quinta-feira, 31 de julho de 2014

O BES e Banca Internacional – da degeneração à punição dos povos

Carlos Costa, do BdP, mistificou a situação do BES. Em sede de ‘comissão própria’ na AR e na balela impingida a António José Seguro. O socialista saiu, lembre-se, feliz da audiência que o governador do BdP lhe concedeu para o tranquilizar sobre as condições do BES, citando a tal almofada para sobreviver às dificuldades financeiras.
Hoje, Seguro, incrédulo, sente-se ludibriado por Carlos Costa – nas adversidades do ainda líder do PS, há sempre um Costa a azedar-lhe o caldo político. “Que mal fiz eu aos ‘Costas’?”, interrogar-se-á. Da colecção de vídeos, já retirou e colocou no lixo o ‘Costa do Castelo’ e lá foram à vida os desempenhos de António Silva e dos restantes elementos do elenco, no qual, curiosamente, não existia ninguém com o apelido Costa.    
Diferentemente da informação do governador do BdP, e valha a verdade que Carlos Tavares da CMVM foi mais assertivo e rigoroso no depoimento, acabou de saber-se ao final do dia de hoje que os resultados do 1.º semestre do BES atingiram 3.577 M de €, ou seja, 2,11% do PIB português em 2013 (estamos a medir um resultado semestral com uma variável anual).
Quem teve a culpa? Salgado e os seus homens de mão, presume-se. Todavia, e é o próprio FMI que o diz, houve falhas na supervisão do BdP. Todavia, acrescento: isso é verdade, mas a instituição dirigida pela Madame Lagarde pretende iludir a opinião pública com a omissão de que a ‘troika’, composta pelo seu FMI, a CE de Barroso, e o BCE de Draghi andaram por cá três anos e nada detectaram ou, possivelmente, viram e assobiaram para o ar. Os 6,4 mil milhões de euros € ainda existentes no BdP para recapitalização pública têm custado juros aos contribuintes, ou seja, ao povo.
Contudo, os desmandos e descalabros da Banca não se esgotam em Portugal (BPP, BPN, BCP e agora BES). Desde a falência do Lehman Brothers nos EUA em 2007 a onda de choque propagou-se no mundo, em especial na Europa.
No presente, os bancos austríacos, em primeiro lugar, e seguidamente os suecos, franceses e italianos estão em vias de sofrer pesadas consequências das sanções europeias contra a Rússia. A notícia foi divulgada pela Bloomberg e no título e 1.º parágrafo pode ler-se:
[…]
O caso BES, a despeito de condições específicas, integra-se nesta vasta pandemia da banca internacional, considerada argumento falacioso para os programas de austeridade, como demonstra João Cravinho em “A Dívida Pública Portuguesa”. Se não houvesse dimensão internacional até no processo BES / GES que sentido faria referir-se o Panamá, os EUA, o Luxemburgo e ‘la Banque Privée’ da Suiça, entre outros.
Trata-se, de facto, de um processo degenerativo do sistema financeira internacional, a que a complacência de políticos, sistemas de corrupção e abjectos poderes tipo ‘Goldman Sachs’ confluem no sentido de fazer subsistir uma crise que os povos lesados não causaram, mas pagam.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Vida e morte de Ricardo Salgado, por João Miguel Tavares

JM Tavares é um dos ‘parodiantes de Lisboa’ (a) que a TSF e TVI decidiram ressuscitar em formato do programa radiofónico e televisivo, designado “governo sombra”. O citado completa o trio com Araújo Pereira e Pedro Mexia, sob a moderação de Carlos Vaz Marques.
Tavares vem hoje a público, justamente no jornal ‘Público’, afirmar que a morte de Salgado é muito exagerada. Em sentido literal, a morte não é susceptível de avaliação quantitativa – o homem está vivo ou está morto. Não existe um estado verdadeiramente intermédio, a não ser o lapso apressurado da morbidez de um autêntico moribundo.
Com recurso a argumentos subjectivos, que visam naturalmente pessoas em vez de realidades, JM Tavares, de uma penada, despacha indivíduos tão distintos no posicionamento político e na expressão, como Martim Avillez Figueiredo, Pedro Adão e Silva, Daniel Oliveira, Luís Marques, Pedro dos Santos Guerreiro e chega mesmo a José Sócrates – Sócrates está tão diabolizado para este género de parodiantes, como Salazar o esteve pela ‘longa noite fascista’ anos a fio. Sempre fui anti Estado Novo, mas confesso que, nos anos 1980, já não suportava ouvir um argumento sem sentido para o que então ocorria no País.
Termina, exaltando Salgado, afinal vivíssimo da costa, a garantir que o ex-banqueiro enquanto tiver memória continuará a ser um dos homens poderosos do país. Esta conclusão – não é especialmente brilhante e original – significa que a justiça portuguesa é ineficaz, o que toda a gente sabe, a ainda que o Dr. Ricardo Salgado está aí para as curvas para colocar em estado pré-letal uns tantos. Tavares não precisa quem e quantos.
Ao contrário de quem escreve bem – e nos jornais portugueses existem vários autores de qualidade, de esquerda e de direita – Tavares usa o velho e abjecto esquema de focar as críticas e encómios em pessoas, ignorando factos.
Se não conseguir ser objectivo quanto à análise do que está a suceder no GES e BES para um país acabado de sair (com sucesso?) do PAEF e do que o desespera em termos de vida colectiva, que importa a vida ou morte de Salgado, avaliada na sua estrita dimensão, assim como as opiniões de outros articulistas que, em alguns casos, conseguem ser directos e pragmáticos, superando Tavares?
Certamente, por falta de memória, Tavares esqueceu-se de Granadeiro e da decisão deste de injectar 900 milhões de euros na Rioforte, agora incobráveis. Em termos estratégicos para o País causou uma descida de 39 para 25% na participação da PT na fusão com a Oi.
Os exageros num país vigorosamente salgado passam-lhe ao lado.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

