quinta-feira, 23 de maio de 2013

Gaspar, o vendedor de fantasias...e desvios

A partida dos investidores para Portugal
Fotografia obtida através de Jürgen Kitler (sim, com K)

Gaspar, excepto na fala que é pastosa, é  dinâmico, activo e prevenido. Corta o cabelo às 7:00 da manhã para evitar perdas de tempo. Usa um tipo de penteado semanal. Sim, só se penteia ao Domingo de manhã, não necessitando de mais pente nem escova no 'corte à inglesa curta' de 2.ª a Sábado. É pontual, embora penoso de ouvir - não há bela sem senão:
Ao estilo de feiticeiro infalível, excepto os desvios por culpa do 'Excel', asseverou:
Palavra de Gaspar é lei.
De súbito, da amada Alemanha do amigo Schäuble, mais concretamente de Hamburgo, um grupo de interessados investidores, nevoeiro adentro, fizeram-se imediato à estrada de bicicleta, a fim de chegar a Portugal dentro de 8 dias (30 de Maio) e no dia 1 de Junho, que é Sábado, se perfilarem às portas do AICEP, a fim de serem os primeiros de muitos investidores a ser atendidos. Mesmo sem saber as condições de apoio do GfW. Se o auxílio é alemão, é bom certamente! 
Ó Martim tem cuidado com a concorrência. Eles vão pagar o 'smn' mais 5 euros e tu ficas sem mão-de-obra, sem T-Shirts para comprar e vender. Vicissitudes da vida de empresário.


Dos paraísos fiscais aos báratros dos indigentes europeus

Talvez um dia o Martim, adolescente empresário das T-Shirts estampadas, venha a engrossar a lista dos clientes de um paraíso fiscal, quem sabe!? Decerto, os trabalhadores, a quem paga o ‘smn’ de 485,00 € mensais brutos, serão lançados em báratros de indigentes, sob os aplausos eufóricos de jovens sociopatas.
Este é um mero exemplo isolado de como funciona o retrocesso social ou as políticas anti-sociais, segundo os cânones e a ordem litúrgica do neoliberalismo; em especial, na Europa periférica que é a zona geográfica onde nos inserimos, em convívio com a dura crise do capitalismo desregulado.
Outra curiosidade: no universo dos ditos paraísos, integram-se Luxemburgo, Holanda, Chipre, Malta, Irlanda e Letónia, países da UE, assim como os protectorados de Andorra (França), Gibraltar (Reino Unido) e Aruba (Holanda) - 2-1 a favor dos imaculados monárquicos.
E Portugal? Os grandes empresários do PSI-20 têm, como sabe, o afago fiscal da paradisíaca Holanda. Todavia, há mais. Segundo o ‘Expresso’, a fraude e a evasão fiscal custam ao País 12 mil milhões de euros, em perdas de receitas pelo Estado. Mais 1,5 mil milhões do que o défice orçamental de 2012 (10,6 mil milhões de euros).
Ontem, em Bruxelas, tivemos uma minicimeira sobre ‘fraude e evasão fiscal’. Como é habitual, deixou tudo em “águas de bacalhau”, i.e., “tudo como dantes quartel-general em Abrantes” – atente-se nas declarações do caricato presidente, sem poderes, do Conselho Europeu, Rompuy. Caso houvesse coragem e determinação dos políticos, as acções atingiriam os multimilionários, embora subsistam  países relutantes a desbloquear o sigilo bancário. À semelhança do que sucede no seio do G-20, a prudência recomenda que se avance um passo e de seguida se recuem três, assim se pensa na UE.
Grande parte dos dados que a imprensa portuguesa hoje divulga foi colhida de estudo da Oxfam, ONG que integra 17 e não 13 organizações de vários países e foi fundada em 1942 em Oxford (Comité de Oxford de Combate à Fome) – uma pequena curiosidade: durante a II Guerra teve o mérito de convencer o governo britânico a permitir a remessa de alimentos às populações famintas da Grécia, então ocupada pelos nazis e submetida ao bloqueio naval dos aliados.
O relatório da Oxfam tem o título, traduzido para português, a seguir descrito:

Imposto sobre os bilhões de "privados" agora guardados em paraísos seria suficiente para acabar com a pobreza extrema do mundo duas vezes

