quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A decadência do Sporting ou do futebol português?

Há década e meia, ou mais,  que retenho na memória uma entrevista de Maló, guarda-redes da Académica dos anos 60, depois Professor Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Dizia ele, então:
“Faço parte dos 800.000 portugueses que deixaram de ir ao futebol”.
Na altura por iniciativa da FPF, da Liga de Futebol, ou duma dessas coisas, havia sido publicado um estudo a evidenciar a queda do número de espectadores de futebol; grupo em que eu e pelos vistos Maló nos integrávamos.
A despeito de minorias de dirigentes poucos escrupulosos, e árbitros transgressores de regras da ética e da honestidade, o passado, nos anos 60, assentava, sobretudo, em paixões e dedicações clubistas. O paradigma do tempo ficou registado na história. Chamem-lhe ‘período romântico’ ou usem outra classificação pejorativa; todavia, nunca conseguirão negar a pureza, de então, face aos dislates  e assalto de abutres que, posteriormente, se projectaram na vida à custa do ‘pontapé no esférico’ – sem vestir camisolas, nem calções ou calçarem chuteiras.
Concentrando-me, de facto, no futebol português,  o ambiente foi infectado e a contaminação é vasta; nomeadamente, através de dirigentes de clubes pagos com centenas de milhares ou mesmo mais de um milhão de euros anuais (ver contas das SAD’s do F.C.Porto e Benfica, por exemplo). A estes, há a acrescentar esse outro bando de aves de rapina, os empresários.
Com estes privilegiados, e os respectivos batalhões de jovens alucinados, com ou sem álcool ou drogas, em jogos, em assembleias-gerais; ou ainda por influência de declarações inflamadas dos cabotinos que, à 2.ª feira, polvilham as estações televisivas, à roda do futebol passou a respirar-se o fedorento ar de matéria orgânica em decomposição acelerada, temperada de promiscuidades em que os políticos são coniventes.
Costumo dizer que, actualmente, o futebol português tem dois “grandes” (Porto e Benfica) e meio (Sporting), a que se seguem uma longa fila de palhaços ‘faz-tudo’ que, neste circo, vai entretendo a malta, nos interlúdios da vida dura. De volta e meia, lá vem um ‘faz-tudo’ que sai da casca – nos últimos anos tem sido o Braga, mas, como o Boavista de há anos, são figuras pré-destinadas a assomos de rápida erosão.
O futebol português transformou-se, pois, neste acervo de ordinária sucata. A agressão ao Dr. Daniel Sampaio não é problema exclusivo do Sporting; como, há anos, a moeda atirada a Torres Couto à entrada ou saída de assembleia do Benfica não o foi em relação ao clube da Luz.
O processo degenerativo e de decadência  atinge a  organização do futebol como um todo. Há muito. Excede o âmbito do Sporting ou de qualquer outro clube, refugiando-se em coito em que energúmenos fecundam e se reproduzem.
(Obs.: não sou simpatizante, adepto entusiasta ou associado de qualquer dos “dois grandes e meio”)
  

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A unanimidade da ‘troika’ em causa

A austeridade, severa e desumana para muitos europeus, pode afinal converter-se em ‘bomba’ no seio da estrutura que a confeccionou, a designada ‘troika’ do FMI-CE-BCE.
As falhas e a falta de certeza quanto ao efeito efectivo dos ‘multiplicadores’ são fragilidades em técnicos, idênticos a Vítor Gaspar, a António Borges, e mesmo ao jovem Moedas – a Galvão nisto não mete o bedelho, dada a impossibilidade de censurar o que foi publicado pelo jornal alemão, ‘Frankfurter Rundschau’.
Retirámos do ‘site’ Presseurop o título e o texto da notícia:
 
“Austeridade já não recolhe a unanimidade dentro da troika
 
“A Europa vai fazer cortes até morrer?” A questão levantada pelo Frankfurter Rundschau provoca desentendimentos dentro da troika de fundos de resgate internacionais (UE-BCE-FMI) e provoca verdadeiras batalhas de pareceres e contra pareceres entre a Comissão Europeia e os economistas do Fundo Monetário Internacional.
O centro da disputa, explica o Rundschau, é o “multiplicador”, esse número que indica até que ponto uma política de austeridade pesa na economia de um país. Se uma redução de despesa pública de 1 euro provoca a diminuição do PIB em 1 euro, o multiplicador é, então, estimado em 1. Mas se é de 2, os cortes orçamentais asfixiam a economia e provocam um aumento do défice, porque diminuem as receitas fiscais; se é de 0,5, tem pouca influência na saúde económica e a austeridade é uma boa solução para o Estado.
O problema é que dois economistas do FMI descobriram que os pareceres feitos sobre os países europeus em crise subestimaram constantemente o famoso multiplicador, sobretudo no caso da Grécia.
A Comissão Europeia respondeu imediatamente com um contra parecer segundo o qual economizar é bom.

Poderá ser restabelecida a paz dentro da troika? Para isso é preciso esperar pelo fim da atual recessão para que os números reentrem na ordem, escreve o Rundschau.
Restará depois aos políticos escolherem a teoria que lhes convém.
Que a austeridade caia em cheio e divida, com o divisor exacto, a ‘troika’ em pedaços!




O governo vai substituir os ajudantes

ajudante
A original, e agora histórica, classificação é de autoria de Aníbal Cavaco Silva, quando 1.º Ministro.
‘Ajudante’ foi a denominação com que etiquetou os ‘secretários de estado’.
Passos, que não desperdiça ocasiões de ser original com a originalidade de outros, ao que a comunicação social anuncia, está na eminência de providenciar uma remodelação governamental que afastará alguns secretários de Estado – sempre é mais fácil despedir ajudantes.
Dois já se foram. O Viegas e o Júlio. Agora, o grupo de ajudantes a demitir, diz-se, é mais vasto. Todavia, estou decidido a apostar que o Guedes e o Moedas permanecerão.
O primeiro, sabido e veterano, é quem transporta, às costas e na verve, as decisões do Conselho de Ministro; dá uma ajuda à Cristas, outra ao Álvaro e deixa o Relvas falar de cátedra.
O engenheiro Moedas é um dos braços-armados da ‘troika’, o que alivia o trabalho de Gaspar. Se Moedas estiver atrapalhado em censurar o dito e discutido em debate de luminárias figuras, a Galvão ripa do lápis azul e ordena que ninguém filme, ninguém faça reportagem, ninguém informe o ‘Zé Povo’. Toma lá que é democrático!
O irónico é Passos remodelar ajudantes e teimar em conservar os ajudados, segundo se depreende das notícias.
Está “visto e ouvisto” que Relvas, talentoso nos embustes e em privatizações, está de pedra e cal no governo. É demasiada relva para o estreito estômago de um coelho.
Ah!, e o Mestre, ajudante da juventude? Em ano e meio, já tirou mais de uma centena de milhar de jovens da zona de conforto. Mas, há muitos mais a debandar e o trabalho do zeloso ajudante ainda não findou.
Quando um ajudante é promovido a chefe supremo, o que é que se poderia esperar?

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Com Avelino, o progresso regressa ao Marco

ídolo
Avelino, o génio
Marco de Canaveses é terra de gente célebre. Nasceram ali Cármen Miranda e Belmiro de Azevedo. Ela distinguiu-se a cantar e a sambar, em terras tropicais Ele, de telemóveis a arroz e bacalhau, serve milhares de lares portugueses.
Cármen tranformou-se em ídolo do Brasil:  “O que é que a baiana tem?”, cantava, enroupada com saias com corte de Candomblé, cingidas à cintura, e de blusa avara a suster o generoso peito – para Marco de Canaveses nem um simples verso.
Belmiro, a despeito de distanciamento, fez questão de demonstrar aos conterrâneos a imagem de homem de sucesso de negócios:  do telefone, da roupa, da Aspirina, da pizza, do arroz, da batata e do grelo, e não sei de que mais.  Belmiro está em diversas frentes. Sem ser visita frequente, ainda assim sempre superou a cantante, oferecendo a Marco de Canavezes um ‘Centro Comercial Continente’. Onde há oportunidade de negócio, ele aí está…
A ironia, porém, é a realidade do homem mais dedicado a Marco de Canavezes ter sido e ser um amarantino de pura cepa. Popularizou a terra nos noticiários das TV’s, ao pontapé e aos gritos, num campo de futebol; foi participante famoso do ‘big brother’ do ‘jet set’ e acabou derrotado na candidatura ao município da sua terra, Amarante.
Agora, para contrariar o ambiente deprimido do País e alegrar as gentes de Marco Canavezes, Avelino Ferreira Torres resolveu voltar a candidatar-se à presidência da Câmara Municipal.
É caso para dizer que um homem genial e o progresso estão de regresso ao Marco. É com esta gente que Portugal progride, tem ganhos de produtividade e se torna uma potência em competitividade. Não é Dr. Paulo Portas?