A dissolvência empresarial pela via da insolvência

Pode jogar-se com as palavras. Todavia, escamotear realidades é impossível. O tecido empresarial português está, de facto, em dissolução – os números do desemprego divulgados, INE e Eurostat, estão muito abaixo da verdade. O critério de contagem, segundo explicitado pelo próprio Eurostat, baseia-se nos princípios seguintes:

  • ·        Serem cidadãos dos 15 aos 74 anos e encontrarem-se nas seguintes condições:
®    estar sem trabalho na semana de referência (da estatística, acrescento);
®    estar disponível para trabalhar dentro das próximas duas semanas;
®  ter procurado activamente trabalhado nas últimas quatro semanas ou terem encontrado trabalho para iniciar a actividade nos próximos 3 meses.

É do conhecimento geral que existem muitos, mesmo muitos mais desempregados em Portugal, sem corresponder a nenhuma destas condições, por falta de escrutínios através das estatísticas – aqueles que deixaram de receber o subsídio de desemprego e não se manifestam activos na procura de emprego junto dos ‘Centros de Desemprego’, a adicionar aos contingentes que se sentem forçados a emigrar por falta de oportunidades em Portugal, somam milhares aos números ‘oficiais’ do desemprego.
Por outro lado, temos o ancestral ardil à volta da exclusão de ‘estagiários’, mesmo trabalhando durante 6 meses, no respectivo ano já não são classificados como desempregados; o mesmo pode aplicar-se a quem frequenta certos cursos de formação organizados pelo IEFP.
O cenário estatístico equivale a um diagnóstico médico errado. O que, de facto, conta é que o número de insolvências não pára de aumentar e o subsequente incremento dos desempregados como desfecho natural.
O ministro Pires, em estilo propagandístico, defende que a retoma está aí. É falso e a quebra da economia é, de resto, um fenómeno mais vasto, da Zona Euro, confirmado pela evolução de – 2,9% do PIB no 1.º T de 2014. O BdP também reviu em baixa as previsões do PIB português para 2014.
A Europa, que privilegiou a salvação dos bancos ao preferir a imposição de políticas de austeridade aos países mais frágeis, se não recorrer a soluções de reestruturação das dívidas e ao relançamento económico está condenada ao insucesso da política da ‘moeda única’, sem a uniformização da política fiscal e políticas de crescimento e coesão social que o BCE, sem autorização e comparticipação da Alemanha, despreza. A tendência deflacionária talvez os obrigue a medidas de fundo. Resta saber quais. Aguardemos, sofrendo. 

domingo, 27 de julho de 2014

O que pensará Cavaco do estudo de saldos primários de Eichengreen?

