quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O programa PSD da Quarteira, o Pontal por uma noite

A Quarteira há tempos a esta parte goza o prazer de ser Pontal. O Pontal, esse fica lá longe, triste e despovoado. Atordoado pela perda do estatuto de local de sábios, uma espécie de liceu de Atenas para filósofos da Antiga Grécia – não citemos Sócrates, porque parte deles imaginam que estou a falar do ex-PM e ainda me dão uma surra se me encontram.
Marco António Costa, essa figurinha ridícula e cabotina, que é o homem-forte do PSD do ‘Grande Porto’ será dos oradores mais impressivos na vulgaridade:
- O PSD nasceu do povo e está com o povo – a malta, alguma quentinha, gosta, aplaude e grita, mesmo o funcionário público, o reformado ou o pensionista disposto até à fome a defender o “laranjal”.
O impulso está dado e virá o grande líder, Pedro Passos Coelho. Virá a sorrir ou de rosto carregado? Isso é irrelevante. O que interessa são as palavras:
- Provou-se que tínhamos razão em mandar, sim ordenar, o Presidente da República enviar a legislação de cortes de salários na f.p. e instituição definitiva da contribuição de sustentabilidade de reformados e pensionistas para a fiscalização preventiva pelo Tribunal Constitucional – um funcionário público grita “bravo!” e um grupo de reformados/pensionistas aplaude entusiasmado, enquanto Coelho prossegue:
 – Agora já sabemos ao que vamos – pausa para olhar a plateia e continua – os portugueses têm de pagar mais de impostos e défice, segundo as regras definidas por Berlim e Bruxelas, temos de respeitar a consolidação orçamental, com medidas de austeridade de outro tipo – terminou este trecho do discurso com um ar de asco que só poderia ser para os Juízes do Tribunal Constitucional.
De seguida, abordou o resultado do PIB no 2.º Trimestre:
 – Não é o que prendíamos, mas prova que os sacrifícios dos portugueses têm valido a pena e havemos de atingir – é o atinges, gozei intimamente – as nossas metas – respirou, bebeu um gole de água e mais entusiasmado prosseguiu – os portugueses estão dispostos a todos os sacrifícios, o Tribunal Constitucional é que não consente!
Nesta altura do discurso, o homem parecia exausto. A Teresa Leal Coelho, em mesa próxima do palanco, deu-lhe uma piscadela de olho e o sinal incentivou-o a continuar a falar ao bom povo “laranja”. Fez, então, um discurso a garantir que havemos de vencer e o futuro dos portugueses, com ele no poder, equivalerá ao paraíso:
 – A economia vai crescer e muito e se não acertei no prognóstico no ‘Pontal’ de 2012 para 2013, estou certo de que em 2015 o País vai crescer – calou-se para terminar e gritou:
- Viva o PSD! Viva Portugal!
Neste meu testemunho, o que mais me impressionou foi o entusiasmo, a loucura, com que alguns cabelos brancos e grisalhos, delas e deles, proclamavam aos berros:
- Viva o nosso querido Passos Coelho.
Um jornalista, ao meu lado, dizia, a cantarolar: - São os copos, ai, ai, são copos…

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