sábado, 22 de abril de 2017

O imundo futebol

No mundo, mas na Europa em especial, o futebol tornou-se em desporto (?) imundo. Empresários, jogadores e grandes clubes são actores dessa indústria do ‘pontapé na bola’. Vergonhoso e ofensivo para milhões de crianças, mulheres e homens que padecem de fome e de falta de paz a nível global.
Na última noite, como milhões de outros cidadãos portugueses, às 2h40m da madrugada dormia tranquilamente. Porém, a essa mesma hora, um monte de energúmenos, vestidos por fora e por dentro de verde ou vermelho, confrontavam-se em agressões e desacatos, nas cercanias do Estádio da Luz. Resultado: um morto, de nacionalidade italiana, adepto do Sporting e militante férreo de uma claque da equipa do ‘Florentina’, considerada a 2.ª mais violenta de Itália.
Que nojo!, como diz o meu neto. Todavia, a crispação e a violência são o produto natural da péssima qualidade, como homens e cidadãos, dos dirigentes de clubes de futebol, com destaque para odiosos presidentes dos grandes clubes. Os “madureiras” andam por todo lado, actuando impunemente no Porto ou em Lisboa, cidades residenciais dos citados três grandes, mas muito, muito minúsculos em termos de dimensão humanista ou meramente desportiva.
A comunicação social, em especial os principais canais televisivos, também disputam, com os nefastos dirigentes, o patrocínio do vandalismo à volta do futebol, com programas semanais, de horas e mais horas, em que semianalfabetos, ou pouco mais do que isso, exprimem o incitamento ao ódio de acéfalos espectadores. Ainda ontem, ao ligar a TV, cinco canais televisivos transmitiam em simultâneo as declarações de um treinador de futebol conhecido pela ignorância do Português, como língua. Que nojo!, repito!


O atentado em Paris e a inquietação dos democratas em França e no mundo

Investigações policiais à residência do terrorista Karim
O Daesh, como é notório, é forte aliado da extrema-direita e dos nacionalistas que, como sublinhei aqui, estão a proliferar com sucesso em diversos países do mundo.
Publicado antes de mais um abominável acto de terror na capital francesa, em que o assassino Karim Cheurfi, igualmente morto na ocorrência, tirou a vida a um agente policial nos Campos Elísios, inseri na citada mensagem o seguinte parágrafo:
A democracia francesa salvar-se-á do poder de uma nacionalista, xenófoba e antieuropeísta convicta, apenas porque o sistema eleitoral do País prevê uma 2.ª volta e, aí sim, o candidato vencedor será quem recolher mais do que 50% dos votos expressos – Macron, dizem também as sondagens, é considerado o favorito.
Hoje, de certeza, não exprimiria tal pensamento. O atentado cometido constituiu forte auxílio para as hostes da xenófoba Marine Le Pen. O seu partido, Frente Nacional, na imprensa em geral o em The New York Times em particular, ganhou um precioso alento através do terror. A D. Pen e acólitos, no íntimo, estão gratos pela desgraça. Agora, para seu contentamento, regista-se a subida para 25% de votantes indecisos, havendo 58% de eleitores dispostos a mudarem o sentido do voto.
Todavia, em relação à vaga direitista a que o mundo actual está submetido, é forçoso reconhecer igualmente o optimismo de Donald Trump no tocante aos benefícios de Marine Le Pen pelo criminoso acto que o Daesh reivindicou. Deve-se ter presente que a ‘Trump Tower’, em Nova Iorque, foi visitada com inefável afecto por Marine, dias após a vitória da nefasta figura nas eleições presidenciais dos EUA, em Novembro de 2016.
Esperemos, e a expectativa é mera consideração de fé, que a direita nacionalista e xenófoba saia derrotada em França, ainda que isso possa suceder na 2.ª volta. A Europa e o mundo carecem de paz, solidariedade e liberdade.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Música em estação ferroviária de Filadélfia


Orquestra, coro e grupo de dança da Companhia de Ópera de Filadélfia, em 2012, ofereceram, em sessão especial, a interpretação da mais popular das 24 peças musicais de 'Carmina Burana', de Carl Off. O cenário foi uma estação ferroviária de Filadélfia e o público gostou e participou.
As sessões de boa música em locais públicos constituem, de facto, iniciativas de promoção do gosto popular pela música de qualidade. 
Espero sinceramente que a CML, este ano, volte a realizar no Largo de São Carlos os programas de orquestras e canto, do género daqueles que ofereceu ao público lisboeta e turistas em 2016. Levar a música à rua e fazê-la sair das tradicionais salas de concertos são acções essenciais para a difusão da cultura musical, captando outros públicos que não sejam apenas aqueles que frequentam aqueles espaços.
Entretanto, e porque o fim-de-semana chegou, veja-se e escute-se o vídeo acima publicado. 

