sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O fenómeno do desemprego e a avaliação da ‘troika’

troikaCom base em notícias da imprensa, julgo que hoje chegou ou chegará à Portela o etíope que, com o alemão e o careca – o MST desculpará o plágio – formam a ‘troika’ da ‘ajuda externa’ a Portugal, essa impostura de falsa generosidade.
Do conteúdo programático do citado trio, subscrito por um outro composto pelo PS+PSD-CDS, a ‘revisão de leis laborais’, as medidas de dura austeridade e as naturais consequências de erradas previsões da ‘execução orçamental’, entre outras causas, estão a conduzir a Economia Portuguesa a desastrosas penalizações, das quais destaco:
  • Queda do PIB em –3,3% no 1.º semestre;
  • Probabilidade elevada do défice se situar acima dos 4,5% do PIB no final do ano – fala-se de valores entre 5,3% e 5,6%;
  • Aumento da ‘divida directa do Estado’ em + 7,66% em Julho de 2012 (188.303 M de €) se comparada com Dezembro de 2011 - estamos apenas a 1% da verba anual prevista;
  • Aumento de desemprego para 15,7% em Julho de 2012, segundo o Eurostat.
Se nas vozes correntes de líderes e imprensa internacionais, incluindo altos responsáveis da Zona Euro, da UE, da CE, do FMI e do implacável “directório berlinense”, Portugal é qualificado como aluno exemplar nos deveres decorrentes do programa que lhe foi imposto, então por que razão se agravou de tal forma a nossa situação macroeconómica?
Contrapondo esta aprovação generalizada do nosso zeloso cumprimento, excedendo mesmo em alguns aspectos as condições do ‘memorando de entendimento’, ao descalabro descrito, há uma justificação que automaticamente salta à vista (António Saraiva, da CIP, invocou-a): é o desajustamento do ‘Programa de Ajustamento Económico e Financeiro’ (PAEF) concebido e aplicado ao País.
Será que o etíope, o alemão e o careca terão a humildade de reconhecer que apostar forte e cegamente em medidas estritamente monetárias, segundo o mais refinado neoliberalismo, pode colocar Portugal no trajecto grego? Julgo tratar-se de gente demasiado soberba para usar a auto-crítica como modelo de análise e, pensam eles, se Portugal tiver que ser helénico na tragédia que o seja.
Internamente, estamos entregues a um PM que, neste cinzento, quase negro, cenário se atreve a anunciar o início do fim da recessão para 2013; ponto de vista ratificado por um tão altivo quanto incapaz conselheiro Borges a garantir que não necessitamos nem de mais dinheiro nem de mais tempo.
Quem vai deliberar o que deveremos fazer é a ‘troika’, Passos e Borges nada contam. Gaspar, quando muito, será o único jogador activo neste complexo e nefasto jogo – e talvez para mal de muitos milhões de portugueses.

‘Um Peixe Chamado Gaspar’

peixe
Phallostethus cuulong
A notícia explica em detalhe as características do Phallostethus cuulong – um peixe descoberto no Vietnam, cuja anatomia é original, em função da localização do pénis na cabeça.
Já havia o filme ‘Um Peixe Chamado Wanda’. Por motivos mais do que óbvios e que dispensam justificação, parece-me imperativo baptizar esta estranha espécie aquática, em português puro, sem cedências ao AO, com o título ‘Um Peixe Chamado Gaspar’.
Os fenómenos da evolução linguística são marcados por imparável dinâmica; mais a mais, quando suportados por novos conhecimentos científicos, que se prestam a metáforas do endurecimento da vida.  