Do texto, traduzo as declarações de Kevin Roussel, membro da organização:
Esmagados pela máquina de poder financeiro ilimitado, é imperioso lutar contra a Merkel, o Schäuble, o Gaspar, o Pedro, o Rajoy e todos os seus pares para que, da destruição objectiva dos paraísos fiscais, se reponha nesta Europa envelhecida e decadente a dignidade humana a que velhos e novos, independentemente da nacionalidade, da crença ou descrença religiosa, da profissão, da cor de pele, têm direito. De forma a livrá-los do abismo da pobreza e da miséria. Lutemos contra a propagação da indigência!
Continuemos o combate. Quanto ao Martim…cagarim!, cagarim!, como diria um brasileiro amigo.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Schäuble e Gaspar, em financeiro deleite


Há muito que Schäuble e Gaspar se converteram no par do mais intenso enlevo austero-financeiro da Zona Euro.
O ministro alemão cumpre os rituais de autoridade germanófila, tradicionais na história do seu povo em situação de domínio – claramente desde o século XIX, é a mais belicosa das comunidades nacionais europeias e sempre ambicionou ser potência dominante e subjugadora.
Gaspar, de ar de pedinte, comportou-se dentro do estigma da ‘nacional-humildade’ e da ‘obediência’ que é o estilo prevalecente do nosso governo perante a chanceler e o ministro das finanças da Alemanha.
O episódio noticiado poderia ser mais uma fórmula objectiva e realista para a reprodução de novo conto ‘Homem Rico, Homem Pobre’.
Submisso e com mil vénias, Gaspar alcançou o assentimento de Schäuble no sentido do Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW), banco público alemão, vir a apoiar PME portuguesas.
Primeiro, esclareça-se que, ao jeito de muitas outras reestruturações da sociedade alemã no pós-2.ª guerra, o KfW foi erigido com dinheiros do Plano Marshall, sob a designação, em português, de Instituto de Crédito de Reconstrução – o processo de alavancagem da Alemanha pós-1945 beneficiou de perdões de dívida, de limitações de juros, de gnerosos contributos dos países vencedores do conflito - a criação deste banco foi mais um resultado da ajuda ocidental.
Segundo, não é claro por que condições – critérios para a selecção dos beneficiários, estatuto de participações no capital, dividendos, taxas de juro e prazos de reembolso, por exemplo – se pactuará o apoio, criado pelo enlevo financeiro entre os dois governantes.
Terceiro, se o apoio em causa se transformar em instrumento de concorrência à banca nacional, esta que está debilitada, dito em surdina mas é a realidade, mais débil ficará.
Quarto, são muito poucas as PME que laboram a 100% em exclusivo para mercados externos, prevendo-se que o plano de ajuda esteja vocacionado para as PME exportadoras. Se a austeridade, o investimento e a procura interna continuarem a degradar-se ao ritmo da recessão que nos tem atingido pesadamente, sucederá com os prometidos fundos do KfW o que banqueiros nacionais têm alegado acerca do financiamento às PME: não financiam muito, pura e simplesmente porque não existem projectos suficientes e credíveis.
Quinto e último ponto. No fim - daqui a alguns meses ver-se-á - este acordo Schäuble-Gaspar ou será sonho quimérico ou funcionará insipidamente. Há um objectivo que o mesmo já serviu: o reforço do servil Gaspar junto do poderoso ministro das finanças alemão, com vista a progressos carreiristas a curto ou médio prazo – já se diz que o fulano integrará o BCE… se este e o euro perdurarem, claro.  
(Adenda: Schäuble ignora e perdoa os constantes erros das folhas de 'Excel' de Gaspar).