O logro do sucesso do défice externo

quedaDo impreparado PM Coelho, ao insípido e incapaz Álvaro, em uníssono com vozes de comentadores favoráveis ao governo, a tese do sucesso do défice externo é vendido como êxito, a torto e a direito, nos meios de comunicação social.
A propaganda pretende fazer passar a ideia de que a causa assenta, sobretudo, no aumento das exportações. Trata-se de um rotundo logro. O objectivo é iludir a opinião pública.
Já anteriormente escrevi aqui e repito: a maior parcela da quebra do défice comercial externo é proveniente de uma acentuada redução das importações. Augusto Mateus acaba de quantificar a queda no consumo desde 2008: – 12,3%.
A redução do consumo privado deriva da eliminação do poder de compra e do empobrecimento impostos, de forma brutal, aos portugueses, pelas receitas da ‘troika’ e conivência dos partidos signatários do ‘memorando de entendimento’.
Do Boletim Económico do BdP de 15 de Janeiro, há a reter a informação seguinte:
  • O consumo privado (- 5,5%)  e as importações (-6,9%) caíram em 2012.
  • Em 2013, estão previstas reduções de –3,6% e –3,4%, respectivamente.
Nem refiro o consumo publico e o investimento (FBCF) igualmente com acentuadas quedas.
O que este governo pretende vender como sucesso é, sem tirar nem pôr, a destruição da classe média e impelir para níveis mais dramáticos de miséria os pobres que já superam os 2 milhões de portugueses.
O sucesso é estamparmo-nos à grande, segundo a metafórica imagem.
  

Afundamos o Estado Social, aguentamos a Banca

Conferência na Fundação Gulbenkian_28 a 30_01_2013Bem “ouvistas as coisas”, como diria o ministro Relvas – ainda, imagine-se! – notícias, discussões, prelecções ou debates  sobre o Estado Social e a Banca tem um denominador comum: o dinheiro.
Esta conferência decorre na Fundação Gulbenkian. O tema é de longa enunciação, mas traduzido para inglês, ao contrário do que, em sentido inverso, sucede com memorandos e comunicados do FMI.
Na exposição de abertura, Carlos Costa, governador do BdP, foi temperado no estilo e no conteúdo do discurso. Defendeu que a mudança de paradigma de Portugal exige “tempo, métodos e recursos” – não sei se se apercebeu de que contrariou o FMI e a ‘troika’, exigentes de tempo breve, métodos brutais e elevados recursos de remuneração pela “ajuda”.
Independentemente de outros interventores, mais ou menos inflamados, e segundo é perceptível para quem leu os documentos do FMI, depressa ou devagar, o que está em causa é o financiamento do Estado Social – na Saúde, no Ensino e na Justiça – tem que ser drasticamente diminuído. Serão necessários 4 mil milhões, diz o Gaspar; mas, como o erro é um vício que ele não deixa, o corte poderá ser ainda maior.
O ‘Jornal de Negócios’, por sua vez anuncia assim o sucesso do banco do homem do “à aguenta, aguenta…”:
“Ganhos com dívida portuguesa terão levado BPI a atingir lucros 233 milhões em 2012”
Os cidadãos portugueses, contribuintes, sofrem reduções de serviços sociais básicos, porque o Estado já está e intensificará o corte dos fluxos financeiros. Por sua vez, esses mesmos cidadãos pagam, e de que maneira, a recapitalização da banca que, financiando-se a 0,75% junto BCE, ganha balúrdios com os empréstimos ao Estado.
Que resposta merece esta pouca vergonha? 

sábado, 26 de janeiro de 2013

Falemos de feiticeiras e feitiços

Há dias, recebi uma carta de um amigo com o seguinte texto:

“Caro Carlos,
Tenho sabido pelo Almeida que contigo e família tudo está bem. Portanto, vou directo ao assunto que me levou a escrever-te.
No prédio ao lado do meu, tenho uma feiticeira, vidente ou simplesmente ‘bruxa’ para aqueles que, como eu, não acreditam em premonições de tais especialistas da adivinhação. Sei que, distintamente da mediática profetisa, não se chama Maia, nem lança cartas do ‘tarot’.
Em conivência com o porteiro da ‘bruxa’, baptizamo-la de Maria. Mais que não seja ficou com um ‘r’ de vantagem relação à vedeta televisiva, beneficiária das tecnologias de telecomunicação e que vale a este povo de crendices, do Minho ao Algarve.
A minha vizinha feiticeira, ao que diz o porteiro, não se perde. - De manhã à noite tem um corrupio de clientes. - Parte significativa - diz ele - são figuras conhecidas: actrizes e actores de telenovelas, treinadores e jogadores de futebol e até políticos. – E acrescenta - Outra gente, menos conhecida, é também clientela fina; tem aspecto de viver bem, se repararmos no vestuário e o ouro que usa, bem como nas viaturas de luxo que os trazem até aqui.-
Trata-se, tudo indica, de um negócio rentável, exercido no sossego do lar, sem caixa registadora e o ‘software’ exigido pelas finanças, nem, portanto, a obrigação de passar factura e entregar o IVA trimestral.
Há muito que ando a hesitar em consultar a minha vizinha ‘bruxa’. O motivo é simples e não se relaciona com expectativas de sucesso. Já estou naquela fase em que essas expectativas de progresso pessoal e social se perderam no tempo. E então desde que, como a milhares ou mesmo milhões de portugueses, se cruzou no caminho o rapa-tudo Gaspar, manter quanto tinha, e constituiria pura e simplesmente o merecido por décadas de trabalho, é de há muito o meu único desejo.
Portanto, da falta de expectativas, fui forçado a recuperá-las, na perspectiva de funcionarem em sentido inverso: não regredir.
Eu, que tanto critiquei e desacreditei a vizinha feiticeira, ando a pensar que um dia destes tenho mesmo de ir consultar essa ‘bruxa’. O que pensas?
Aguardo resposta e recebe um abraço,
Américo”

A minha resposta:
Américo, se o Gaspar e a Maria Luís Albuquerque já experimentaram várias videntes para projectar contas e erraram sistematicamente, não vás por aí. Repara que são compelidos  a recorrer a engenharias financeiras e à ajuda do amigo Schäuble. Com sinceridade te afirmo: desiste da ideia, guarda o dinheiro, porque as medidas dos 4 mil milhões da sociedade FMI, Gaspar, Coelho, Portas & Cia., vão obrigar-te a menos reembolsos e mais desembolsos. No fim, ainda tens de pedir uma ajudinha ao teu tio algarvio. Até nem é de Boliqueime, porque daí já houve quem tenha dado sinais de escassez do dinheiro com que vive.
