Angola, o poder da cleptocracia, a sociedade injusta e insegura

jes anaO povo angolano vai hoje às urnas reeleger José Eduardo dos Santos, há 33 anos presidente da RPA. É fácil ao autocrata, na foto acompanhado pela 1.ª dama Ana, distribuir ao crédulo e impreparado povo dos musseques e de outros ‘habitats’ miseráveis, bonés, ‘T-shirts’ e demais modestos brindes; em troca, será compensado pelos votos da maioria.
O cenário e o desenlace poderiam ser diferentes; ou seja, um exercício de louvável democracia, se o poder eleito, por insanável vício, não desrespeitasse as liberdades elementares e legítimas de cidadania: limitações à liberdade de expressão e de manifestação, penitência de prisão e violência sobre quem exprime opiniões diferentes, profundas injustiças económicas e sociais, algumas graves e comprovadas pela OMS:
Taxa de mortalidade infantil (do nascimento a 1 ano): 98
Taxa de mortalidade infantil até aos 5 anos de idade: 161
(Taxas medidas em relação a 1.000 nascimentos)
Incidência da tuberculose por 100.000 habitantes por ano: 304 
Esperança da vida à nascença (ano 2009): 52,2 anos
Fonte: OMS
O perfil  das cúpulas de Angola sustenta a cleptocracia de José Eduardo Santos; homem que o ‘Jornal de Negócios’ hoje classifica como o 7.º mais poderoso da economia portuguesa – não se conhecem investimentos directos feitos por ele, diz o jornal, mas sabem-se daqueles titulados pela filha, Isabel dos Santos, Sonangol e a tal Newshold, candidata à privatização/concessão da RTP.
O ‘Jornal de Negócios’ cita ainda o general Kopelika, vil membro dirigente da segurança presidencial. Tenho a certeza de que, na falta ou desaparecimento do JES – não é eterno –, o conflito entre militares de alta-patente será inevitável. Todos na disputa pelo acesso às fontes da grande fortuna nacional, os recursos naturais.
Nesse cenário, e julgo não errar, há forte probabilidade da insegurança actual, que já atinge portugueses, vir a degenerar em evacuação generalizada de imigrantes lusos ou novos colonos. Oxalá me engane, mas pelo  que conheço dos meios angolanos, as lutas entre personalidades cleptocráticas vai ser dura, muito dura. E Kopelika  parte em vantagem. É o mais sábio, o melhor equipado, mas também um dos mais odiados.

Os efeitos das medidas da ‘troika’ e as contradições do Borges e do Saraiva

O conselheiro Borges
António Borges, a mando de Passos Coelho e Relvas, penso, incendiou o debate público com a divulgação da hipótese de concessão da RTP1 a privados, incorporando no contrato a prestação de serviço público de TV e Rádio; em simultâneo, proceder-se-á ao encerramento da RTP2. Portas, baseando-se no programa do governo que subscreveu, ficou furibundo.
Todavia, sob a tranquilidade própria de um alentejano bem instalado na vida, Borges, na Universidade de Verão do PSD, não abordou o tema; a propósito da prossecução do programa da ‘troika’, atreveu-se a progonosticar:
 
O empresário Saraiva

 

Por sua vez, o presidente da CIP, na reunião com a ‘troika’, desancou à grande no PAEF inerente ao ‘memorando de entendimento’, argumentando:
“Apesar de todo o clima de austeridade e de Portugal ter cumprido as metas a que estava obrigado, estas não funcionaram.”
Pôs, portanto, em dúvida a eficácia do programa em causa, ao declarar que Portugal exige uma solução diferente.

Clivagens
Começam a ser indisfarçáveis as clivagens no seio da própria direita. À reacção de Paulo Portas não é estranha a decisiva influência de Pires de Lima.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Ana Drago rejeitou o convite da Universidade de Verão do PSD

O elenco de sábios professores e mestres da Universidade de Verão do PSD, hoje aberta pela Berta, é composto, de facto, de notabilíssima gente. Algumas das ilustres figuras, agora professores,  no domínio do ‘centrão’ ou fora dele, com Sócrates e outros caminhantes, acederam a lugares de grande conforto, sob a protecção de elevadas remunerações e regalias. As fábricas de carreiristas, do PSD e do PS a reabrir em Évora um dia destes, não podem paralisar a produção deste tipo de artistas.
Nos círculos próximos do presidente da JSD, o trôpego e impreparado Duarte Marques, lamenta-se a recusa de Ana Drago em participar no corpo docente da Universidade de Verão do PSD. Vendo, de novo, as imagens do vídeo publicado, talvez se perceba por que razão. A lição já ficou dada há muito, considerou Drago.
Moita de Deus, como monárquico de sólida formação política, vai contar a história, ocorrida no Século XVII em Inglaterra, da execução de Carlos I, por, entre outras decisões, ter lançado impostos arbitrários. “O melhor é pôr o poder laranja de sobreaviso”, pensou Moita de Deus.     