quinta-feira, 20 de abril de 2017

O sucesso dos autocratas em regimes democráticos

No próximo fim-de-semana, terão lugar as eleições presidenciais em França, 1.ª volta. Segundo sondagens, Marine Le Pen tem a probabilidade de as vencer, o que, a suceder, constituirá um pesado revés para a pátria francesa, da fraternidade, da igualdade e da liberdade. 
A democracia francesa salvar-se-á do poder de uma nacionalista, xenófoba e anti-europeísta convicta, apenas porque o sistema eleitoral do País prevê uma 2.ª volta e, aí sim, o candidato vencedor será quem recolher mais do que 50% dos votos expressos – Macron, dizem também as sondagens, é considerado o favorito.
Parte substancial das super-estruturas da UE, se Macron ganhar, respirará de parcial alívio. A tranquilidade não será, pois, absoluta. Os nacionalismos tornaram-se endémicos na Europa, tendo vindo a ignorar-se, por exemplo, o comportamento da Hungria e da Polónia no sentido desse movimento. Igualmente absurdo será subestimar-se a representatividade que a extrema-direita (AfD) venha a obter nas próximas eleições na Alemanha – as sondagens atribuem-lhe um resultado à volta de 10%.
Todavia, se dispersado o olhar, o mundo e o assalto ao poder por populistas e nacionalistas autocratas, observamos que da endemia europeia passamos à epidemia mundial. Tivemos Chavez, e agora Nicolás Maduro, na Venezuela, a tortuosa ascensão ao poder de Temer no Brasil, a concentração de poderes alcançada por Putin na Rússia, a eleição do odioso Trump nos EUA e, como a maldição é, de facto, epidémica, no último fim-de-semana, a Turquia, através de pseudodemocrático referendo, atribuiu a Ergodan plenos poderes para governar, no seu estilo autoritário, o país de Mustafa Atatürk durante mais de uma década.
Os autocratas, através de campanhas e acções urdidas sem escrúpulos, estão a obter um sucesso paradoxal em estados democráticos. Conseguem-no no seio de regimes de liberdades, derrotando os defensores dos valores da livre expressão de opiniões, da convivência pacífica e universal, do respeito pela diferença de opções políticas, credos, nacionalidades e mesmo etnias.
Os riscos dos exacerbados e propagados nacionalismos, assim como o assalto ao poder por métodos sinuosos constituem um custo demasiado pesado da prodigalidade das democracias que, vítimas de tanta generosidade, acabam mitigadas ou mesmo, em certos casos, dizimadas.
Resta esperar um futuro melhor para o mundo e que a penosa onda de autocracia desfaleça. Todavia, as barreiras, as existentes e outras a caminho, desafiam a um papel activo e de combate por todas as mulheres e homens alinhados pelo culto e a veneração da democracia plena, substancial nos princípios e sólida nos objectivos.

terça-feira, 18 de abril de 2017

De Djerba à ‘Madrugada’ de Manuel Bandeira

Sinto saudades da Djerba, ilha de praia e mar quentes e de inesperados afectos. Recordo a luz solar intensa, em que parti naquela manhã a caminho de Tataouine, onde, no mercado da praça central, fruí de perfumes deveras exóticos e envolventes, de especiarias e legumes do Magrebe. Jamais os esquecerei.
No declínio solar, horas depois de Tataouine, avancei no Sahara, onde a noite imponente trucidou, com suavidade, o meu olhar. Estrelas em abundância, muitas delas, cadentes, desafiaram esse mesmo olhar, então deslumbrado. Da escuridão, vinda do céu estrelado e riscado, veio o sono. Adormeci em absoluta serenidade.
Que saudades do Sahara tunisino, que relembro nesta aldeia alentejana. Sob a negridão de noite quente do Alentejo do Alto, olho o céu igualmente estrelado e leio o poema ‘Madrugada’ de Manuel Bandeira, à luz trepidante de branca vela, iluminando o plácido tempo de me embalar:

Madrugada

As estrelas tremem no ar frio, no céu frio…
E no ar frio pinga, levíssima, a orvalhada.
Nem mais um ruído corta o silêncio da estrada,
Senão na ribanceira um vago murmúrio