Cavaco, nas funções de PR, desempenha um papel duplo em relação às finanças do País; em primeiro lugar, como todos os antecessores presidentes o foram, é responsável supremo pela promulgação de toda a legislação, incluindo a lei do Orçamento Geral do Estado; complementarmente, e por se tratar de ‘Professor de Finanças Públicas’, em relação aos anteriores PR’s, tem o dever acrescido de filtrar medidas políticas governamentais, traduzidas em leis, susceptíveis de criar obstáculos ao cumprimento de metas utópicas em matéria de política orçamental, ameaçar a nossa soberania e as condições de vida de segmento numeroso da população portuguesa.
No meio deste jogo, o recurso permanente a medidas legislativas inconstitucionais, em que o governo de Coelho e Portas, aleivoso, é recorrente. Insiste, de forma panfletária, em enviar para a opinião pública a imagem do Tribunal Constitucional como um grupo de juízes irresponsáveis e mesmo hediondos.  
O Prof. Cavaco tem alinhado, na maioria dos casos, pelo referido comportamento, sob a capa da hipocrisia que lhe é peculiar. A forma como se submeteu à vontade do governo de remeter para fiscalização preventiva da legislação de cortes de salários e reformas, em primeira mão anunciada por Coelho, é prova concludente de que o PR infringe as regras de independência e neutralidade exigidas pelo cargo, revelando uma censurável conivência com o governo.
A fim de poder pagar a dívida pública (132,9% do PIB no 1.º T de 2014) nas condições de prazo e juros em vigor, Portugal carecia de um saldo orçamental primário médio (exclui juros) de 5,9% / ano, durante 10 anos consecutivos. No livro “A Surplus of Ambition: Can Europe Rely on Large Primary Surpluses to Solve its Debt Problem?” ‘(Um excesso de Ambição: Pode a Europa Confiar em Elevados Superavits Primários para Resolver o seu Problema do Débito?) ‘, no qual, através de estudo de séries longas sobre vários países, os autores concluem:
O que pensará, de facto, o Prof. Cavaco Silva desta conclusão fundamentada na realidade? Já nem falo na amanuense Albuquerque, que parece estar de partida para Bruxelas; de resto, é justamente isso, uma amanuense, que cumpre o que os directórios da UE28 lhe ordenam e não tem direito a opinião própria.
Por último, refira-se que Eichengreen, professor na Universidade da Califórnia, em Berkeley, considera o seguinte:
“O Banco Central Europeu terá de ajudar com uma taxa de inflação mais alta e a Alemanha terá de ajudar com um maior apoio orçamental ao crescimento, caso contrário a dívida terá de ser reestruturada.”
Ideias que lançam um desafio, de resposta difícil, a umas quantas figuras ilustres da política e da economia que fazem passear pela imprensa exaltados textos e entrevistas contra quem defende o inevitável, a reestruturação.

(Adenda: O italiano Ugo Panizza é co-autor do livro)

sábado, 26 de julho de 2014

O hino de Tom Jobim aos desafinados

Eis o 'Desafinado' de Tom Jobim interpretado por João Gilberto:


Estamos em fim-de-semana e mesmos nós os 'desafinados' - cada vez somos mais - merecemos o hino que Jobim também escreveu com intenção de manifestar solidariedade a quem canta e dança a 'Bossa Nova' e deixa o lado escuro da vida, quando pode. Todos os 'desafinados' de que obviamente se excluem os 'salgados' e quem mais nos salga o dia-a-dia. 
Um fim-de-semana muito, muito desafinado para quem merece!

Mota Soares: o deputado (2008) e o ministro (2014)

Na bancada dos CDS, então na oposição, em 2008 Mota Soares referia-se à pobreza de trabalhadores, reformados, pensionistas e idosos nos seguintes termos:



Teceu outras condições. O discurso, revestido de tom e sentido idênticos, durou 7m51s e poderá ser ouvido na íntegra aqui.
Hoje, no cargo de ministro da Segurança Social, está integrado na coligação que nos (des)governa. Ajudado pela maioria parlamentar que a sustenta (PSD+CDS), deve ufanar-se com sádico júbilo da aprovação por essa maioria da legislação para reposição de cortes em salários e da criação da agora chamada 'contribuição de sustentabilidade' a reformados e pensionistas - a transitória CES será substituída por contribuição que, de forma definitiva, reduzirá reformas e pensões.
As palavras de Mota Soares em 2008, em função do agravamento do empobrecimento dos portugueses desde que o governo de que faz parte subiu ao poder em 2011, converteu-se em discurso que envergonharia um político respeitador da ética, da honestidade e da anti-demagogia no exercício de cargo público; ainda por cima ao nível de obrigações ministeriais em área socialmente tão sensível. Seria motivo para se demitir.
Comprovamos que desde 2011 - já nem recuamos a 2008 - o empobrecimento da população portuguesa, em especial de crianças, tem-se agravado como foi divulgado pelo INE e publicitado pelo 'Público' de 24 de Março de 2014; desta edição extraímos apenas dois parágrafos:
"A taxa de risco de pobreza para as famílias com crianças dependentes subiu para 22,2%, contra os 20,5% de 2011. A maior incidência revelou-se nas famílias monoparentais com um filho a cargo (33,6%) e nas famílias constituídas por dois adultos e três ou mais crianças (40,4%) e por três ou mais adultos com menores (23,7%).
Ainda entre os casos que envolvem menores, o INE indica que as crianças com menos de 18 anos representam a maior fatia, quando se fala da taxa  de risco de pobreza segundo o sexo e o grupo etário (24,4%). Segue-se a população residente em Portugal com idades entre os 18 e 64 anos (18,4%) e os idosos (14,7%). Quando comparados com 2011, estes valores revelam aumentos nos dois primeiros grupos (21,7% e 16,9% respectivamente). Pelo contrário, a taxa de risco de pobreza entre os idosos sofreu uma diminuição em relação aos 14,7% que se verificavam há três anos."
Que dirá Mota Soares e o seu companheiro Diogo Feio a propósito desta desgraça? Vacuidades e sobretudo uma demonstração inequívoca de que medidas anti-sociais são o resultado do "neoliberalismo repressivo' contra o qual se rebelava hoje no jornal i o Prof. Adriano Moreira, um democrata-cristão fiel ao ideário que o CDS há muito deitou para a lixeira.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