domingo, 26 de agosto de 2012

A falta de vergonha de Passos - uma mensagem a divulgar

texto
Jacinta

Quem tem um governante Rosalino…

Cumpre-me, antes do mais, declarar que estou plenamente de acordo com os encerramentos de fundações e institutos criados, por impulsões de vaidade e lesivas dos interesses públicos.
Este ponto de vista não equivale, porém, à defesa da aplicação da pena de imolação geral a todas as fundações. Ainda por cima, com base em contas feitas por uma equipa de incompetentes, chefiada por um tal Rosalino.
Os erros detalhadamente explicados pelo ‘Público’, quando muito deveriam levar à demissão de Rosalino e assessores e não à extinção de fundações como a de Paula Rego – a filha, Carolina Willing, está revoltada com inteira razão – ou a Calouste Gulbenkian.
A escandaleira dos erros cometidos é tão vasta e grave – outras instituições foram também lesadas na classificação – que levou o governo a retirar o relatório inicial do seu ‘Portal’. Por vergonha, penso.
Quem tem um governante Rosalino assujeita-se! 
 

sábado, 25 de agosto de 2012

Aguiar Branco, o ministro da defesa de Relvas e Borges

mobilirioA 39.ª edição da Capital do Móvel, em Paços de Ferreira, é um evento tão  apropriado para ser inaugurado pelo Ministro da Defesa, Aguiar Branco, quanto é da maior naturalidade ser o ministro Álvaro, um dia destes, a deslocar-se ao Afeganistão para se inteirar dos problemas no terreno dos militares portugueses e da sua articulação com outras forças internacionais. A incoerência começa a tornar-se  mácula corrente do governo e os membros do executivo nem se dão conta dos estenderetes em que se precipitam.
Certamente influenciado por deformação profissional, advogado, e por exercer a pasta da Defesa, Aguiar Branco, no meio de tropeções e encontrões em mesinhas, mesas, cadeiras e cadeirões, defendeu com abnegação o colega Relvas e o conselheiro Borges. Retive duas afirmações:
    1. […] haverá “seguramente privatização da RTP” e o modelo “será anunciado, no momento certo, pelo ministro responsável da tutela” […]  (Obs.: Não o nomeou, mas entendemos que se referia a Relvas e espero que este anuncie também a sua demissão).
    2. […] não foi “nenhum anúncio do Governo em relação a esta matéria”, mas apenas “uma afirmação”  (Este desmentido não passa de um topete; basta ver e ouvir aqui o conselheiro Borges)
Branco acrescentou ainda que o serviço público pode ser exercido por uma empresa não pública. Pode sim senhor. E os portugueses sentem-no bem na depauperada vida a que estão submetidos. Sobretudo os efeitos de serviços prestados por ‘parcerias público-privadas’, PPP’s, contratualmente blindadas contra os interesses do Estado, ou seja, de milhões de contribuintes. Obra do saber e de arte espúrios de célebres sociedades de advogados. Fiquemos por aqui.