Passos dos conselhos paternos desdenhados

Os desabafos à imprensa do Dr. António Passos Coelho, pai do PM, são pungentes. Compreendo-o, embora com dissonâncias. O filho não o quis ouvir. Sofre, pois, pelas incapacidades e dificuldades dele, na governação do País. Todavia, vive a conjuntura apenas no âmbito da família. Ao que se percebe, firmemente desejosa da comemoração efusiva da cessação de funções governativas do Pedro – será o regresso tranquilo ao lar e ao emprego bem remunerado que um amigo, talvez Correia ou de apelido diferente, lhe assegurará.
Com o devido respeito, por quem tem 87 anos de idade, é necessário lembrar o Dr. António de que o filho, por desmedida ambição e impreparação, tornou ainda mais pungente a vida de mais de três milhões de portugueses – os desempregados, os trabalhadores precários, os funcionários públicos, os reformados e pensionistas espoliados através da eliminação de subsídios de férias e da taxa de ‘Contribuição Extraordinária de Solidariedade’; tudo isto a par de outros desmandos fiscais e legal-laborais com que o governo, às ordens do filho Coelho, tem fustigado brutalmente os portugueses. Não poucos até à miséria.
Talvez, como sucede a muito boa gente, o pai Coelho nunca tenha conhecido o suficiente do carácter do filho Coelho, em aspectos que escapam a muitos pais: a desmedida ambição de conseguir o poder, as companhias políticas pouco recomendáveis com quem emparceirou; a falta de preparação profissional e científica para domar o fanático ministro Gaspar – entre membros da mesma confraria, neoliberal, e sobretudo em momentos de exercício de poder, os laços apertam-se, com o mais forte a escolher caminhos para levar pela mão o frágil. Para cúmulo, sendo este último arrogante e ignorante das limitações que o condicionam.
Com tantas deficiências, nunca sequer percebeu a grave situação que o País atravessa há anos, suscitada por causas endógenas desde Cavaco Silva (Ernâni Lopes foi, de facto, o último dos competentes a dirigir as finanças públicas), causas essas a que acrescem o trágico erro da criação e nossa adesão à Zona Euro, sem regras de enquadramento económico, fiscal e orçamental para os países constituintes. A Passos Coelho, PM, apenas interessou o poder pelo poder. Por capricho e vaidade. Obedeceu a Merkel e Gaspar, eis o que conseguiu.
Oxalá Dr. António Passos Coelho festeje rapidamente em família o regresso do “filho pródigo, ambicioso insano e, ao que diz, arrependido” e que venha alguém que saiba cuidar dos portugueses velhos e novos, dotado de forte personalidade e de capacidade para transformar a desumana política de austeridade de que o seu estimado filho é fidelíssimo e cruel impulsionador.
 
Oxalá, repito, festeje em breve e alegre o regresso do Pedro. Em muitos outros lares, com água, vinho baratinho e refrigerantes de marca própria, estou certo, também se comemorará com euforia não o regresso, mas a partida dele e da companhia inteira – espécie de retirada do ‘circo maldito’, celebrada efusivamente pelo povo da aldeia, cansado de pesados feitiços.

terça-feira, 21 de maio de 2013

O candidato Albreu Almorim


Há quem tenha azar ao jogo ou às mulheres. O Albreu Almorim também é perseguido pela má-sorte em diversas frentes. Deixemos a argolada 'Gaspar' e foquemo-nos na imagem da truculenta figura.
Tempos atrás, não muito distantes, usava uns óculos de densa massa preta que faziam lembrar o chefe de repartição da Conservatória do Registo Civil dos anos 50. Agora, a imagem da campanha de Albreu Almorim para Alcaide de Gaia é reforçada por um cartaz, onde se lê:
GAIA NÃO PODE PARAR
CARLOS ABREU AMOR
A seguir a 'AMOR', é exibida a robusta e artificial expressão facial do Dom Albreu Almorim, de braço hirto e mão aberta, sinal de quem diz: "Dá cá mais cinco, ó amiga apoiante" - Dom Almorim é, em geral, tímido com as mulheres e respeitoso com os chefes, como demonstrou com o ex-ministro Relvas e outros dessa envergadura.
Julga-se audacioso na política - episódio da demissão de Gaspar - e talentoso no humor; neste ultimo caso, em especial quando usa o 'twitter'. Na euforia do triunfo do campeonato do F.C. Porto - coisa que não me afecta como sócio e adepto do Belenenses - o vice-presidente da bancada do PSD, principal partido do governo, não é de meias medidas e dispara:
Magrebinos: curvem-se perante a Glória do Grande Dragão!
Depois, pediu desculpa, segundo diz a comunicação social. Mas dirigiu o pedido de desculpa aos cidadãos dos países do Grande Magreb, Marrocos, Tunísia, Sahara Ocidental, Argélia, Mauritânia e Líbia, com quem Portugal tem relações diplomáticas? Ou aos 'mouros' de Lisboa e arredores? Julgo que o pedido se destinou a estes, com a justificação de se ter tratado de uma brincadeira.
O principal desta história, e a comunicação social passa ao lado do essencial, é haver representações diplomáticas dos países magrebinos em Portugal, e sendo Dom Abreu Almorim destacado político tem responsabilidades acrescidas sobre os actos que comete e frases que profere. Não sei se ele se apercebeu que usou 'magrebinos' em tom depreciativo e humilhante, o que demonstra que é nessa conta que os tem.
Mas o que se poderia esperar de tal candidato a Alcaide de Gaia? Que tropece e 'gaia', dia sim dia não.