O entediado Nunes

O que tenho escrito sobre o Dr. Ricardo Salgado tem enfadado um tal Nunes, ao ponto de me ter classificado de ‘frustrado ou falhado da vida’. Imaginará ter-me ofendido, em defesa de alguém que ele admira e eu abomino.
Jamais me calarei na denúncia de gente e actos que conduziram o país à situação actual, arrojado igualmente para a crise mundial pelo poderoso sistema financeiro internacional e instituições que lhes servem de amparo; nas quais, de resto, se integram FMI, Comissão Europeia e BCE, ou seja, a famosa ‘troika’. Esteve três anos em Portugal, a investigar tudo e mais alguma coisa – diziam – e não detectou danosas práticas económico-financeiras resultantes de actos cometidos por grupos multimilenários dominadores; claramente lesivos da Economia Portuguesa, já estruturalmente muito fragilizada.  
Os ‘Nunes’, sejam amigos, mordomos ou motoristas do Espírito Santo Salgado, caso fiquem entediados com os conteúdos deste blogue, têm uma solução simples: não leiam. Todavia, também lhes desaconselho a leitura deste editorial e desta notícia, esta, estoutra e finalmente mais esta. De entediados podem passar a um estado complexo de neurose aguda. 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

O escritório de Salgado no ‘Palácio’ está encerrado

Tudo a correr às mil maravilhas. O ‘Hotel Palácio’, além de requintado e de cómodos espaços, garante excelente serviço de restauração, assim como de suporte ao escritório alugado por Salgado. De súbito, e contra a normalidade da rotina, nem o Dr. Ricardo Salgado ou qualquer colaborador compareceu esta manhã no escritório do ‘Palácio’. De súbito, e sem que tenha sido visto o autor da colocação, na porta apareceu afixado o aviso seguinte:

Percorridos os jornais da manhã, comecei por saber pelo ‘Público’ da detenção do ex-banqueiro, nomeadamente através seguinte esclarecimento da PGR:
Bom, se como refere o ‘Público’, a causa da detenção é o ‘Processo Monte Branco’, então infere-se que também José Maria Ricciardi e Amílcar Morais Pires correm o risco de irem parar à pildra.
O ‘Expresso’, por sua vez, diz que as causas da detenção estão igualmente relacionadas com a venda da ESCOM a capitais angolanos em 2010.
Todavia, no meio desta turbulência processual e judicial, o que mais me desconcertou foi a surpresa do director do semanário do Dr. Balsemão, Ricardo Costa, que se expressou assim:
"Fica a ideia de que a justiça atua rapidamente quando as pessoas deixam de ser poderosas"
Ao ler esta eloquente tirada, quase desmaiei à Cavaco. – Então tu ó Ricardo estás lerdaço ou quê? Não sabes que sempre foi, é e será assim, no Portugal dos brandos costumes? – seriam as perguntas que lhe formulava, caso tivesse a oportunidade de o encontrar pessoalmente.
Quanto ao Dr. Ricardo Salgado, ficamos a aguardar notícias… ou reabre o escritório ou fica na gaiola que, neste caso, não é dourada.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

BES - a selecção e perfil do conselheiro Deutsche Bank

A respeito da escolha do Deutsche Bank para funções de “aconselhamento financeiro na reavaliação das contas do banco e na sua reestruturação” do BES já ouvi diversas conjecturas e nenhuma me parece despropositada; eis alguns exemplos:

  • ·        Os métodos e critérios de selecção não foram publicamente divulgados, em respeito pelos direitos dos cidadãos à informação e às regras impostas pelo interesse nacional – lembre-se que não está de todo excluída a recapitalização do BES através de verba a retirar do saldo de 6,4 mil milhões ainda subsistente no BdP e cujos juros+comissões oneram as ‘contas públicas’ e consequentemente os contribuintes.
  • ·    É clara demonstração de um expediente de Vítor Bento, para suprir a incapacidade técnica dos serviços internos, CA incluído, para realizar o trabalho adjudicado ao banco alemão.
  • ·        Idêntico juízo, falta de confiança, é formalizado sobre a hipótese de escolha de sociedades de autoria presentes em Portugal e de reputação mundial (KPMG, Deloitte ou Pricewaterhouse Coopers, entre outras).
  • ·       Menos frequentemente, ouvi igualmente que a selecção do Deutsche Bank pelo BES do Bento foi uma opção para ser agradável à chanceler Merkel, ao novo presidente da CE, o luxemburguês Juncker, e demais personalidades determinantes nas medidas políticas do Eurogrupo.
Enfim, ouvindo tudo isto e muito mais, não deixei eu próprio de ficar perplexo quanto à forma célere e inexplicada como o banco germânico foi seleccionado.
Longe de procurar a razão lógica da escolha, eis que através do ‘Jornal de Negócios’ sou tolhido pelo seguinte título: “Reserva Federal detecta problemas nas contas do Deutsche Bank”; no corpo da notícia, entre o mais, pode ler-se:
“A Reserva Federal de Nova Iorque levou a cabo uma análise às operações do Deutsche Bank nos EUA e identificou alguns problemas, classificando os seus relatórios financeiros de "imprecisos e não confiáveis".
A complementar, o Wall Street Journal publica uma notícia, assim titulada:
“O Administrador Financeiro do Deutsche Bank Enfrenta Pressões Após a Divulgação de Relatório Financeiro”.  
Confesso que, reflectindo sobre toda esta matéria, ocorre-me a habitual máxima usada na ‘área da saúde’: “quanto mais o doente sabe, mais sofre”.

