sábado, 5 de dezembro de 2015

Elis Regina, que saudade!


Hoje estive a ouvir música de todos tempos. Elis, para mim e para muitos, é intemporal. Pelo talento do saber dizer e pela sonoridade melódica com que a sua voz aconchega a minha alma de emoções que me levam para um paraíso que jamais vi, mas que, no momento, sinto dentro de mim.
Que saudades me machucam daquela noite de Domingo, quando assisti, há muitos anos, a um espectáculo no antigo Cinema Roma, agora, creio, chamado Fórum de Lisboa.
'Romaria' foi uma das canções que ouvi nesse espectáculo. A letra é um poema de uma vida dramática, iguais às muitas que, infelizmente, nos tempos actuais perduram e se multiplicam:

  Romaria
Elis Regina
 
É de sonho e de pó
O destino de um só
Feito eu perdido
Em pensamentos
Sobre o meu cavalo
É de laço e de nó
De jibeira o jiló
Dessa vida
Cumprida a sol

Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida

O meu pai foi peão
Minha mãe solidão
Meus irmãos
Perderam-se na vida
À custa de aventuras
Descasei, joguei
Investi, desisti
Se há sorte
Eu não sei, nunca vi

Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida

Me disseram, porém
Que eu viesse aqui
Pra pedir de
Romaria e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei rezar
Só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar
Meu olhar

Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida

(Nota: jibeira é a designação de bolso no Nordeste do Brasil: Jiló é uma planta cujo fruto é o jiloeiro; desavento significa triste, desanimado.)

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