sábado, 18 de maio de 2013

Vivam los 'colchoneros'

Ronaldo e toda a equipa oraram e benzeram-se nos balneários. Mourinho e a equipa técnica do Real à parte, cumpriram a liturgia da confissão dos pecados ao arcebispo de Madrid, D. António Maria Rouco Varela, bem como rogaram a clemência e ajuda divinas para a conquista, com esforço de cruzados, da 'Copa del Rey'. O adversário foi o Atlético de Madrid, popularmente apelidados de 'colchoneros', devido ao listado vermelho-branco das camisolas - 2-1 bastou.
Afinal, terminaram como Jesus, em profundo sofrimento e de joelhos. Os 90 e tal minutos de jogo passaram a ser dramáticos para alguns fidelíssimos da crença católica, apostólica e romana - apenas Pinto da Costa está salvaguardado através de um pacto secreto com a Senhora de Fátima, cuja imagem nunca lhe sai do bolso e é beijada, por si, múltiplas vezes durante os 90 e tal minutos com respeito e santa paixão. Muita paixão!, de certeza reforçada com a sagrada benção do agora Cardeal-Patriarca Clemente.
Um dia, em futuro de que estaremos ausentes, aqueles que por cá andarem terão o divino privilégio de conhecer a revelação do fenómeno que nem a 'Teologia Futebolística', hoje, sabe explicar. O Papa da ocasião desvendará o mistério dos sucessos  e não sei quantos camionetas levarão uma multidão a Fátima para agradecer o auxílio divino aos então antanhos campeões portistas e presidente. Pinto da Costa, na altura, será certamente beatificado - poderá ser o Beato Costa dos Clérigos, imagino eu.
O desencanto dos 'lampiões', por obra e graça do divino Espírito Santo, também será acolhido com complacência pela Santa Madre Igreja. E, nessa domingueira manhã em que o Vaticano ficará de espaço esgotado por perdedores aos 90 e picos minutos de jogo, erguer-se-á bem alto a imagem de Jesus, Vieira, Mourinho e Florentino Peres, em novo acto de beatificação que, mil vez retractado, os 'Platinis' do futuro emoldurarão para decoração solene e santa da sede da UEFA, em Zurique - ou será na sede 'Opus Dei' em Madrid? Sim porque o futebol é negócio e dos grandes! A beatificação e a "milionarização" do pontapé na bola sempre se harmonizarão espiritual e fisicamente.
Com toda esta conversa, esquecemo-nos dos menores, dos de peso reduzido para quem inevitavelmente me inclino. É em seu louvor, neste caso dos 'colchoneros', que vivi a alegria e o prazer de ridicularizar Mourinho & associados. O 'Zé' de Setúbal regressou antes de tempo ao local de onde tinha saído para a arena, por ordem do árbitro. Graças aos 'colchoneros', que lhe puseram a cabeça em parafuso. Coisa fácil, reconheça-se.
Viva o Atlético de Madrid, ao menos por um dia em que foi vencedor da 2.ª competição do futebol espanhol, sendo o mais fraco dos fortes. 