Hotel de Luxo, o refúgio do ex-banqueiro Salgado



Já sei!, uma coisa é o banco, outra o grupo e outra ainda a família; apenas, nem a mim, nem ao Pedro Adão Silva, nem a muitos mais cidadãos, há uma alma disposta a explicar onde param os 900 milhões de euros que o amigo Granadeiro emprestou ao GES (Rioforte). Sim, onde está tanta massa?
No banco imagino que não estejam; a RIOFORTE não os tem; então e a família? Contactei vários membros do clã, todos me mandaram falar com o Dr. Ricardo Salgado. Tentei. Fui várias vezes ao seu novo escritório de presidiário no Hotel Palácio, no Estoril, mas acabei sempre repelido e tão desinformado como cheguei. Ainda fiz meia-dúzia de tentativas para o encontrar na ‘snob’ Pastelaria Garrett, ali próxima. Estavam lá as amiguinhas do Prof. Marcelo, umas mais jovens, outras cheias de varizes e sinais de artrite, mas o Salgado nem vê-lo.
O Ministério Público já anunciou estar a investigar o GES. Portanto, lá para o ano de 2026, com os processos prescritos, dir-se-ão umas coisas, sem significância nem sentido, e a justiça portuguesa cumprirá a histórica tradição de incomodar o menos possível a gente graúda.
Registo ainda que Ricardo Salgado, em louvável atitude de autoflagelação de um ex-banqueiro com a vida presumivelmente arrumada e de primos às avessas, optou por se exilar em luxuoso hotel, onde entre tarefas e telefonemas, medita de manhã e à tarde em dois devotados actos ascéticos – sim, como na Cartuxa em Évora. Certamente frequenta, quando pode, a primeira missa na Igreja dos Salesianos, do outro lado da alameda do casino. Já orou, comungou, confessou os pecados e pediu perdões em mil ocasiões. O pároco já nem o ouve.
Que triste a vida de um ex-banqueiro! Homem que, a despeito de perdas para uma família numerosa e histórica de pergaminhos, ainda descobre uns ‘dinheiritos’ para se aprisionar a si próprio em hotel muito luxuoso.
Porém, estas estórias não são contas do nosso rosário, mas da massa fiscal que nos sai dos bolsos. Enfim… isto é a vida dos privados, como teorizou o Coelho. Os prejuízos do 1.º semestre do BES, a divulgar na véspera da assembleia geral, estão estimados em 1.000 milhões de euros, prejudicarão outros accionistas, mesmo pequenos, eventualmente depositantes e o próprio Estado a nível de receitas fiscais.
O povo paga, salve-se a banca! O BES tem as contas seguras, assevera o Costa do BdP. As minhas, em contrapartida, mês a mês, estão presas por arames.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Dívida Pública na Europa – Portugal permanece no pódio (3.º lugar)

A fonte é o Eurostat e o ‘Público’ divulga a notícia de evolução do endividamento dos países da UE, destacando nomeadamente o seguinte:
O jornal também sublinha que, no final do 1.º T de 2014, a dívida atingiu 221 mil milhões de euros, ou seja, 132,9% do PIB ou mais 7 mil milhões do que no 4.º T de 2013, o trimestre precedente.
Com estes valores, depois da Grécia e Itália, continuamos a garantir o 3.º lugar do pódio dos países devedores da EU, ou seja, num universo de 28 nações, todas elas devedoras.
O insucesso da gestão das contas públicas, e em especial a renúncia à ideia de reestruturar ou renegociar a dívida continua a ser diabolizado pelo incompetente governo que nos desgoverna, no qual, no domínio da dívida do Estado, a amanuense Albuquerque é a figura mais obsessiva e irracional na resistência ao recurso à reestruturação ou renegociação com os credores.
O cenário económico é marcado por uma absoluta estagnação – o BdP anunciou um índice de produção industrial nulo (0,0) em Maio de 2014 – e o resultado das punções depressivas do GES ainda estão longe de se revelar na autêntica expressão que vão alcançar.
Dos lados do governo, seus acólitos e de alguns amigos na Zona Euro, ouvimos os elogios aos sucessos do programa da ‘troika’, PAEF. Contudo, a dívida continua a crescer. No IGCP, a um Rato fugido para o BES sucede uma Casalinho. Vai continuar a festejar-se semana sim, semana não, a ida aos mercados para acumular liquidez… e dívida.
Se a dívida dispara, os juros também implodem. O défice orçamental fica ameaçado e toca de carregar nas tintas da austeridade.
Os portugueses, por anos e recusa ridícula de uns quantos a acordos de reestruturação com os credores, tendem a sofrer por largo tempo os infortúnios de uma austeridade que, feito o balanço, serviu para salvar – e mal – a banca e dizimar parte substancial do frágil tecido económico, com o subsequente desemprego e expansão da emigração de jovens qualificados.
Se com Sócrates (94% do PIB de dívida pública em 2010) estávamos em bancarrota, a despeito da protecção de Draghi, vamos lá voltar e de forma mais dolorosa. O risco dos juros entrarem em alta tem probabilidade elevada, como adverte Hans-Werner Sinn, do Instituto de Pesquisa alemão, no suplemento de ‘Economia’ do ‘Expresso’ do último sábado.
Nessa altura, toda a rataria estará já foragida. Passos poderá voltar para as mãos do admirador Ângelo, a loura Albuquerque talvez vá para o FMI pela mão amiga do Vítor, Portas regressará AR e a restante tralha andará por aí, à moda do misericordioso Lopes. 