Polícias e Juízes

O sistema de justiça português é típico de país atrasado, do género de república africana autoritária – A DISA, a polícia e os tribunais angolanos não são muito diferentes nos métodos e na lógica do funcionamento.
A acção policial, de PSP’s a ‘Pêjotas”, é com frequência contrária às próprias leis e aos direitos do cidadão. Como se isto não fosse repugnante e suficiente, há um conjunto considerável de juízes a usar impunidade, ou coisa equivalente, em relação a agentes policiais, fardados ou à paisana, de segurança ou de investigação criminal.
O criminoso acto de violenta tortura cometido há 13 anos – 13 anos!, é uma eternidade – sobre um funcionário da CP, injustamente suspeito de roubo, deveria envergonhar-nos como cidadãos de um País tido por europeu e avançado; suposto, aliás, ser regido pelos cânones éticos da Lei  e juízes soberanos, justos e independentes.
Todavia, e a Amnistia Internacional denunciou este caso, as coisas não são bem assim. Os dois inspectores-chefe da PJ, agressores que forçaram a cuidados hospitalares o inocente Virgulino Gomes, foram condenados a dois anos e meio, mas a pena ficará suspensa por idêntico período.
Conta-se, assim, a história portuguesa de ‘Polícias e Juízes’, faltando referir que ainda houve um juiz que votou vencido.
O caso, de facto, retrata de forma fidedigna a justiça em Portugal, onde se retiram 7 filhos a uma mãe cabo-verdiana, e onde não se pune com as condições devidas polícias-agressores, da PSP ou da PJ, ou se deixam em estado vegetativo casos como o BPN e BPP, ou  em brando lume a ‘Face Oculta’ e o ‘Monte Branco’… sem falar de submarinos, de ‘portucales’ onde o peixe graúdo nada, de bruços, mariposa ou de costas, no mar da impunidade.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A queda do ensino superior privado

Por privilégio ou triste sina, fiz parte do curso fundador da Faculdade de Engenharia da Universidade Católica Portuguesa - ‘Mestrado em Engenharia da Saúde’ hoje redenominado, penso, em ‘Mestrado de Engenharia Biomédica’. Como ao longo da licenciatura e pós-graduações em faculdades públicas, tive bons e maus professores e o saldo foi positivo.
Terminei o curso em 2002. Depois disso, os meus contactos com a FE da UCP foram esporádicos, chegando, no entanto, a dar aulas soltas de ‘Telemedicina’, tema da minha tese de mestrado.
Gradualmente, apercebia-me de que, embora funcionasse em excelentes e novas instalações, a escola estava em processo de degradação. A procura por parte de novos alunos decrescia, ano após ano, e a crescente falta de sustentabilidade financeira conduziu ao encerramento que o ‘Público’ anunciou.
Do fecho da referida faculdade, privada como sabemos, o prejuízo maior recai sobre os 100 alunos actuais, alguns finalistas, que não podem furtar-se ao estigma da falta de credibilidade dos cursos frequentados. Todavia, nestas coisas, e dito à portuguesa, cada um que se amanhe - pensam os decisores da tragédia.
Noutro plano, e embora o dinheiro recebido pela UCP destes alunos, e de outros ex-discentes,  o facto é que mais uma vez vão ser as instituições de ensino público, no caso a Universidade Técnica, a valer nos prejuízos morais e materiais da queda de uma unidade de ensino privada. Uma espécie de nacionalização dos prejuízos segundo o modelo de salvação de bancos. - O dinheiro dos contribuintes que avance! - ordena o Crato
Será que, com este e outros exemplos aviltantes do sector privado do ensino superior, os ignorantes técnicos, redactores de relatórios do FMI, continuarão a diabolizar o ensino público, divinizando tudo o que é privado nas estruturas de educação? Coisas de burocratas economicistas.

Reestruturação da RTP: Relvas nem dormiu

Ao que consta e se comenta, na opinião pública em geral, Paulo Portas, com bom senso, foi duro e implacável ao recusar a operação de privatização, concessão ou aniquilação – ainda não entendi bem – do serviço público da RTP e da própria RTP.
De velas enfunadas pelos ventos de Belém, o Paulinho, em linguagem de cunicultura, sublinhe-se  muito distinta da cunilíngua, lixou o Relvas. O homem está desconsolado e teve uma noite de insónia que, nem ‘Xanax’, ‘Lexotan’ ou droga do género, conseguiu debelar.
De raspão, porque políticos tipos Relvas apenas os vejo e ouço inopinada e rapidamente, ontem lá se estava a lastimar ao José Rodrigues dos Santos, esse mesmo o escritor, a lamentar os 42 milhões a gastar com a reestruturação da RTP. Parte da verba destina-se a cobrir o despedimento de cerca de 600 trabalhadores, questão que Relvas não confirmou nem infirmou.
Fica a pairar a dúvida, se o desconcertante ministro está, de facto, preocupado com os dinheiros do erário público ou se o estado de espírito é fruto da frustração de ver gorado o negócio com a Newshold. Só Relvas poderá esclarecer o motivo. Para a generalidade dos portugueses sobra o mistério, figura literária que apenas o autor conhece.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

MNE alemão, golpe de vista premonitório

tunel
Guido Westerwelle, MNE do alemão, veio visitar-nos. Participou no “I Fórum Portugal-Alemanha”. Naturalmente que o Guido foi guiado pelo homónimo e versátil Paulo Portas; sim,  o Paulinho que tanto distribui beijos e abraços a feirantes, como desfila altivo e firme por salões e areópagos da política internacional.
Desta vez, e para demonstrar ‘in loco’ ao Guido como está escavacado, sujo e negro o buraco em que nos encontramos, levou o homem à entrada do túnel que a imagem acima revela.
Tratou-se de um acto bem pensado e perspicaz do nosso MNE: tentar convencer o Guido, governante da poderosa Alemanha, a beneficiarmos, pelo menos, da taxa 0% que Berlim (não) paga aos mercados a que acabamos de regressar.
O objectivo, porém, foi frustrado. O Guido olhou, olhou para o fundo do buraco e, de olhos armados com lentes Zeiss de infinitas dioptrias, afirmou:
“Em Portugal, já se vê a luz ao fundo do túnel”
Portas ficou deslumbrado. Não percebeu tratar-se de golpe de premonição. A luz a que Guido Westerwelle se referia era o pressentimento de vir a circular no fundo do túnel a locomotiva de ‘Alta Velocidade’ Siemens que a Alemanha há-de fornecer a Portugal: Será para os germânicos operação rentável semelhante à dos submarinos ou àquelas que fechou com Grécia das Olimpíadas (2004) para equipamento do ‘metro’ de Atenas… além de seis submarinos e e outros reforços de equipamento da marinha com que os helénicos também foram contemplados. 
Porém, na actualidade, Gregos e Atenas são refugo – ‘Europa Solidária d’um c…..!”, revoltou-se de si para si o compadre Vaquinhas, alentejano e ex-emigrante na Alemanha que rondava a comitiva.

O tempo de festa da execução orçamental será em Abril

Segundo o formato em voga, por estes e outros especialistas na matéria, informar nos tempos actuais persegue o objectivo de divinizar ou diabolizar acontecimentos e personagens, em especial no domínio da política.
No estilo em moda, tivemos festa e romarias, à volta do governo e de Vítor Gaspar que, na prática, o chefia. Se, embora antes recusado pelo secundarizado Coelho, o pedido de alargamento de prazos de reembolso de dívida é um facto positivo, já o ‘regresso aos mercados’, com a bênção do Draghi, é, em meu entender, um evento adverso: mais de dívida pública portuguesa, a terceira mais alta da UE – 120% do PIB, segundo o EUROSTAT.
Hoje, as notícias de sucesso da governação gasparista ou gaspariana, tanto faz, dão-nos conta do défice da execução orçamental. Fixou-se em – 8.328,8 milhões, equivalentes a 5%. A ‘troika’, segundo o célebre PAEF, permitia um limite de – 9028 milhões , ou seja, 5,4% de défice.
A respeito deste sucesso, não resisto à tentação de fazer algumas observações:
  • Inicialmente o PAEF, para 2012, estabelecia o objectivo de 4,5%, e por falhas das políticas do governo, o trio que nos tutela aumentou a bitola em 20% (5,4%) e o Gaspar por ora (e o ‘por ora’ tem um sentido preciso) desviou-se nas contas apenas 11,11% (5%).
  • O défice dos 5% foi fortemente auxiliado pela inclusão das receitas da ANA (800 milhões), o que o torna provisório. Competirá ao EUROSTAT, em Abril, dar a última palavra; e se esta for de reprovação de mais uma operação de engenharia de receita extraordinária, os - 5% do governo agravar-se-ão para -5,48%.
Portanto, a respeito de festa, e mesmo assim mitigada, o bom-senso aconselha a esperar por Abril. O tal “Abril de águas mil”.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Da Economia às Finanças, da Seriedade à Falácia

Desde o ‘post’ que aqui publiquei sob o título “A euforia do endividamento nacional”, não estanca, antes dilata, a vontade de  desmontar ‘a ruidosa de propaganda’ do governo e apoiantes, pelo tão festejado regresso aos mercados. 
Mobilizados pelos respetivos aparelhos, hoje nos comentários da TV aos jornais, dá-se conta de “velhas doidas, cronistas, aldrabões e galifões, a ver a entrada das vacas depois dos forcados que não pegam nada.”
A fim de nos poupar de disparates e opiniões de ignorantes, seria aconselhável que, por exemplo, lessem “The  Origin of Financial Crises”  de George Cooper, edição de Vintage Books, NY. Percebiam, então, as diferenças cruciais entre:
 
“Sistema Financeiro” e “Sistema Económico”, ou
“Finanças” e “Economia”, ou ainda
“Economistas” e “Financeiros”.
 