quinta-feira, 16 de maio de 2013

A Lever Portuguesa - o final da indústria de detergentes portuguesa

O título 'Dona do Skip deixa de produzir detergentes em Portugal' é simplesmente redutor, por motivos diversos:
  1. A dona do 'Skip' - até dá à sensação que se poderia chamar D. Alzira ou D. Aldegundes - é igualmente dona do 'Cif', do 'Comfort', do 'Sun', do 'Surf', do 'Axe', do 'Dove', do 'Linic', do ' Lux', do 'Rexona', do 'Vasenol', estes no domínio dos cuidados de casa e de higiene pessoal.
  2. A dona do 'Skip' denomina-se Indústrias Lever Portuguesa S.A., resultando de uma associação de há décadas entre a Unilever e o grupo Jerónimo Martins.
  3. Com o encerramento da fábrica de Sacavém, encerra-se o ciclo de vida dos grandes produtores de produtos de limpeza e de higiene pessoal em Portugal, formado justamente pela Lever e por outras  empresas de capitais nacionais, Sonadel/Uniclar (participadas pelo grupo Quimigal, pela SNS e fabricantes do 'Xau', do 'Juá', do 'Super-Pop', da 'Javisol', do sabonete 'Feno de Portugal') e da SNS - Sociedade Nacional de Sabões Lda. (produtora do 'Sonasol').
Desde os tempos de governação de Cavaco Silva - o infatigável lutador pelos investimentos em 'bens transaccionáveis' - o PIB português sofreu considerável redução, através do desmantelamento de uma indústria que empregava centenas de engenheiros e trabalhadores especializados em 'química fina' no País. Ficámos reduzidos a dois dedos de fábricas de dimensão limitada, salientando-se, talvez, a Jodel, especializada na produção de marcas próprias para a distribuição moderna.    
Citei Cavaco Silva com o propósito de lembrar que foi sob o comando do seu governo que António Carrapatoso na Quimigal, às ordens de Mira Amaral, forçou e realizou a venda da Sonadel/Uniclar à Colgate da participação maioritária de 58% de capital. Os minoritários SNS e Macedo & Coelho tiveram de acompanhar a operação até aos 100%.
Apenas a título de curiosidade, refiro que, por mera coincidência, na altura, o filho de Cavaco entrou para os quadros da Colgate. Mais tarde saiu, segundo sei. Coincidências.
O aspecto penoso desta história é Portugal hoje importar parte substancial dos produtos de limpeza e de higiene que consome, em contradição com o que sucedia há três décadas. 
Em alguns anos da década de 1980, o País efectuou exportações de mais de 5.000 toneladas anuais de detergentes - marcas próprias das cadeias 'Tesco', 'Safeway' e 'Boots' no Reino Unido eram abastecidas pela Sonadel que igualmente fornecia milhares de toneladas à argelina SNIC.
Este exemplo de alienação de produções estratégicas e de centros de decisão a estrangeiros, como se comprova, resultam sempre em desindustrialização, aumento do desemprego, acréscimo das importações e outros danos causados à Economia do País. Seria útil que o bancário Gaspar, ígnaro em termos de economia industrial, tomasse disso consciência.
(Para evitar alongar ainda mais este 'post', não me referi intencionalmente ao sector das indústrias alimentares da Lever Portuguesa. Também nesse indústria, há histórias amargas para narrar).

A farsa de políticos alemães contra a austeridade

Manifestação contra a austeridade em Lisboa
Confesso a minha perplexidade em relação a este título do 'Público': 
A Alemanha junta-se ao coro de críticas contra a austeridade das troikas 
 
Independentemente das 'troikas', das responsabilidades da Comissão Europeia - e sou assumido adversário de Barroso, a quem estão a fazer a cama - seria bom esclarecer quem são estes alemães, a que o 'Público' se refere. Não devem ser militantes da CDU, partido da Sra. Merkel e do Sr. Schäuble. Ambos tem insistido na inclemência de aprofundar as medidas de austeridade contra os povos do Sul - ainda em Novembro passado, a chancelerina pedia mais cinco anos de austeridade e esforços e há poucos dias incitava ao aumento do grau de austeridade imposta a gregos e cipriotas.
De facto, cria-me muita estranheza a indignação de significativo número de políticos alemães contra a austeridade, a ponto da atitude merecer destaques jornalísticos. Quem são eles? O que tencionam fazer para inverter o caminho que está a conduzir milhões de europeus ao desemprego, à pobreza e mesmo à miséria? Uma desconstrução do Estado Social e dos direitos de cidadania que não se imaginaria possível na Europa do Século XXI.
Este tipo de notícias, como outras, fedem, e de que maneira!, a grande farsa.
A propósito, ocorre-me citar o que Rebello Castro escreveu há tempos no 'Brasil Económico'
Na procura por um gênero teatral que melhor expressasse o que passa nos mercados e na política europeia neste momento, a "farsa" - misto de comédia e crítica social dos comportamentos desviantes - me pareceu o tipo de representação mais plausível de uma realidade ao mesmo tempo apavorante e burlesca.
Vivemos, de facto, um tempo em que influentes políticos europeus se dedicam a um tipo de representação teatral, a farsa, que apavora e é pérfida. E muito, muito, muito desumana, obviamente.
 
 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Aníbal e Maria suplicam à Senhora d'Agonia

Com o País agonizante, os devotos Aníbal e Maria foram de visita ao Minho. O programa inclui uma jornada de peregrinação ascética, de suplicas e preces à Senhora d'Agonia. O 'pós-troika' será abençoado.  