Helena Matos é a voz da hemeroteca do conflito em Gaza

São raros e curtos os momentos em que assisto a programas da Helena Matos na TV; sucede apenas por deslize de ‘zapping’ ou selecção de alguém do clã caseiro.
Notara há muito, todavia, que a Matos tinha um tom de voz e um linguajar especiais – a minha filha mais nova diz-me sempre que é ‘voz de tia’, desse género de mulheres de cabeça oca e de conversa frívola muito comuns na linha de Cascais, autoconvencidas do estatuto de gente de imensa cultura… imensa, imensa, imensa!
O Miguel Esteves Cardoso diria imediatamente tratar-se de voz de alforreca. Todavia, em respeito pela autoria do título deste texto da Matos, prefiro a alternativa de ‘voz da hemeroteca’.  
Helena Matos leu, soletrou até, e absorveu sete parágrafos de um artigo de Elias Choen, no ‘site’: http://www.libertaddigital.com/opinion/elias-cohen/los-muertos-palestinos-que-no-interesan-72997/ e tratou de pespegar esses parágrafos no ‘Blasfémias’ e ‘post’ feito… e fala de hemeroteca, ludibriando os leitores. Nem sequer de um único jornal se trata. Apenas de fragmentos de um artigo cujo autor de apelido (Choen) é certamente judeu, ou pelo menos pró-Israel, e anti palestiniano declarado. Basta ler.
A prepotência com que foi imposta aos palestinianos a retirada de territórios para criação do Estado de Israel em 1947, a guerra dos 6 dias e ocupação da faixa de Gaza para a expansiva construção de colonatos serão factos históricos irrelevantes?
Todos os conflitos na região, mesmo entre os radicais do Hamas e a moderada Al Fatah, emanam da ocupação da pátria palestiniana e da generalizada permissividade em relação aos desmandos dos poderes de Israel.
Usar o argumento da violência em confrontos entre palestinianos, os acontecimentos da Síria, a guerra no Líbano não é forma honesta da quem quer que seja, para branquear o ‘pogrom’ em curso na faixa de Gaza, com o assassinato de centenas de crianças, mulheres e homens e a destruição de bens. Tudo por ordem do facínora Netanyahu e sob a conivência do hipócrita Shimon Peres.
A violência, em qualquer circunstância, é dos mais reprováveis comportamentos humanos. Independentemente de quem o promova ou pratique. Que a Helena Matos não o entenda, é natural. Que Obama e outros líderes mundiais não actuem para sossegar Gaza e mandarem retirar os judeus é criminoso; ou por outra, continua a ser criminoso porque, entre o petróleo e a vida humana, outras paragens são as preferidas por tais líderes. E a Líbia como está? A ferro e fogo, mas recomenda-se silêncio.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Tecnoforma – empresa ou rede de esgotos?