RTP, RDP e o conselheiro Borges

Ao ‘lobby’ pró-Angola do governo, de que o impudente Miguel Relvas é desembaraçado membro, juntou-se o puro lusitano António Borges. O homem de Alter do Chão cavalgou a bom cavalgar na TVI, diante da sorridente “grão-de-bico”, como diz uma familiar minha - Judite de Sousa, uma ex-RTP. Os 3 m e 21 s do vídeo são elucidativos.
Temos a tradição dos conselheiros, institucionalizada por Eça  na figura do conselheiro Acácio. Como é natural neste tipo de gente, o Borges cumpriu o papel que lhe confiaram.
Pôs a montada em cima da RTP, e da RDP não esqueçamos, usando o cornetim para soprar estrépidos sons, entoando a hipótese de concessão do serviço público de TV e Rádio a privados, encerrar a RTP2, bem como a possibilidade de despedimento de mil ou mais trabalhadores pelo concessionário.
Até o CDS, partido do governo, através de João Almeida, reclamou contra a prestação pública do Borges, alegando não ser um actor original neste tipo de iniciativa, nem membro do governo.
O pessoal da RTP, este mais visivelmente do que na RDP, incluindo o Director de Informação, Nuno Santos, revelou natural perplexidade. O Conselho de Redação reunirá no início da semana. Há também polémica sobre a constitucionalidade do modelo proposto pelo Borges, uma vez que no n.º 5, do Art. 38.º da CRP, pode ler-se:
5. O Estado assegura a existência e o funcionamento de um serviço público de rádio e de televisão.
Este preceito constitucional, a meu ver, não é produto da divisão preconceituosa entre direita e esquerda; é essencialmente um princípio consensual, para defesa do interesse e da soberania nacionais. Relvas, Borges e outros já pensaram nas consequências da RTP cair, de mão beijada, nas mãos de empresários cleptocráticos angolanos? Chamem-se ‘Newshold’ ou ‘Kinaxixi Chanel’. Qual é noção de serviço público dessa gente? Ainda por cima paga pelo Estado português a 140 milhões / ano.
O governo defende-se consecutivamente com o ‘memorando da troika’ para justificar dislates da austeridade imposta aos portugueses. Pois desta vez, e consulte-se o ponto 3.3.1 – Privatizações, pg. 14, concluirá que a privatização da RTP+RDP não é exigida por FMI-CE-BCE. Como não deveria ser a da TAP, da ANA, dos Correios de Portugal, da EDP e da REN. Nem haver Borges, nem Catrogas, Mexias e outra gentalha sem princípios de solidariedade.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

The old new: RTP a caminho da angolana Newshold

RTPIntegrados em famílias de ex-colonos angolanos privilegiados, os membros do actual Governo, de Passos Coelho a Paula Teixeira da Cruz, passando por Miguel Relvas, Assunção Cristas e eventualmente outros, ficaram contagiados pelo vício de transmutar bens e empresas – se possível para Angola;  ou seja, o vício de fazer sair de mão activos estratégicos do Estado português.
Neste processo do empobrecimento, tão estúpido como assumido pelo PM, chegou a hora da RTP ser alienada. A quem? A uma empresa dominada pela Newshold. Quem é o governante português incumbido do negócio? Miguel Relvas – desta, ó Portas ficaste de parte… vai lá para a FACIM, Pequim e Bombaim e não te metas no Fetungo.
A alienação da RTP, em si, corresponde a privar o País de um ‘canal público televisivo’, como é habitual e estratégico na Europa; uma consequência adicional é, de facto, o candidato mais forte, a tal Newshold, ser uma empresa desse mundo imundo, corrupto e de profundas desigualdades, tendo Angola como cleptocrático epicentro.
Para que se saiba bem com quem os nossos (?) estadistas estão metidos, leia-se com atenção o que é a Newshold e quem é a empresária Ana Oliveira Bruno (*), detentora de capital no ‘Sol’.
A RTP, a meu ver, teria alternativas à alienação, reconhecendo, embora, ser necessário aplicar duras medidas de saneamento de custos, incluindo a eliminação de elevados salários e reduções do quadro de pessoal. Isto é, no fundo, o que a Newshold ou outro comprador fará, com vista a tornar rentável o negócio da estação, por ora, pública. O outro putativo candidato e amigo de Relvas, Nuno Vasconcellos, se sair vencedor, seguirá idênticos caminhos.
Sinto tristeza ao saber que um País democrático, em que a liberdade de expressão é um dos pilares das liberdades constitucionais de que me orgulho, transmita a altos poderes de um regime autocrático e violento os meios e o direito de usar essa mesma liberdade de expressão, sabe-se lá com que fins de manipulação e de propaganda distorcida de um País onde a pobreza ainda impera. A par das elites luandenses, claro.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Passos nunca erra; logo, quem se engana é a dívida pública

