terça-feira, 15 de setembro de 2015

O Banco de Portugal 'borregou' de vez na venda do Novo Banco.


O Banco de Portugal fracassou na venda do Novo Banco. O proeminente comunicador da ciência económica e financeira já explicou do cimo da cátedra a razão: os chineses do grupo Fosun recusaram-se a aumentar o preço de aquisição que haviam oferecido. 
José Gomes Ferreira tem sempre de dizer algo sobre política e acontecimentos económicos, colando-se às posições do governo. Nos comentários do video, limitou-se a referir a Fosun. 
Entretanto, a SIC Notícias, anunciou, com destaque de notícia de 'última hora', que igualmente os norte-americanos da Apollo se desinteressaram da compra.
O preço pretendido pelo Banco de Portugal, entendido como demasiado elevado pelos dois grupos citados, constituiu a causa da renúncia da aquisição. É natural. 
Os custos previsíveis para um aumento de capital de mil milhões de euros ou mais  é um dos factores que pesou na decisão da Fosun e da Apollo. Mas, sobretudo, é o risco de outros encargos devidos  a litígios, uns certos outros prováveis, da poderosa Goldman Sachs (800 milhões de euros) aos detentores de papel comercial que leva ambos  a considerar o preço elevado face a riscos elevados.
A tudo isto, que não é de somenos, há a adicionar os resultados negativos do Novo Banco em 2014 e no 1.º semestre de 2015, totalizando também cerca de 700 milhões de euros e o crédito concedido a entidades, como a Ongoing, que implicam o reconhecimento de imparidades (prejuízos) de valores avultados.
As notícias anunciam que este ciclo de venda findou com insucesso para o BdP e que só haverá novas negociações depois das eleições legislativas.
O primeiro-ministro de um governo que tenta negar o evidente, Passos Coelho, hoje em Portalegre, dizia que agora só faltava que a oposição acusasse a sua governação pela falha da venda. Como fosse a oposição a ter estabelecido o modo de resolução e a meta do tempo, finais de Agosto, para concretizar o negócio.
O governo bem pode esforçar-se para se furtar a responsabilidades neste caso, mas com toda a certeza o Eurostat é que manda e não está afastada a hipótese das contas públicas, que são matéria inalienável dos deveres da gestão governativa, não sejam objecto de rectificação do défice de 2014 para um montante acima dos 7%,
Os factos demonstram que o Banco de Portugal, ao tornar-se pioneiro na UE na aplicação da legislação do Fundo de Resolução, cometeu um crasso erro, como, em altura própria, denunciou Vítor Bento e a sua equipa de gestão que, além do mais, exigia um período mais longo para normalizar a situação do BES / Novo Banco.
Os motivos da demissão foram tornados públicos pela comunicação social. O 'Público', por exemplo, noticiou tratar-se de divergências entre os demitidos (Vítor Bento, José Honório e Moreira Rato), por um lado, e o Banco de Portugal e Governo, por outro. O tal governo que assevera nada ter a ver com este complexo caso,
É bom que o BdP comunique a situação ao senhor PR que, coitado, tal como todos nós, diz que o banco central tem informações que ele não conhece. Sabe apenas que não se trata de uma questão que diga respeito ao governo. É pouco, além de falso.

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