Compreenderiam igualmente que, a despeito e por efeito dos  sucessos de financiamentos externos que este governo reparte com Sócrates, Barroso, Guterres e Cavaco, segundo  dados acabados de divulgar pelo EUROSTAT, depois da Grécia (152,6%) e da Itália (127,3%), somos o 3.º país da UE a 27 com a maior dívida pública (120,3% do PIB).
Igualmente entenderiam que a quebra do PIB de –0,2% da ‘zona euro’, estimada hoje pelo FMI, não é especialmente animadora, sobretudo caso se tenha presente a estimativa de –1,9% do Banco de Portugal para 2013.
Se financeiramente, com o recurso a  adiamentos, reprogramações e a contracção de novos empréstimos, resolvemos as situações de tesouraria, já na Economia continuaremos a sofrer a dureza da espúria austeridade, com reduções do PIB (-3,5% no último trimestre de 2012) e taxa de desemprego em crescendo, a partir dos 16,3%, (hoje soube-se que a ‘Rádio Popular’ vai despedir mais de 50 profissionais). E quanto a insolvências?
Fiquemos por aqui, porque a hora é de festa. Há foguetes de fogo fátuo no ar.  

A euforia do endividamento nacional

Os jornais, aqui e aqui, não contêm e até ampliam a euforia do endividamento de Portugal, alimentada por sectores afectos ao governo. País, sociedades, instituições e famílias, a viver à custa de dinheiros emprestados é um “bom” princípio – o ‘Expresso’ indica a taxa de 4,936%, portanto abaixo dos 5% para nova dívida a 5 anos.
Com esta operação, e em conjugado jogo da baixa política,  pretende-se causar o esquecimento de ‘o mais tempo de dívida’ que o 1.º Ministro tanto negou, às vezes com veemência.
Com efeito, sob a capa de novas medidas do BCE, as quais permitem a Draghi  o afastamento das ‘nuvens negras’ sobre a ‘zona euro’ proclamado por Draghi. Também favorecem a melhoria de condições de acesso ao mercado – no caso de Portugal um regresso que a Irlanda já havia alcançado. 
Os ventos correm, portanto, de feição aos países forçados a endividar-se. Ontem, foi a vez de Espanha, a contrair empréstimos de 10 mil milhões de euros (a 10 anos, acabou por financiar-se em 7 mil M €, acima dos 4 mil M programados). Hoje, é dia de Portugal aproveitar a redução da taxa e o alto nível de procura para aumentar o pedido de 2 para 2,5 mil milhões de euros.
Para refrear tontas euforias, e focando-nos  no País real, analisemos dados relativos ao prazo de 10 anos, segundo a ‘Bloomberg’ - Portugal tem a segunda taxa mais alta da ‘zona euro’ (5,82%), a terceira dívida mais elevada (108,1% do PIB contra 93,5% há1 ano), a segunda pior variação do PIB com –3,5% e a 3.ª taxa de desemprego mais elevada, 16,3%.
Devemos mais, produzimos menos e temos mais pobreza. Quem entende que este é que o caminho para vencer a crise, emigre para a Etiópia, terra do Selassié. 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Mais tempo de dívida e tempo a mais de embustes

O recurso aos embustes é um dos instrumentos tácticos predilectos de Pedro Passos Coelho.  O hábito remonta à época eleitoral e prosseguiu durante a governação. O vídeo do ‘Aventar’, de autoria do meu amigo Ricardo Santos Pinto, demonstrou à exaustão a pobreza de carácter e falta de palavra do primeiro-ministro. Poupa-me adjectivações.
As imagens destoutro vídeo acima reproduzido, e retirado do ‘site’ da SIC, não é nem mais nem menos que outro capítulo da mesma história: ‘a política da mentira e da contradição’.
Horácio Novo, diz e eu acredito, tem um gato chamado Gaspar; bichano, porventura, dócil e simpático. Passos Coelho também tem o seu Gaspar, que não sendo gato, é bravo, falso e carcereiro de milhões de portugueses aprisionados à consolidação orçamental, ao défice e aos cortes no Estado Social.
Coelho e o Gaspar ministro, contrariando-se a eles próprios, afinal estão eufóricos com a concordância da Comissão Europeia em prorrogar o prazo de reembolso dos empréstimos a Portugal – mas, ao ler a notícia, não se percebe se tal prorrogação se aplicará apenas aos fundos do FEEF e MEEF (2/3 do total) e se igualmente foram renegociadas taxas de juro e, em caso afirmativo, para quanto – o empréstimo da ‘troika’ (FMI, CE e BCE) era, de início, de 78 mil milhões de euros, mas recentemente aumentou de 4,2 mil milhões cujo destino não foi esclarecido (será para pagar o prejuízo dos 4 mil de euros do BPN?).
Mais tempo para reembolsar o empréstimo poderá ser uma notícia boa; mas, eis que de uma assentada chega outra má: Portugal voltará, amanhã ou poucos dias depois, aos mercados para se endividar em mais 1,5 a 2 mil milhões de euros. O grupo da agiotagem já está formado (Barclays, Deutsche Bank, Morgan & Stanley e o BES – Ricardo Salgado é como o ‘Dum-Dum’: “não escapa um”).
A mais tempo para pagar os empréstimos, no tempo de fazer crescer a dívida, o actual governo já beneficia de tempo a mais a (des)governar um País de insolvências, de quebra da economia (PIB), de desemprego crescente, e de gente que parte à procura do futuro noutras paragens.
O tempo é um poliedro, de faces de múltiplas cores. O tempo de sofrimento de alguém ou de um povo é sempre negro e  excessivo, em oposição ao escasso tempo de breves e coloridas alegrias – ‘Tristeza não tem fim, felicidade sim’ , diz a canção.

O Seara também é contribuinte, bolas!