O país inteiro ficou entusiasmado com o fim da recessão em 2013, anunciado por Passos Coelho no Pontal. As comemorações, Madeira à parte, tiveram dimensão nacional. O povo veio prá rua e festejou com vinho, ‘minis’ e uns bagacitos; por sua vez, gente mediática, empresários, PR e altos quadros do PSD saudaram a ‘boa nova’ com flutes de Moët &Chandon, Cristal, Veuve Cliquot, Krug e outras marcas de luxo de champanhe – apenas a D.Maria, a conselho de amiga, teve de contentar-se com ‘chá de hipericão’, para debelar a depressão causada pelas dores nos joanetes.
Dos mais modestos aos altos notáveis e ilustres, o País viveu, de facto, momentos de euforia colectiva. Todavia, a profecia do PM para 2013 corre o risco de falhar. Não porque Passos Coelho erre. O homem nunca erra. Quem se engana, e à grande, é a dívida pública. Segundo relatório do BdP citado pelo Diário de Notícias, está a registar um agravamento em relação às previsões da ‘troika’ e do próprio governo, conforme se conclui da seguinte notícia:
“O nível total de dívida pública acaba de violar as projeções da troika publicadas em meados de julho, na última avaliação.
Segundo o Banco de Portugal (BdP), o rácio que conta para o Eurostat (critérios de Maastricht já valia 116,6% do produto interno bruto (PIB) no final do primeiro semestre.
Em julho, Bruxelas e FMI previram ambos 114,4% para a média deste ano. A última projeção oficial do Governo, de maio, aponta para 113,1%.”
Além do mais, o que é que a ‘troika’ vai pensar de nós a propósito do engano cometido pela dívida? Que afinal Portugal está a caminho de ser a Grécia? Passos e Gaspar já andam a ‘Prozac’.

Ondas, dunas e os perigos em terra e no mar

Em Novembro passado, a notícia da ‘onda gigante na Nazaré’ correu mundo. Assumo que, como fenómeno natural, a imagem foi avassaladora e empolgante; desde que observada, a meu ver, a prudente distância.
O mar, porém, em infinito movimento, mais a mais na Nazaré, pode ser tão generoso quanto salteador de vidas, sem constrangimentos quanto ao estatuto social. Umas vezes as vítimas vivem da faina pesqueira, outras são banhistas incautos que a permissividade das autoridades e libertina liberdade conduzem à aventura.
Há três anos, na Praia Maria Luísa, no Algarve, morreram cinco veraneantes em consequência da derrocada de arribas, em acidente paradigmático dos riscos da escolha de tais locais para repouso.
Apesar da ceifa em minutos de cinco vidas e de abundante informação televisiva entretanto difundida, persiste o hábito do Sr. Ambrósio ou da D. Hermengarda, às vezes na companhia dos netos, se sentarem tranquilamente à beira de arribas em risco de desmoronamento.
Podemos desfrutar de boas praias - A Nazaré, quanto a mim, não é uma delas. Temos excelentes areais e zonas de mar de suaves movimentos. Continuamos, porém, a ter turistas sem tino, nacionais e estrangeiros, e autoridades marítimas incapazes de impedir ou, se for o caso, punir os abusos.
Temos, pois, dunas, ondas e os perigos que os inconscientes decidem enfrentar, em alguns casos até à morte. Em ambiente de incongruente permissividade.
 