Os cidadãos, mesmo os menos atentos, lembram-se da Tecnoforma, gerida por Passos Coelho e favorecida por diligências e pressões de Miguel Relvas. Em especial, da negociata da formação de trabalhadores municipais para funções em aeródromos locais – projecto avaliado em 1,2 milhões de euros. Tinha de, no final, ser forçosa a adjudicação à empresa de Coelho.
Relvas era, na ocasião, Secretário de Estado da Administração Local do governo de Barroso. Com a falta de pudor que lhe é reconhecida, propôs a Helena Roseta, então bastonária da Ordem dos Arquitectos, o assentimento para o patrocínio da formação referida, sob a condição de serem adjudicados em exclusivo à Tecnoforma as acções de tal formação.
Roseta denunciou o golpe na SIC Notícias. Relvas reagiu, ameaçando lançar um processo judicial contra a arquitecta por difamação. Até hoje, que se saiba, não concretizou a ameaça. É mais do que claro que Miguel Relvas estava despojado de razão e não há, por isso, notícias de que tenha acusado Roseta em tribunal.
Todos estes episódios burlescos, próprios de Relvas e do amigo hoje PM, provam à exaustão que Coelho não é propriamente um político impoluto. Ao invés, é perverso no favorecimento de amigos em negócios do Estado, no castigo severo dos cidadãos com impostos e os funcionários públicos, reformados e pensionistas através corte de subsídios de férias e de Natal e outras medidas ‘draconianas’ que conduziram a milhares de insolvências e correspondente multiplicação do desemprego para índices incalculáveis, tendo negado fazê-lo na campanha para as eleições de 2011.
Consistente com a mentira que cultiva compulsivamente, ou mesmo patologicamente, Passos Coelho acaba de adjudicar um contrato de 2,5 milhões de euros à Tecnoforma, ao que se deduz comandada na actualidade pelo amigo Fernando de Sousa.
Tudo isto é, no mínimo, opaco e abjecto. Salvo para o esclerosado Cavaco que, na longínqua Ásia, antes de receber do governo os diplomas de cortes salariais e da contribuição de sustentabilidade (esta eventualmente substituirá a CES aplicada a reformados e pensionistas), já garantiu publicamente a Coelho e seus pares o envio, a contento dos governantes, de tal legislação para o Tribunal Constitucional, para efeitos de fiscalização preventiva.
Os portugueses vivem sob permanente ameaça de uma espécie de “triângulo das Bermudas”: um governo sem seriedade, um presidente conivente com o governo e uma oposição incapaz de convencer o País da capacidade de o colocar em rumo de políticas social e economicamente justas, proclamando o desenvolvimento e a renúncia do Tratado Orçamental em que o Tozé também nos encalacrou.
Esperemos o que o futuro nos reserva, com dor e o resto de paciência que se está esvaindo. Através de ‘Teconoformas’ e outros esgotos onde apenas circulam detritos.



domingo, 20 de julho de 2014

Yé-Yé, revivalismo dos ‘sixties’

Para início de conversa, comecemos por Françoise Hardy. Ou melhor, pela canção ‘Tous les garçons et les filles”:




Uma mensagem romântica, de quem contempla a felicidade alheia, remetendo-se para o sujectivismo em contra a corrente com outros jovens afortunados, questionando ‘mes jours comme mes nuits / sont en tous points pareils /sans joies et pleins d'ennuis / oh! quand donc pour moi brillera le soleil? (os meus dias como as minhas noites / são em todos os pormenores parecidos / sem alegrias e cheias de mágoas / oh! Quando portanto brilhará o sol para mim?).
No saudoso ‘Teatro Monumental’ no Saldanha (Lisboa), destruído criminosamente para dar lugar a um cubo de vidro bronze e triste, que hoje me fere a alma e a memória, assisti ao ‘show’ da Françoise Hardy. No final da canção, eu e uma jovem Ausenda (“Zendinha”) beijámo-nos loucamente. Jamais nos reencontrámos. Os tempos e hábitos eram outros. O controlo dos pais, em especial sobre as raparigas, era permanente e duro. A repressão, uma carcaterística do regime, contaminava as regras da conduta familiar e da educação dos jovens; sobretudo, das jovens.
Nos tempos do ‘Yé-Yé’, no Monumental, assisti também a outros ‘shows’ de cantores franceses. Sylvie Vartan et Johnny Hallyday, primeiro casados e depois descasados. Também me entusiasmei ao som do ‘rock’n roll’ português dos ‘Sheiks’ (Paulo Carvalho, Chaby, Carlos Mendes, Tordo e Edmundo Silva), de Vítor Gomes e os ‘Gatos Negros’, assim como de outros de que me esqueci ou vagamente recordo (o duo ‘Os Conchas’).
Na desaparecida sala, também assisti à exibição de cantores clássicos. Aznavour e Bécaud, por exemplo. Era leitor assíduo da revista ‘Salut les Copains’ e a música francesa tinha, de facto, uma projecção internacional assinalável – as músicas de Serge Gainsbourg (compositor), France Galles, Claude François, Charles Anthony e outros estavam no auge.
Entretanto, irromperam os ‘Beatles’, os ‘Rolling Stones’ e outras vedetas anglo-saxónicas.  Os franceses foram vencidos e John Lennon com Paul McCartney tornaram-se meus ídolos. Porém, jamais esquecerei os intérpretes franceses, Edith Piaf à cabeça. “Non, je ne regrette rien”, canto para mim próprio.
De facto, como diz a canção de Françoise Hardy « j'aurai le coeur heureux sans peur du lendemain ». Infelizmente, os jovens de hoje não podem dizer o mesmo ; nem do tempo que passa como dos tempos do porvir. É o resultado das perspectivas de vida que os poderes instalados lhes reservaram.