Tudo dorme. Eu, no entanto, olho o espaço sombrio,
Pensando em ti, ó doce imagem adorada!...
As estrelas tremem no ar frio, no céu frio,
E no ar frio pingam as gotas da orvalhada…

E enquanto penso em ti, no meu sonho erradio,
Sentindo a dor atroz desta ânsia incontentada,
- Fora, aos beijos glaciais e cruéis da geada,
Tremem as flores, treme e foge, ondeando o rio,

E as estrelas tremem no ar frio, no céu frio…

As previsões do CFP ou da Dr.ª Teodora

O que é o CFP – Conselho de Finanças Públicas? A designação leva-nos a acreditar que se trata de um órgão colectivo. Todavia, ao ler e interpretar as notícias, da imprensa em geral e do ‘Jornal de Negócios’ em particular, sou conduzido á conclusão de se tratar de um organismo pessoal e intransmissível, tutelado por essa figura veterana, mas ainda assim nada respeitável, chamada Teodora Cardoso. E por culpa dela própria.
Independentemente da longa experiência profissional, que as funções no Banco de Portugal e a etiqueta do PS lhe proporcionaram, à Dr.ª Teodora é exigível que, à frente do culto da vaidade pessoal, coloque os interesses do País. Ou seja, se tiver dúvidas e reservas quanto a metas governamentais, de Passos Coelho (PPC), de António Costa (AC) ou de qualquer outro, o comportamento e a manifestação pública de pareceres, deveria pautar-se por regras prudenciais. Isto, porque a defesa do interesse nacional e da protecção do País dos abutres de ‘mercados, investidores e agências de “rating”’ constituem óbvios conselheiros para posicionar a defesa do interesse dos portugueses acima da ostentação da afirmação pessoal.
Segundo o ‘Jornal de Negócios’, a Dr.ª Teodora classifica o Governo de AC de ‘realista’ em 2017 e ‘optimista’ daí para a frente. Poderia preferir o diálogo institucional à mediatização, mas, tarde e a más horas, a idade é imperdoável. Sobretudo para uma burocrata, outrora anónima e hoje mediatizada, e comprovadamente incompetente em termos de previsões macroeconómicas.
À partida, e a tomar como base as estimativas e a consideração de ‘milagre’ do resultado do baixo défice de 2016, receio que o ‘realismo’ previsto pelo CFP para 2017 não venha a redundar em resultados negativos do desempenho governamental. E em relação aos anos seguintes, admito que, em vez de ‘optimista’, o Governo esteja a ser pessimista e a subestimar a recuperação da volátil economia global, incluindo países emergentes como México, Coreia do Sul e Brasil, sem esquecer o crescimento da China, acima do esperado, que é reconhecido internacionalmente (The New York Times).

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Tropecei na hipócrisia

A dona hipócrisia surgiu, de súbito, à minha frente. Inesperada e cruelmente. Baixou os olhos que outrora reluziram. De ar sisudo, no passado sorridente, mostrou ser a mulher, falsa, que deveras mente.
E ela lá foi, passo aqui, passo acolá, no caminho distinto do meu. Ainda bem que assim foi, penso, pois a hipócrisia é companhia que dispenso.
Senti o alívio de ver pelas costas a "amiga" que não me viu e que, maldosamente, isso fingiu. Lá prosseguiu ela por ali e eu afortunadamente por aqui, no percurso da honra e verdadeira amizade que sempre preferi. 
Não lhe devo um cêntimo, nem sequer um tostão, e se a reencontrar, dir-lhe-ei apenas: "Dona hipócrisia, não quero saber quem é!, porque já a conheço profundamente e de si espero tudo o que de pior há em gente reles." 

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Renée Fleming, a diva diz adeus à opera


Renée Fleming, a soprano de voz suprema, vai retirar-se depois de um espectáculo, em Maio próximo. Com 58 anos de idade, completados em 14 de Fevereiro passado, a 'diva', ou a 'bela voz', decide pôr fim à brilhante carreira - a ópera, consideram fundamentadamente alguns críticos, é um género artístico em crise. Há falta de público jovem, argumentam eles e acrescentam: depois de Renée Fleming resta Plácido Domingo, tenor de 76 anos de idade.
Neste final de actividade artística, é obrigatório para os entusiastas do 'Belo Canto', ouvir, nem que seja por uns minutos no Youtube, Renée Fleming, norte-americana natural da Pensilvânia. Como todas as mulheres e homens de excepcional talento figurará para sempre no memorial universal dos valores da arte e da cultura.