O santuário EDP

A EDP, sob o comando de Mexia e a supervisão de Catroga, transformou-se numa espécie de templo sagrado. Com a bênção do Álvaro e a omnipresença de Portas, na ‘eléctrica’ pratica-se o culto do sátrapa: virtuosos e déspotas dirigentes, incluindo chineses do governo do PCC ou  lusos rubicundos e incontidos na linguagem, sentenciam o castigo dos consumidores e resta a estes pagar e calar.
O ‘Público’ dá conta da denúncia de cinco associações ambientalistas:
Além de lesarem grave e inexoravelmente a paisagem natural do País, caso do Vale do Rio Tua, é-lhes permitido a exploração desenfreada de consumidores, famílias e empresas. Quanto mais não seja com o objectivo da gestão de Mexia poder cumprir, à nossa custa, os compromissos de uma ‘Dívida financeira’ na EDP próxima dos 20 mil milhões de euros. Elevadíssimo endividamento a pesar no débito externo total do País. 
Não seria tempo de criar leis e sistemas judiciais eficazes para punir esta  dolosa gente? Para cúmulo, vive alavancada por um incapaz ministro, a quem o epíteto de Eusebiozinho, parafraseando ‘Os Maias’, assenta que nem uma luva. Não é o Eusebiozinho que os travará. Nem sei, neste país de políticos trapaceiros, se haverá um dia alguém capaz de o fazer. 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Uma anedota: a China denuncia a concorrência desleal dos vinhos europeus

A China, o paraíso de Portas, Mexia, Catroga e de outros comunistas pós-modernos, como Vítor Gaspar, segundo o ‘Le Monde’, formulou a seguinte acusação à concorrência dos vinhos europeus:
"A associação chinesa da indústria de bebidas alcoólicas   pediu ao governo para investigar as importações de vinho da Europa, acreditando que os subsídios europeus geram prejuízo aos produtores nacionais, informou a Agência de notícias 'Nova China'."
A narração da anedota, no jornal francês, prossegue dentro do mesmo estilo. Obviamente nem todas as anedotas nos divertem, havendo casos, como esta história de ‘humor negro’, a deixarem-nos prostrados.
À medida que sobem ao topo das potências mundiais, os chineses vão progredindo em soberbos hábitos e petulâncias. É natural. Tentam distrair-nos dos défices sociais e da falta de condições humanitárias no trabalho, muito usuais, por exemplo, na Foxconn.  Em Março passado, a ‘Visão’ confirmava terem ocorrido gradualmente mortes de18 trabalhadores (suicídios, na maioria dos casos), naquela empresa.
Note-se que a Foxcoon emprega 800.000 trabalhadores, a auferir entre 100 e 120 € mensais, para cumprir 12 horas diárias de trabalho, de 2.ª feira a Sábado. Resta acrescentar que Apple, Nokia, Sony,  HP e  outras que tais constituem a carteira de clientes da famigerada empresa, detida por capitais sul-coreanos.
O capitalismo, de facto, não tem pátria; isto levou-me a uma outra lembrança: tão patriota e anti comunista chinês que era o ‘caixeiro viajante-mor’, Paulo Portas! Segue-se a FACIM. Daqui a  dias PEQUIM, com um salto a BOMBAIM.  Um autêntico ‘globetrotter’.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Mais 1.000 milhões de dívida da EDP