sábado, 19 de julho de 2014

O Paulo Padrão (BES) deixou de comunicar

Chamem-lhe obsessão, capricho, cisma … o que quiserem! Nos círculos profissionais por onde me movimentei, conheci o perfil medonho de Ricardo Salgado e, em especial, os desmandos e comportamentos de promiscuidade política em que o ex-presidente do BES se notabilizou – ‘Até hoje 25 membros de Governo já tiveram ligações ao GES’ é elucidativo.
A figura de ‘Al Capone’ inspirou-me para dedicar a Salgado este ‘post’ a respeito da lesão dos interesses nacionais e estoutro sobre o esquecimento de obrigações de contribuinte e as três rectificações de declarações fiscais a que Salgado foi compelido, sob a complacência cúmplice do BdP. Ambos foram publicados em 5 de Fevereiro de 2013.  
Sem querer, tive razão antes do tempo. E mais: o que critiquei e divulguei é uma gota de água no oceano de intrujices que, a cada dia, vêm ao conhecimento do público. Além de escandaloso, e em qualquer país de justiça célere, objectiva e isenta em termos do estatuto dos cidadãos, o financiamento de 897 M de € pela PT ao GES colocaria em alto risco de punição criminosa qualquer Granadeiro, que, a pedido do amigo Salgado, usasse o dinheiro da ‘telefónica’ em manifesto prejuízo de outros accionistas e do interesse nacional – a fusão PT/OI ficará reduzida a uma participação da PT à volta de 25%, quando se esperava ficar próxima dos 39%.
Mas os destroços espalhados pelo BES não ficam por aqui. A CGD, o BCP e o Montepio Geral – sou mutualista – têm uma exposição ao GES/BES da ordem dos 800 milhões de euros. O sector financeiro, a despeito de 3 anos de ‘troika’, da “excelsa” supervisão do BdP, continua portador das mais perigosas bactérias da crise que atinge Portugal e demais países europeus.
Neste percurso das histórias, pessoalmente, tenho uma garantia: um tal Paulo Padrão, ‘ex-comunicador-mor’ do BES, foi afastado por Vítor Bento – já não será o Paulo do Bento.
No tempo de Salgado, de forma sub-reptícia e sinuosa, Paulo Padrão, director de comunicação do BES, agora afastado por Vítor Bento, soube o meu número de telemóvel. Falou-me em tom ameaçador com o objectivo de me conhecer pessoalmente. Certamente que os meus ‘posts’ foram incómodos para o seu ex-patrão Salgado e, zelosamente, desafiou-me para uma refrega. Desmascarado, graças também à ajuda de amigos do blogue ‘Aventar, o valentão recuou e calou-se.
Protegido pelo rubicundo Catroga, espero que aproveite o tempo para reflectir e aprender a comportar-se como um cidadão que saiba limpar as atitudes reles que o amparo de poderosos lhe permitia.
Certo, certo é que, sendo sportinguista e amigo de Ronaldo com quem estabeleceu contratos de publicidade de elevado custo para o BES, deixará de ter tais poderes, assim como a arrogância e a maldade que o próprio ‘Expresso’, em especial Nicolau Santos, denunciou.
Os poderosos e lacaios jamais me intimidaram e continuarei sem receios. Tenho meios para me defender.

Regresso à escrita

Estou de volta! Por quanto tempo? Ignoro. A minha vida é igual à de muita gente. Compromissos e obrigações, temperados por imprevistos de ordem familiar e profissional, condicionam os meus desejos e vontades, no uso do tempo; entre os quais se integra a escrita.
- Se te isolasses uma 'horinha' ao fim de semana, evitarias o silêncio completo do ‘Solos sem Ensaio’ – têm-me dito uns amigos. – É-me impossível – respondo.
Sinceramente, para escrever um ‘post’, tenho ritual. Selecciono o tema, alinho ideias e formulo opiniões. Em muitas das ocasiões, consulto literatura das áreas prevalecentes nos textos que redijo: economia, por vício profissional, e política, com maior incidência em matérias de justiça social, em especial a desigualdade crescente no seio das comunidades.
A concentração de riqueza e ganhos em parcelas ínfimas da população de cada país – caso também de Portugal - a explosão da pobreza, mesmo da miséria, do desemprego e da fome de crianças e adultos constituem fenómenos muito perturbadores, suscitando-me revolta. São os temas dominantes a que me dedico.
Declaro, uma vez mais, não estar vinculado a qualquer partido. Nem me nutro da utopia de uma sociedade completamente igualitária, sem classes. Todavia, creio firmemente ser possível destruir os batalhões de neoliberais no poder e a ideologia desumana que perfilham e aplicam com sádico prazer. Tenho crença, portanto, na exterminação da ganância do dinheiro por minorias e da teoria da sacralização dos mercados.
Estou de volta à escrita neste blogue, com os objectivos de sempre. Sem a veleidade de pertencer aos que, por talento, se exprimem com enorme imaginação e facilidade na arte da palavra escrita, continuarei acantonado neste refúgio sempre que os acontecimentos e condicionalismos da vida me permitam.
Saúdo os muitos que já constituíam um grupo de leitores assíduos do ‘Solos sem Ensaio’, penitenciando-me por tão longo silêncio. Que poderá voltar; quem sabe?