O PIB caiu 3,9% no 1.º T, mas o importante é o pós-troika

A Economia Portuguesa - de resto, em sintonia com grande parte da Europa - caiu 3,9%, no 1.º T deste ano. O INE pormenoriza que o maior contributo para o agravamento (- 3,6% no 4.º T de 2012) provém da queda do investimento (Formação Bruta de Capital Fixo).
A única variável a registar aumento foi a Procura Externa. Trata-se de um resultado embusteiro, uma vez que é fruto da relatividade dos números e, sobretudo, facilitado pela queda mais intensa das Importação de Bens e Serviços.    
Não venha a troika, o governo e até o caquéctico Cavaco apregoar loas e mostrar-se eufóricos com a melhoria do Défice Externo, proporcionada, como é evidente, com a deterioração do padrão de vida dos portugueses. À menor procura interna está associada  a diminuição do consumo privado, e naturalmente de bens e serviços importados.
Todavia, com este cenário negro pela frente, o 'Xexé' de Belém entende que é estratégico convocar o Conselho de Estado para discutir 'o pós-troika', porque a destruição do País e das condições de vida de milhões de portugueses, em curso, é coisa de somenos.
Que gente reles nos tocou pela porta! 

terça-feira, 14 de maio de 2013

Cavaco inpirado em Pessoa: "divirjam mas em sigilo'


 


Cavaco, inspirado em Fernando Pessoa (Álvaro de Campos), à saída de sessão de  celebração de descoberta fármaco-científica, concebeu e exprimiu pensamento laboratorial na milagrosa incubadora com que a Nossa Senhora de Fátima o sacralizou - e à sua Maria - para a vida.
O PR não resistiu e lançou o aviso à coligação PSD-CDS:
 
 
Portanto, Passos e Portas, já sabem podem ser ou estar divergentes, mas guardem as diferenças no 'dossier' do governo em que se arquivam os diferendos da política exercida por dois garotos. É má educação exibi-las em público, como, de resto, têm feito, diz o vosso chefe supremo.

Os assassinos mundiais da produção de vestuário

A tragédia do Bangladesh é inequívoca demonstração de que, no actual capitalismo selvagem, os crimes contra humanidade são cometidos por empregadores sobre gente miserável. Sem exclusão de qualquer sector. Beneficiam da conivente passividade da OIT - Organização Internacional do Trabalho e dessa central do comércio internacional iníquo para os países mais pobres, designada OMC - Organização Mundial de Comércio.
Antes da tragédia física que ceifou mais de um milhar de vidas em Daca, milhões de trabalhadores do Bangladesh viviam e vivem na miséria, que é igualmente trágica, ao serem pagos a 29 euros mensais - agora os grandes assassinos mundiais da indústria têxtil propõem-se promover a melhoria de salários para 78 euros mensais e das condições de trabalho.
O 'The New York Times', neste artigo, faz a decomposição histórica da indústria das 'T-Shirts'. O artigo é antecipado pelas seguintes interrogações na primeira página:
A tragédia do último mês na fábrica poderá custar ao país milhões de empregos. Ou pode justamente fazer aumentar o preço de uma 'T-Shirt'? 
Ignoro se uma ou questão têm resposta única e certa. Ou se existem uma pilha de outras perguntas e respostas que obrigatoriamente desembocassem na imposição de regulação exigente e punitiva à espanhola INDITEX (Zara, Pull & Bear, Massimo Dutti, Bershka, Stradivarius, Oysho, Zara Home y Uterqüe), à sueca H&M, à C&A e outras, a funcionar no desumano modelo do capitalismo apátrida e global, a ser deliberadamente encerradas em qualquer lugar do mundo, do Bangladesh à China 'neocomunista', territórios eleitos para neo-esclavagismo.
A terminar uma pequena nota: Ortega, dono da INDITEX, é o 3.º homem mais rico do mundo. É descrito como homem discreto, que evita a imprensa e comportamento misterioso. Coincidentemente este sempre foi o tipo de vida próprio do mafioso. O mafioso a sério, que mata, enriquece e permanece impune.
 
 

 

domingo, 12 de maio de 2013

Um bom artigo de Vasco Pulido Valente

A maioria das vezes estou em desacordo com Vasco Pulido Valente. Já o manifestei de forma activa e, em alguns casos, sem a mínima cordialidade. Antes pelo contrário.
Contudo, discutida ou combatida a opinião sobre um tema, não tenho a menor relutância de, por caminho oposto, elogiar quem exprime pensamentos certos. Nestes casos, a minha concordância reflectem, acima de tudo a preocupação pela situação grave a que Portugal chegou, constituindo uma espécie de patologia política, económica e social progressiva de fim é invisível, muito para lá do sórdido horizonte com que temos pela frente.
Ler aqui o artigo de VPV, "Uma nova era".