quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A Dona Bonifácio vota Passos - Que tenho eu a ver com isso!

A Dona Bonifácio, historiadora doutorada, é uma das muitas figuras desse imenso rebanho de funcionários públicos intelectuais pagos bem demais (trabalhou com o Correia Guedes, auto-alcunhado de Pulido Valente). Têm bons padrões de vida graças a lugares em organizações do Estado, e contraditoriamente são os mais duros críticos dos gastos dos dinheiros públicos em pessoal.
Esta Dona Bonifácio tornou-se, nos últimos tempos, uma figura com acesso à exibição mediática. Já a vi uma ou duas vezes na SIC Notícias e hoje lá me apareceu no 'Público', com o estilo de opiniosa agressiva que a caracteriza. 
Tenho-me abstido de comentar ou sequer citar a campanha eleitoral, por duas razões fundamentais: (i) sou de esquerda, mas entendo ser pura perda de tempo imaginar que influenciaria o sentido de voto de alguém, porque já o fiz no passado e apercebi-me de que, fora familiares e amigos próximos, os opiniões e opções eleitorais só as minhas, ficam comigo e com o reduzido núcleo das minhas relações; (ii) escrevi em jornais, integrei um blogue colectivo de grande audiência - O 'Aventar' que desmascarou, com palavras do próprio, o género de homem reles que se chama Pedro Passos Coelho.
Da integridade, da constância e da intrepidez com descreve a personalidade do Coelho, apenas lhe reconheço a última, no que respeita à coragem de ser um político sem vergonha e sem palavra. De Coelho como homem (uma frase absurda), que namorou e viveu em comum com a minha ex-vizinha Fátima Padinha, de quem tem duas filhas, sei bem do comportamento de jovem marginal,, companheiro do confesso Morais Sarmento nos maus hábitos, e mais tarde pai irresponsável. É um cidadão de passado pouco recomendável, coisa de que a Dona Bonifácio não pode acusar Costa.
Sobre a seriedade na vida, poderá não ser idêntico ao que alegadamente se suspeita de Sócrates, mas os casos Tecnoforma, Foral, as dívidas à Segurança Social e ao Fisco suscitam muitas dúvidas no que toca à integridade defendida pela senhora professora doutora historiadora.
Coelho, diz a Dona Bonifácio, nada tem a ver  com a vinda da 'troika'. Leia-se a carta que o 'Público' hoje publica em que PM solicita a Sócrates o pedido de intervenção externa.
Referimos a seguinte passagem do que a Dona Bonifácio escrevinhou no já citado 'Público':
"Nada me parece mais natural e necessário do que lembrar e reivindicar pelo mérito da limpeza do ajustamento financeiro."
O endividamento externo agravou-se em 30.000 milhões de euros para 130% do PIB; o 'gap' da mediana relativa de pessoas em risco de pobreza, segundo o Eurostat, subiu acentuadamente de 24,8 em 2010 para 34,1 em 2013, último ano para que há dados disponíveis para Portugal; o desemprego, esquecidos os números de centenas de milhares de imigrados, estagiários e programas de formação, é uma variável que é tratada do ponto de vista estatístico de forma uniforme na UE, mas não reflecte o número total de desempregados de qualquer País, como sabemos há anos e até de outros governos do próprio PS; a anedota de que o Coelho é um pensador da globalização do Século XXI é uma nota de humor de mau gosto - coitado do Stiglitz, do Krugman, do Lucian Ball e de outros que são uns aprendizes.
O fanatismo da Dona Bonifácio e tão intenso que, no texto, começa por roçar o disparate. Dá ao artigo o título "Obviamente, voto Passos"; logo no primeiro parágrafo diz que decidiu quando da "demissão irrevogável" de Paulo Portas, sem dar conta de que vai votar Passos e vai votar Portas. Plagiou o estilo de uma célebre frase de Humberto Delgado - Obviamente, demito-o - acabou por se espalhar, por aquilo que escreve não reflectir o que vai fazer: votar na coligação.
E por último: diz votará Passos e depois? Que tenho eu a ver com isso!

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