Na campanha eleitoral, ao estilo populista de Paulo Portas, o CDS ufanava-se, alto e bom som, de ser o ‘partido dos contribuintes’.
Chegado ao governo, em aliança com o PSD de PPC e Relvas, tramou os contribuintes. Faltou à palavra e às promessas ao eleitorado – diga-se, em abono da verdade, tratar-se do modelo hodierno de fazer política, de que Juncker, apanhado às escuras num canto por jornalistas, constituiu mediático exemplo. Quase violavam o senhor, coitado!
Ao ouvir promessas ou ler programas eleitorais, em especial dos partidos do arco do poder que de arte burlesca têm maior experiência, é aconselhável estar de pé atrás. Convém, pois, prepararmo-nos para que façam exactamente o inverso do que escrevem ou proclamam em feiras, romarias e nos tais almoços e jantares partidários, onde aparecem a tia Maria e o tio Zé a dizer que a comida estava muito boa e não pagaram nada. Nem o transporte que os trouxe de ida-e-volta entre Freixo de Espada à Cinta e Viseu.
Oponente a novas candidaturas de autarcas com três mandatos cumpridos, mesmo a uma autarquia distinta da que dirigiam, o CDS, impudente como de costume, deixou cair o princípio por que dizia bater-se, ao deliberar apoiar Seara à Câmara de Lisboa.
Nada de diferente se esperaria de Nuno Melo, Hélder Amaral e do companheiro benfiquista Telmo Correia, a quem foi confiada a árdua tarefa ajudar um homem que, pelo sua histórica pública, é dos casos mais vergonhosos da ‘tacharia nacional’.
Comentador desportivo, que confessa assistir a jogos de futebol às 4 horas da tarde no gabinete da presidência do município de Sintra, de que não é morador assim como não é de Lisboa, Seara é o eleito pela coligação governamental para concorrer com António Costa, outro benfiquista, à Câmara Municipal de Lisboa… Ah!, e tem o decisivo e generoso apoio de Miguel Relvas (companheiro do Reveillon do Copacabana Palace).
Mas, em terra lusa, palermas que falam atabalhoadamente de bola, com um pouco de baba a sair-lhe dos lábios, há muitos; porém, Seara é o maior e além disso temos de entender que o homem também é um contribuinte, bolas! O CDS, a outros pode pejorar, mas ao Seara nem pensar.
(Obs.: Os benfiquistas que me desculpem as citações, mas o clube nada tem a ver com o assunto. Seara a rondar Filipe Vieira e outros dirigentes e figuras destacadas do clube é que é, de facto, a atitude do bajulador interesseiro que me repugna e justificativa das citações)
 
 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Na evolução do desemprego é que está o busílis

abertura e fecho de empresas_2012
Há sempre uns tantos entusiastas com o governo a entoar o ‘Hino da Alegria’, em reacção a falácias e à propagação de mensagens propagandísticas. Desta feita, escolheram a fundação e queda de empresas, segundo dados fornecidos pelo Ministério da Justiça.
O facto de, em 2012, o número de sociedades criadas ter excedido em 1.448 o total das extintas (29.311 versus 27.683) não pode usar-se como informação completa.  Impede  a avaliação séria e confiável do ponto de vista socioeconómico.
Uma unidade da ‘Delphi’, no Norte do Alentejo, ao encerrar, remeteu para o desemprego cerca de 900 trabalhadores. Estes, em grupos de 2 a 4 indivíduos, decidiram abrir cerca 40 pequenas empresas, com uma média de 5 trabalhadores, cada. Na maioria dos casos, dedicadas à restauração e comércio a retalho – sabe-se que, entretanto, já desapareceram uma dezena desses pequenos negócios e outros caminham para esse fim, em passo acelerado.
O caso citado, além de real, é infelizmente replicado com frequência no território nacional. Conclui-se, pois, que o número de postos criados ficam sempre muito aquém dos eliminados – donde resultam os aumentos desemprego e as quebras do PIB?
A análise comparativa de aberturas e encerramentos de empresas só é fiável, portanto, se completada e equacionada com os impactos no desemprego, na evolução da emigração de jovens qualificados e ainda os efeitos em metas macroeconómicas (valor acrescentado nacional, exportações, substituição de importações ou, numa palavra, nas contas externas).
Quarenta chafaricas, de negócio familiar e local, não compensam a perda de actividades de elevado valor tecnológico e vocacionadas para o mercado externo, directamente; ou indirectamente, como sucede com unidades fornecedoras da Auto-Europa que já iniciaram um processo de liquidações e/ou despedimentos, dos quais na imprensa não se tem feito o eco que se justicaria. 
Sobretudo é na evolução do desemprego que está o busílis, embora a emigração dê uma ajuda a curto prazo e complique o futuro do País no futuro.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O gás monetário e o gás pimenta

PSP no Chiado
Acto Repressivo da PSP no Chiado, Lisboa
O asco a polícias é praticamente um sentimento que se me colou ao espírito e ao corpo, desde a infância. Tudo se deve a um polícia boçal e brutal, privativo, lembro-me, do serviço ao Porto de Lisboa.
Constituíamos um grupo de jovens dos 8 aos 10/11 anos, com o hábito de jogar à bola num descampado, na Quinta dos Ingleses, à Avenida Afonso III, em Lisboa. Por vezes, distraímo-nos e lá vinha a repugnante figura aos berros, geralmente embriagado, de canivete em riste a desfazer a bola em pedaços. Nós fugíamos, porque o homem, de barriga semelhante à grávida de 8 meses, movia-se com dificuldade.
Se bem que reconheça a necessidade da polícia para os fins essenciais e próprios do regime democrático, apenas o odor da farda repele-me. Estou justamente nos antípodas  da jovem algarvia que, em assomo de ternura tão romântico quanto patético, acariciou o polícia do GOE, creio, na manifestação de 15 de Setembro de 2012 em Lisboa.
Os tiques ditatoriais do governo, fruto de óbvia e crescente repulsa dos portugueses, sobem de tom e as chamadas forças de segurança, PSP neste caso, tem de reforçar o suporte.
A polícia, na repressão dos jovens da Escola Secundária Alberto Sampaio, em Braga, teve o despudor de atacar os manifestantes com ‘gás pimenta”; isto, na infeliz explicação de uma comissária local, para evitar uma “acção mais musculada”.
Coelho, Crato, Gaspar, Portas, Macedo e outros governantes misturam-se nesta lama, com dizia ontem Pacheco Pereira na SIC. A PSP envolve-se igualmente no mesmo lodo, a despeito das manifestações anti-governamentais que deixou de realizar em tempo oportuno.
Tem de existir explicação para esta agudização da acção policial sobre os cidadãos; seja em Lisboa, no Chiado ou entre a AR e Cais do Sodré; seja sobre os jovens alunos do ensino secundário em Braga, que contestavam a integração irracional da sua escola num mega-agrupamento.
Será que, entre as notícias aqui difundidas pelo Sindicato dos Profissionais de Polícia e os acontecimentos em Braga há uma relação de causa e efeito? Ou deixou de haver “FMI em demasia”?
 
 
 
 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Este País é para Velhos!

O sinal de que os mais jovens não desfrutam de oportunidades de vida no País de origem, e do qual alguns deles estão afastar-se não apenas física mas também emocionalmente, é a expansão, ano a ano, do número de emigrantes.
É noticiado pelo ‘Público’ que, em 2011, a emigração registou o brutal aumento de 85% – no total, cerca de 44.000 portugueses, a maioria com idades entre os 25 e 29 anos. Ainda segundo o mesmo jornal, a Secretaria de Estado das Comunidades admite que, em 2012, os novos emigrantes tenham chegado perto dos 100.000.
Trata-se de um fenómeno que, a curto prazo, permite benefícios: redução do desemprego e aumento de fundos das remessas. Todavia, em visão mais profunda e estratégica, os danos a prazo serão muito pesados. Dificultam um eventual desenvolvimento económico que, reconheça-se, não se antevê fácil com a cega política do actual governo.
O primeiro-ministro, Passos Coelho, a propósito de emigração, afirmou em Paris:
“Ninguém aconselhou os portugueses a emigrarem” 
Deve ter pensado em falar apenas para portugueses da ‘Banlieue de Paris’, gente ocupada pelo trabalho, em muitos casos duro, sem tempo para ouvir topetes.
Coelho, embusteiro compulsivo, pensa termos esquecido Alexandre Mestre, o tal Secretário de Estado da Juventude e  da “zona de conforto”, a aconselhar os jovens a emigrar; secundado pelo aberrante Relvas. A tragicomédia foi encerrada pelo próprio Coelho, ao proferir, no CCB, a célebre frase:
Coelho lança um desafio aos irmãos Cohen, realizadores do filme ‘Este País não é para Velhos’. O truque do PM consiste em eliminar o advérbio de negação, não, e provar o inverso com a história ‘Este País é para Velhos’.
A retirada de uma simples palavra, não, transfigura todo o sentido do argumento e estamos mesmo a caminho de ser um povo minúsculo de aposentados, reformados e pensionistas, em estado de morbilidade ultra-vegetativa. Se possível, seria ideal que toda esta gente finasse – “O Estado teria enormes aumentos de poupança nas prestações sociais”, diz o Gaspar.