                               Tem a palavra o Presidente do Conselho de Anciãos

O financiamento total, diga-se, deverá atingir os 2.000 milhões de euros, concedido pelo  China Development Bank. A taxa corresponde ao somatório da ’Euribor’ a 6 meses mais um ‘spread’ de 4,80%. O reembolso será feito em 5 anos, com 2 de carência, julgo.
Os nossos três homens estavam eufóricos, caso que, em relação ao ‘rubicundo’ Catroga, não é inédito. É um homem muito alegre e expansivo. Todos valorizaram o alcance estratégico, diria miraculoso, para a Economia Portuguesa e naturalmente para a EDP, no futuro.
Mexia, por exemplo, revelou-se inteiramente tranquilo, a despeito da descida do ‘rating’ da EDP pela Fitch, no início do mês, para BBB-. Se suspeitassem, ele e os outros, que poderiam ser responsabilizados no futuro,  hesitariam em comemorar publicamente o agravamento do elevado endividamento da ‘eléctrica’, privado mas forçosamente integrante da dívida externa; se tivessem tal suspeita, repito,  talvez não promovessem o acto ou pelo menos manifestassem tanta euforia.
A dívida financeira da EDP, no final do 1.º T de 2012, somava 18.870.419.000 euros; a autonomia financeira limitava-se a 28,75% e a dependência financeira em relação a capitais alheios era de 71,55%.
No final, como sucede nas facturas mensais da EDP, Mexia & Cia. certos de que, através de rendas e outros imorais proveitos permitidos pela ERSE, serão as famílias e empresas portuguesas a suportar os custos deste desvario, a  que se juntam os prémios do Mexia e as tão chorudas quanto  abomináveis remunerações de Catroga, Cardona e Teixeira Pinto, todos também certos da inimputabilidade.
(Adenda: Estranhei que o Álvaro, do ministério que tutela a energia, tivesse estado ausente. Provavelmente foi acometido por alguma gripe e pediu a Paulo Portas que o substituísse – que sacrifício! Coitado do MNE.)      

Petróleo: PIIGS, os mais punidos da Zona Euro

West Texas Intermediate (WTI) é a designação de petróleo negociado nos EUA. A cotação na bolsa de Nova Iorque, esta manhã, estava fixada em 96,40 US dólares o barril. Por sua vez o Brent é o petróleo transaccionado na Europa e o preço do barril na praça londrina era de 114,23 US dólares por barril – o preço do Brent superava, pois, em 18,5% o do WTI.
Preço: a desvalorização do Euro face ao Dólar dos EUA
A desvalorização do Euro face ao Dólar é outra razão óbvia e decisiva para o agravamento de preços na Europa, em especial na Zona Euro onde não existe um único país produtor de petróleo. 
Outras razões são aduzidas para o aumento de preço; o ‘Público’ valoriza os conflitos no Médio Oriente; o ‘Jornal de Negócios’ refere o acréscimo da procura dos EUA, associado ao aumento de produção e oferta da Arábia Saudita.
Há um factor muito particular a fazer diminuir o preço do WTI em relação ao Brent: a falta de ‘pipelines” no Golfo força os fornecedores ao estrangulamento dos fluxos do petróleo abastecido aos EUA, com subsequente quebra de preços.
Os PIIGS são justamente os países mais punidos
Não gosto da sigla PIIGS, por ser uma forma grosseira e de maldosa segregação em relação aos países que a integram. Todavia, vou usá-la para facilitar a leitura do seguinte quadro:
% no Consumo de Energia a partir do Petróleo e Gás Natural Importados
percentagem de enegrgia consumida (2)
Os valores dos débitos externos dos países em causa, como o gráfico demonstra, não podem deixar de reflectir a elevado grau de dependência energética do exterior. Os efeitos repercutem-se de diversos modos: falta de competitividade generalizada do tecido económico, incluindo as frotas de transporte e utilitários de uso comercial.
Quando o nosso governo, a cego reboque da ‘troika’, em termos de ‘custos de produção’ de bens e serviços, se confina ao axioma da imperativa ‘revisão das leis laborais’ está a atingir vários alvos com a nefasta medida: os cidadãos em geral, a expansão do desemprego, e até o programa do próprio governo. A quebra de receitas fiscais na execução orçamental são iniludíveis demonstrações.
Enfim, se outros testemunhos fossem necessários para suportar o nosso ponto de vista, bastaria citar a queixa da TAP – tende a desvalorizar-se em lamentável e anti-estratégica alienação – ou a quebra de consumo de gasóleo de 11,6% em Junho passado.  
Em suma, o governo desgoverna, promove o desemprego e só produz migalhas de competitividade à custa do trabalho precário e mal remunerado. Eis os caminhos do neoliberalismo que, segundo Passos Coelho, em 2013 nos levarão ao milagre do fim da recessão. 

