo.
Tudo rápido, simples e eficaz, depois de uma noite eleitoral atribulada. O Partido Conservador perdeu a maioria absoluta ao conseguir, apenas, 318 deputados (-13), contra o sucesso do Partido Trabalhista com 262 (+30) parlamentares, do "perigoso esquerdista", Jeremy Corbyn, a quem muitos analistas vaticinavam uma catástrofe eleitoral - os resultados eleitorais britânicos suscitaram surpresas, entre as quais a eliminação do parlamento do UKIP do empenhado eurocéptico Sr. Farage, grande amigo do Sr. Trump.
Regressemos, porém, à Sra. Theresa May. A despeito das tensões que ficaram a ecoar no seio dos Conservadores, May deitou mãos à obra para se manter no poder. Em minoria relativa, firme e obstinada, captou o ultra-conservador DUP (Partido Unionista Democrático), irlandês e presbiteriano, para uma coligação parlamentar de suporte ao novo governo de May. Como se tratam de partidos de direita, para Pulido Valente, o autor da ideia da "geringonça", e Paulo Portas, o plagiador, a imagem para definir a coligação 'Conservadores+DUP' é um belo "coche" de talha dourada e conduzida por dois guardas palacianos que a rainha cedeu a Theresa May e Arlene Foster.
Em círculos políticos britânicos, a solução de coligação parlamentar está a deixar muitas apreensões. Quanto ao 'Brexit', mas sobretudo em relação ao já conturbado processo de paz na Irlanda do Norte. Os católicos do Sinn Fein, prevê-se, vão reagir mal à promoção do adversário DUP, proporcionada por May. Esta perde, assim, as condições de equidistância e de mediação do governo de Londres no citado processo, sendo certo que Tony Blair, ex-líder trabalhista da 3.ª via, já apelou a Theresa May para não se coligar com o DUP.
E então o 'Brexit'? ("How about 'Brexit'?"). Talvez seja árduo ("Maybe hard"). Talvez? Será certamente e para as duas partes, Reino Unido e União Europeia. A Sra. May submeterá condições leoninas aos 27 países restantes da UE. A preservação City, principal praça financeira europeia a ser transformada em ´paraíso fiscal' gigantesco; as restrições da liberdade de circulação e de exercício de actividades profissionais de imigrantes provenientes da UE; isenção de taxas aduaneiras e fiscais na UE para bens de origem britânica, a fim de reduzir riscos de falências, e de deslocalização para o Continente Europeu, de produtores de bens e serviços... enfim, tudo isto, e muito mais, são temas complexos que integrarão o dossier de negociações que, à partida, define como o árduo, mas que May crê ser apenas no desenvolvimento processual, jamais para os cidadãos e o próprio Reino Unido como país.
As estatísticas de portugueses residentes portugueses, em 2015 e 2016, apontam para cerca de 250.000. Porém, duvido deste número, por insuficiente. Há quem admita ser muito mais elevado, contando com os emigrantes não registados e em trabalho precário. Seja quantos forem, os portugueses do Reino Unido têm razões de peso para se preocupar com o seu futuro nos territórios do velho aliado de Portugal. May prometeu aplicar às sociedades empregadoras de imigrantes taxas por cada imigrante que conste do seu pessoal. As apreensões são muitas, entre enfermeiros e muitos outros profissionais de nacionalidade portuguesa. Não o seriam tanto se Corbyn tivesse ganho.
O 'Brexit' foi a causa invocada para a convocação de eleições antecipadas. May sentiu-se impulsionada pela vantagem 20% de votos das sondagens, mas o tema eleitoral, face a atentados, trouxe o debate da segurança para primeiro plano. E Corbyn insistiu que ela, como Ministra do Interior com Cameron, foi responsável pela dispensa de 20.000 polícias. Aguarde-se, em suspense, o desenrolar do filme 'UK vs EU'.  




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