Dualidades e contradições do FMI

fmi logo
O FMI, no estilo habitual da dualidade e contradição de opiniões, é uma instituição perversa, com uma longa e triste história de desastres socioeconómicos ao redor do mundo. Tudo isto, sabe-se, obtendo ganhos financeiros elevados, condenando à pobreza milhões de seres humanos nos países que acorrem à “ajuda” da tenebrosa organização.
No entanto, a perspectiva de curto prazo é incerta, e consideráveis ​​desafios a médio prazo económicos permanecem.”
Isto, a propósito da hipótese de regresso do nosso País aos mercados.
Em absurda referência, e depois de se deter na ‘consolidação orçamental' como objectivo supremo, Shafik disparata do seguinte modo:
“O progresso sobre o trabalho e as reformas do mercado de produtos, bem como no Judiciário, é encorajador. No entanto, as autoridades devem prosseguir com determinação as reformas estruturais para terminar numa melhoria duradoura da competitividade, crescimento e emprego.”
O ‘Público’, citando o comunicado da senhora, destaca a necessidade de “consenso social” para as reformas; as tais, discutidas em ambiente censório no Palácio Foz, do corte de 4 mil milhões de euros em despesas do Estado Social.
O que esta senhora diz é dissonante em relação às críticas da austeridade que, de volta e meia, se soltam da boca de Lagarde. Porém, no FMI prevalece a regra do discurso divergente, em função do orador. A ode à ‘competitividade, crescimento e emprego’ é o tal ‘amanhã que não canta’
Chega de Shafik!, e portanto “shafico-me por aqui”.
   

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

How are you Artur?

grémio literário
Salão do Grémio Literário, Lisboa
Como estás Artur? Desde aquele noite em que foste brilhante prelector no Grémio Literário que não nos encontramos. Foste muito além, bastante mesmo, das expectativas que a Anne Taylor causou na assistência ao apresentar-te.
Tive o privilégio de ouvir a dissertação sobre o trabalho que tu e restantes elementos da equipa estavam a fazer para a ONU.
Dias depois, quando cheguei a casa e me disseram das intervenções do ‘Expresso da Meia-Noite’, lamentei não ter estado a tempo de apanhar esse combóio. Eu que mal te conhecia, do café onde às vezes também tomavas a bica e dissertavas. Todos te tratavam com a deferência devido a um ilustre professor catedrático, que eu também estava convencido que eras.
Agora Artur, e apenas curiosidade, gostaria de saber se estás muito preocupado com o processo do Ministério Público (DIAP). A Dra. Morgado é muito empenhada na acção processual, mas o ‘sistema de justiça português’ é lento. Para alguns fulanos, políticos e experimentados em golpadas, nem sequer se enlerda – pura e simplesmente não consegue mover-se.
Além de tudo, condenações, penas e prisões fazem parte do curriculum das tuas experimentações. Tenho confiança em ti, mesmo forçado a conviver com prisioneiros comuns, afastado das “trutas” do BPN, do BPP, da ‘Face Oculta’, do ‘Monte Branco’, dos jogadores do ‘Insider Trading’. Esses, meu amigo, safam-se sempre e quem paga conta é cá o “Zé”. 

As especialidades de Belém


pasteis de belémpalácio de belém
Os ‘Pastéis de Belém’, em especial nos últimos tempos, passaram a ter um concorrente de peso, na vizinhança. São as ‘Pasteladas à Cavaco’, fabricadas a preceito em actos de promulgação.
Na promulgação do OGE de 2013, sabe-se da ‘pastelada’ confeccionada com críticas presidenciais à proposta do governo transformada em lei, condimentando-a com o requerimento de fiscalização sucessiva, em detrimento da preventiva.
Agora decidiu-se pela ‘nouvelle cuisine française’. Promulgou o mapa das freguesias, aprovada pela maioria PSD+CDS, com os votos contra da oposição, PS, PCP, BE e PEV. No estilo habitual de “uma no cravo outra na ferradura”, promulgou, mas não deixou de chamar a atenção do Parlamento para os riscos de falta de autenticidade das próximas autárquicas.
Cavaco Silva, em alturas de aperto e da necessidade de tomadas de decisão claras e peremptórias, por norma deixa a tal folga que, à posteriori e se necessário, lhe permitirão argumentar: “Aprovei, mas não deixei de enviar à AR o aviso dos riscos da nova lei… não podem dizer que não avisei”.
O Álvaro, além dos pastéis, tem outro produto de potencial exportação, “As Pasteladas de Belém”. Foi dali que partimos para  descobrir o mundo.

Da promessa do intrujão à censura explícita da Galvão

O que sucedeu ontem no Palácio Foz, com uma tal Galvão no papel de actriz principal, é demasiado reles.  Trata-se de abjecta ofensa à comunicação social, mas sobretudo ao povo português – a negação do legítimo direito à informação. Tanto mais que a Galvão fez do Coelho um intrujão, como se não o soubéssemos antes, desde já há longo, demasiado longo tempo.
Dos poucos presentes a prezar os valores democráticos, salvo os jornalistas, causa-me perplexidade que nem sequer um deles tenha virado as costas à Galvão e ao Moedas – em reprovação da censura, mas também em silêncio como mandam os cânones da convivência cívica.
Também tenho de atender ao facto de que, do Moedas ao Rosalino e do Guedes ao Sarmento, e mais um ou outro jumento, foram os sub-empreiteiros a realizar o evento, como secretários de Estado, essas submissas criaturas em permanente subserviência ao chefe – lugar que, coincidência das coincidências, a Galvão desemprenhou no XVI Governo Constitucional.
Estou, é óbvio, solidário com o Sindicato dos Jornalistas e igualmente defendo que a ERC deve ser firme no condenação do acto e, acima de tudo, preventiva da banalização da censura. Surpreende-me que as superestruturas dos órgãos de comunicação social, as direcções em especial, tenham permanecido em silêncio; pelo menos, por enquanto, é pública e notória a ausência de som.
À Galvão, advogada dedicada ao Urbanismo, e ao Moedas, engenheiro civil convertido em financeiro ex-Goldman Sachs, lembro a seguinte passagem de “A Terceira Vaga” de Samuel P. Huntington:
    As eleições abertas, livres e justas são a essência da democracia, a sua incontornável condição ‘sine qua non’. Os governos resultantes das eleições podem ser ineficientes, corruptos, míopes, irresponsáveis, dominados por interesses particulares e incapazes de adoptarem as políticas exigidas pelo bem público.”

domingo, 13 de janeiro de 2013

Quando vamos gozar uma noite assim ?




O subconsciente, espesso e abarrotado de demagogia, danos, infâmias e sofrimentos causados por políticos falsos, ignorantes e alarves; esse subconsciente, recheado de expressões de comentadores de verve e mentiras fluídas; esse subconsciente, rasurado por escritos de colunistas de massa encefálica banhada do líquido estonteante e sobrante da destilação de cereais e malte; esse subconsciente, atravessado pelo burocrata das finanças, sem discriminações de esquerda ou de direita, que é executante zeloso e orgulhoso de processos de insolvência e falência; esse subconsciente, usurpado pelo banqueiro (ou superbancário?) a dizer ao ‘Zé Povinho’: “Ai aguenta, aguenta…”; esse subconsciente, dominado pelo ar sisudo e distante de outro também banqueiro, penteado com o auxílio de ‘Breelcream’, de brilhantina ou de pasta do género; esse subconsciente, invadido por quem foi ministro e fala a cuspir;… esse subconsciente, que é o meu e igual ao de muitos milhares de concidadãos, uma vez terá a oportunidade de, em sonho breve que seja, nos libertar dessas burlescas e funestas criaturas, transportando-nos por instantes a Mozart, para o gozo de ‘Eine Kleine Nachtmusik’ (Uma Pequena Música de Noite). Quando?

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Só é lamentável ter promulgado o OGE!

De Cavaco Silva, as coisas sabem-se ao retardador. Trata-se de um hábito a que chamam tabu.
A meu ver, é negativo saber-se que PR  criticou o OGE de 2013 proposto pelo governo, emobora o tivesse promulgado. Prescindiu erradamente da fiscalização preventiva defendida por diversos constitucionalistas, entre eles os Profs. Bacelar Gouveia e Jorge Miranda.
No que toca aos reformados e pensionistas, e como sucedeu com os subsídios no OGE 2012, o corte excedeu as condições do ‘memorando da troika’ que, no ponto 1.11, pg. 5, estabelece claramente:
“Reduzir as pensões acima de 1.500 euros, de acordo com as taxas progressivas aplicadas às remunerações do sector público a partir de Janeiro de 2011…”
Ora, nem o limite mínimo foi respeitado. A taxa do primeiro escalão, 3,5%, incinde acima de 1.350 euros; nem sequer a medida  é conforme a CRP (Artigos 13.º e 104.º, entre outros) – a própria Christine Lagarde lamentou as deliberações inconstitucionais do FMI, membro da ‘troika’, em entrevista ao ‘Expresso’.
Passos Coelho, um PM que foi ‘boy’ da política e apenas aos 37 anos ingressou no mercado de trabalho - mesmo neste ingresso tivemos “forais” e outras coisas mais -  afirmou em reunião de jovens haver reformados a receber muito para além do descontado.
Haverá alguns e, então, corrijam-se esses casos. É injusto e desonesto pretender castigar um vasto grupo de mulheres e homens pensionistas do privado (alguns com quase 50 anos de vida activa e de descontos integrais da ordem dos 11+24%), ou os reformados da f.p., de forma impiedosa e ilegal à luz da Constituição.
O impreparado primeiro-ministro que temos, desde sempre, foi um atrevido, defeito normal dos ignorantes. Pena é que o Cavaco Silva lhe tenha concedido o benefício da promulgação do OGE de 2013 e agora, porque também é reformado, saia ainda mais fragilizado por informações de divulgação intempestiva e fáceis de classificar como interesseiras. Não é por acaso ‘O Sol’ foi o agente da acção.
Os cortes das reformas e pensões, assim como outras inconstitucionalidades, não justificam esta parada de notícias burlescas, dele e do Coelho; e mais ainda se o PR tivesse, repito, renunciado à promulgação do OGE e deliberado a fiscalização preventiva do Tribunal Constitucional.  

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

FMI: o Centro de Excelência da Sociopatia

exames online
A psicopatia é um distúrbio mental grave caracterizado por um desvio de carácter, ausência de sentimentos genuínos, frieza, insensibilidade aos sentimentos alheios, […] inflexibilidade com castigos e punições.  […] Embora popularmente a psicopatia seja conhecida como tal, ou como "sociopatia", cientificamente, a doença é denominada como sinônimo do diagnóstico do transtorno de personalidade antissocial.
Retirado da Wikipédia
Sociopatia é, pois, outra designação de Psicopatia que a Wikipédia, como é normal, define com concisão.
Lida e analisada a notícia do ‘Público’, fica-se com a ideia clara dos meios e objectivos do FMI, para destruir a vida de milhares de funcionários públicos. São soluções próprias  da sinistra organização,  um autêntico “Centro de Excelência de Sociopatia”.
O FMI começa por alegar que  o sistema de avaliação para a mobilidade especial é "constrangedor". Constrangedor por que razão? Em relação às dificuldades de procedimentos dos tecnocratas e burocratas a cometer, em termos de infrene urgência, o crime social proposto.
Por outro lado, e para eliminar o constrangimento, o FMI propõe a alternativa de “um exame nacional online” – o Dr. A…, a Enf.ª B… e o trabalhador C… dos ‘serviços veterinários’, independentemente de habilitações, idade e de diferenças entre infoincluídos ou infoexcluídos, todos eles têm de ir teclar no computador as respostas ao exame - todavia, com a ajuda da filha ou filha, talvez o menos qualificado e infoexcluído obterá resultado de 'muito bom'.
Abordados os meios, vamos às etapas e consequências do processo de mobilidade especial. Esta, diz o FMI, deve obedecer à obrigatoriedade de durar dois anos, findos os quais o trabalhador é reabsorvido, i.e., tragado de um folgo como a mais azeda das sopas; ou então, definitivamente despedido. Qual acham que vai prevalecer?
Sem ideia alguma para relançar a Economia Portuguesa, o governo português, por força do Gaspar, ignorância do Coelho e pusilanimidade do Portas, entrega o País ao FMI, o que significa fomentar a mais dramática crise socioeconómica do pós 2.ª Guerra Mundial em Portugal. Crise tão duradoura, e incrementando de tal modo os contingentes de indigentes, que não existe alguém, brilhante ou opaco, capaz de vaticinar quando será o termo. 
O putativo Presidente da República, complicando em vez de resolver, está a aguardar o dia, em que pensa que lhe assiste toda a razão do mundo, para o inevitável: "Eu bem avisei!".
Estarmos sujeitos a actores de 'Ópera Bufa' é o menos; o pior são as consequências.
 









As ofensivas graves do governo

 
O governo, composto por homens de má índole, alguns de comportamento cívica e socialmente tendencialmento criminoso, escolheu o dia 9 de Janeiro de 2013 para ofender, com a maior das impetuosidades, os portugueses.
Primeiro, de forma precipitada e abstrusa, privilegiando o Jornal de Negócios, divulgou um documento que requereu ao FMI para, cortando a torto e a direito, vir a cumprir em 2014  o supremo e diabólico objectivo de lançar o País num estado de pobreza – ou mesmo de miséria – da qual já muitos sofrem e outros fogem pela porta da emigração.
A possibilidade de aumento, nas urgências, das taxas moderadoras para 40 euros; sim, só a mera possibilidade disso acontecer, já causa dramática expansão de milhares em estado de sofrimento, por falta de recursos; inúmeros doentes têm reduzido até a ida  a consultas (5 euros) e o consumo de medicamentos, por escassez de recursos.
Às quatro e picos da tarde, apareceu nas televisões esse imberbe Moedas, que já afirmou mil vezes ser filho de pai comunista, para desempenhar o papel do idiota que sabe mas não diz, numa reunião que convocou para falar. Referiu-se ao tal documento do FMI, feito – repito - a pedido do governo (ver Prefácio).
Nada esclareceu sobre o conteúdo do documento. Referiu apenas que estava, e está, no Portal do Governo; em inglês, diga-se, que é a língua materna da Goldman Sachs, por onde o Moedas parece ter andado na companhia do outro alentejano, veterano e  de terra mais ao Norte. Acrescentou que haverá mais documentos – a OCDE foi citada.
Impossível de conter a revolta de combate a este governo, o pior da nossa democracia; e de passar à contestação activa e em massa, respondendo à condenação à morbilidade e à morte de muitos idosos portugueses, por governantes sem carácter e fiéis praticantes do culto da desumanidade. Ao abandono dos idosos soma-se o êxodo dos jovens, num Portugal em progressiva dilaceração.
Tenho estado a ler o documento do FMI, por encomenda de Gaspar & Cia.. É nauseabundo.
Quando é que país real se levanta par terminar com a pouca vergonha de Passos, Gaspar, Portas & Cia?

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O 31 armado aos cágados

O ardiloso Moita de Deus também tem méritos, reconheça-se. É do Belenenses como eu e iça a preceito o estandarte monárquico no pau de bandeira do município – Cavaco, desajeitado na arte de hastear, como em outras, deixou-nos a nós, republicanos, frustrados e envergonhados.
A Moita de Deus, corre-lhe nas veias o talento da ficção, cinematográfica ou romanceada na blogosfera. De súbito, por Ana Drago ter solicitado ao governo informação vasta do processo de privatização da TAP negociado e gorado com Efromovich, fez da deputada uma aliada do judeu colombiano-brasileiro-polaco.
Aconselho Moita de Deus a investigar, como eu fiz, a história de homem de negócios  ‘Efro’, os conflitos de negócios e processos judiciais com a Petrobrás, a proximidade a gente do mensalão - por exemplo, a um tal Dr. Dirceu, amigo.. de quem, de quem? Esquece-me agora o nome, porra!… oh é esse mesmo cara).
Quando está em causa o interesse nacional, imanente do valor estratégico da portugalidade no mundo da TAP, ousar transformar-se em artificioso criador de patranhas equivale a armar-se aos cágados – mais concretamente, temos o 31 armado aos cágados.
(Declaração de interesses políticos: não sou militante de qualquer partido, mas apenas republicano e democrata) 

Duodécimos ou doze prestações em onze meses

O afã do governo em dissimular, através de duodécimos de metade de cada subsídio, o impacto do “enorme aumento de impostos” (Gaspar dixit),  além de abstruso e obstinado, tem-se revestido de aspectos ridículos.
- A maioria dos que têm vínculo laboral é composto, na generalidade, por gente acéfala e dócil  e nem se apercebem dos valores que lhe estamos a retirar – pensou a imaginosa equipa de comando das Finanças Públicas.
- O sector privado tem de colaborar e aceitar pagar os duodécimos, já que no Estado mandamos nós e funcionários públicos, activos ou aposentados, e pensionistas do privado têm de aceitar, que remédio! – concluíram os sábios financeiros.
Todavia, a pressa é inimiga do acerto. Daí descuidarem a criação de legislação para regulamentar os pagamentos dos duodécimos em doze vezes (duodécimo = a parte doze vezes menor em relação à unidade). Os grupos parlamentares da maioria estão a trabalhar a todo o vapor; mas, é elevada a probabilidade de, apenas em Fevereiro, se iniciar o recebimento de 1/12 de metade dos subsídios de férias e de Natal, no privado.
Se assim suceder, os duodécimos serão regularizados em undécimos quanto ao número de pagamentos – em Fevereiro, diz-se, será pago o duodécimo de Janeiro.
No cretina presunção de que os portugueses nunca perceberiam bem quanto lhes era retirado do rendimento mensal, os  autores do desmando, como em qualquer crime, serão denunciados pelo valor do confisco mensal no 1.º mês do ano. Que chatice!, Dr. Gaspar.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Com Gaspar é sempre a derrapar!

Gaspar
Fonte: ‘Público’
A imagem poderá dar ideia de qualquer ‘Teoria da Conspiração’ contra o sábio das finanças.
Com ou sem conspiração, é um facto que o ministro e com ele o País estão a afundar-se num buraco de constantes desvios em relação às previsões das Finanças. E, a deduzir da imagem acima, um dia destes, a imprensa publica uma fotografia, com o cortinado do ‘Salão do Ministério’, a encimar a mensagem e a seta adiante exibidas:

Gaspar (2)
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Tive a paciência de ler o artigo do Dr. Vítor Gaspar, publicado no caderno de ‘Economia do Expresso’. Teoricamente certo, inferindo-se, porém, no cruzamento com os efeitos da prática, que agir apenas em torno do ‘défice’ é redutor e comporta riscos de pesado agravamento da crise – façam-se as engenharias financeiras que se fizerem, com ANA ou sem ANA.
Segundo o ‘Público’, agora é a UTAO a informar:
“A estimativa mais recente feita pelas Finanças para a quebra da receita fiscal em 2012 não se deverá concretizar, com os resultados a serem ainda mais negativos do que o esperado.”
O Ministro das Finanças e respectiva equipa não acertam uma – PIB, défice externo, dívida pública, desemprego e, no caso presente, até em estimativa de receitas fiscais feita recentemente.
A sinergia das falhas de Gaspar com os erros do multiplicador do FMI estão a conduzir-nos a uma virtual pista de gelo, onde deslizamos sem cessar até à queda causadora de múltiplas fracturas, agora latentes mas posteriormente expostas.
Com recurso a técnicas de comunicação, também podemos amenizar a conversa e afirmar: “Com Gaspar é sempre a derrapar!”.

Boca em “O”? O que Prof. Marcelo sofreu...

boca em O
Ouvida a declaração do Prof. Cavaco do envio do requerimento ao TC para fiscalização da inconstitucionalidade de normas do OGE 2013, o outro professor, Marcelo, confessou ter ficado com a boca no estado que a imagem documenta – boca em “O”, disse o próprio.
O Prof. Marcelo, que já mal dorme, teve uma noite completa de insónia. Pela manhã, entrou na finíssima Pastelaria Garrett, no Estoril, de boca aberta e imobilizada. Sem condições de pedir o pequeno almoço, ali estava infeliz e desamimado, de lábios esticados, dentes a descoberto e de epitélio da mucosa, gengivas, palatos, tudo paralisado.
O espanto de clientes e empregados foi geral e natural. Todavia, uma senhora, também ‘habituée’ da Garrett, comovida com o sofrimento e os aflitivos movimentos gestuais de Marcelo, levou-o de imediato a médico amigo, por sinal da especialidade ‘maxilo facial’. Com avançadas técnicas terapêuticas, o funcionamento normal da boca de Marcelo ficou recuperado em três tempos.Terminara o penoso sofrimento.
Submersos na crise que Gaspar e Coelho adensam, sujeitos às contradições do presidente Cavaco, só nos faltaria, agora, ficar privados do decano dos comentadores políticos portugueses, por incapacidade temporária de articular palavra.
A despeito da sagacidade e de ser Conselheiro do Estado, bom conhecedor da personalidade do PR, também me surpreende que ainda lhe cause perplexidade o facto de, no âmbito do OGE de 2013, Cavaco ter remetido as normas da retirada de parte dos subsídios da fp’s, reformados e pensionistas, medida que não aplicou ao OGE de 2012, ainda mais brutal neste domínio. 
Anedota à parte, Marcelo está a tentar fazer-nos acreditar, de facto, numa 'história da carochinha'… Depois da boca em “O” do professor, oxalá não sejamos nós a ficar de cabelos em pé com o TC.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Arnaut, Dias Loureiro e Relvas–um ‘trio da pesada’

A fim de que a história se torne menos triste e revoltante, cá vão umas ‘musiquinhas’ de um ‘Baile de Gala’ no Copacabana Palace:
O Copacabana Palace, de 5 estrelas, é dos hóteis de preços mais altos na Avenida Atlântida, no Rio de Janeiro. Se não for mesmo, o mais caro.
Foi aí que passaram o Reveillon, José Luís Arnaut, Dias Loureiro (dois ex-ministros do PSD) e Miguel Relvas (ministro actual) – ‘um trio da pesada’, como diria qualquer carioca, de São Conrado à Favela do Alemão.
Tratou-se de mera coincidência, justificou o Arnaut – como no cinema, acrescento eu.
Arnaut, Dias Loureiro e Relvas, em princípio, já não eram companhias que se recomendassem, a não ser entre eles ou ao Dr. Dirceu e amigos deste.
De maneira que nos repugnaria tal companhia, fosse na Sociedade Recreativa e Musical da Porcalhota, regado a verde gasoso, ou mesmo numa saltada ao Copacabana Palace, para festejar, no Rio, a noite de fim-de-ano com Moët & Chandom ou o ainda mais fino Louis Vuitton; todo este episódio é mais um capítulo breve dos vastos e sintomáticos currículos das três personagens:
  • O ‘Expresso’ anunciou que a TAP gastou 3 milhões de contos com uma privatização falhada, entrando no seio dos contemplados a sociedade de advogados Rui Pena & Arnaut, também prestadora de serviços ao grupo Vinci, vencedor da privatização da ANA – coincidências, sempre coincidências!
  • Dias Loureiro, ex-administrador do BPN (fala-se em 8 mil M € de prejuízo para o Estado Português) e está tudo dito;
  • Miguel Relvas, um licenciado de aviário cujas ligações a Angola e ao Brasil (mensalão) tanto o têm feito correr pelo controlo das privatizações da TAP e da RTP.
Os críticos do Sócrates começam a ficar calados e alguns mesmo envergonhados, porque gente do género deste ‘trio da pesada’ anda por aí a multiplicar-se como no milagre dos pães e dos peixes; isto, para argumentarem que são cristãos muito, muito convictos e praticantes... mas (o resto fica para mim).