domingo, 19 de agosto de 2012

Ana Drago defende o pluralismo no BE

ana drago
A direita portuguesa, no estado de euforia pela ufania do poder, como lhe é peculiar em abundância, recorre ao arrogante insulto dos adversários políticos. Utiliza burlesca linguagem – venerando Patriarca – e um amanuense de 3.ª classe julga-se na posse de capacidades para desqualificar as aptidões intelectuais e os efectivos méritos académicos – desde o liceu, pergunte-se ao Santana Lopes? – de um político, Louçã, apenas porque é de esquerda e resolve retirar-se da liderança do BE aos 55 anos.
É óbvio que, no lugar do insulto e do denegrir gratuito, tais amanuenses poderiam formular as críticas que pretendessem, dentro do espírito democrático e de regras de civilidade – pela falta de ética, há ocasiões em que não os poupo na dureza.
Da minha parte, e é isso que agora é relevante, refuto completamente a ideia de que Francisco Louçã, utilizando os argumentos que utilizar, tenha legitimidade para indicar nomes eventuais sucessores à sua liderança; sejam eles João Semedo e Catarina Martins, ou quaisquer outros.
Ana Drago, cuja aptidão e os méritos políticos e parlamentares estão mais do que demonstrados, já veio colocar as coisas no devido lugar: há outros modelos para dirigir o BE. Opõe-se assim, e a meu ver bem, à fórmula dinástica proposta por Francisco Louçã.
(Adenda: Declaro, em nome da minha isenção político-partidária, não ser militante do BE ou de qualquer outro partido político).

sábado, 18 de agosto de 2012

Bota pra ferver

Ivete Sangalo

O infatigável e polivalente Mendes Bota oferece-se como alternativa para o exercício de cargo de presidente da C.M. Faro, se Macário ficar impedido.
O secretário-geral do PSD, Jorge Moreira da Silva, conhecedor dos dotes musicais do novo e potencial candidato, já deu instruções no partido para se seleccionar como hino uma música que entusiasme e mobilize o povo laranja  algarvio. A composição ‘Bota pra ferver’ é uma das favoritas. Assim fosse o Mendes.
A Macário resta aconselhar: Vê lá se consegues descalçar essa bota”. 

São José Almeida, os discretos são os melhores

Vivemos num país, desde há muito, viciado em promover e manter matilhas pseudointelectuais. Invadem espaços televisivos, radiofónicos e de jornais de todo o género. Uns para transmitir enfunados pareceres sobre tudo e mais alguma coisa, outros para manipular a opinião pública em favor das cores políticas da sua preferência.
Nomes? São tantos, lembro-me de muitos, mas certamente ainda deixaria de fora outros tantos ou mais, muitos mais. É preferível deixar o inventário para outra ocasião. Em certos momentos, ouço-os por masoquismo, mas a maioria das vezes faço-o porque o disparate e o topete me servem de diversão. Ouvir Marcelo Rebelo de Sousa falar de biologia e do ADN ou Lobo Xavier discutir os fundamentos filosóficos de Kant constituem episódios hilariantes.
Pena é que, por outro lado, num País de forte persistência da frivolidade e da gente sem escrúpulos a emergir à tona do mediatismo, parte substancial da sociedade se alheie ou nem leia na diagonal este excelente artigo de São José Almeida.
O texto é elucidativo, mas não surpreendente, quanto a manifestações de ridícula ignorância dos tecnocratas na classificação das fundações; bem como na caricatura de enguia, ao cimo ou debaixo de água, desse ministro que, na arte da trapaça, é o mais hábil e talentoso dos  artistas.
É bom conviver com a leitura de quem, de uma penada, faz a anatomia do Portugal que somos, servindo-se de métodos precisos de dissecação e corte. São José Almeida é uma figura conhecida, mas discreta. Nesta etapa histórico-dramática do País, os discretos são os melhores. 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Passos subserviente, Roemer insubmisso

Na famigerada ‘rentrée’ laranja à porta fechada, Passos Coelho voltou a aflorar a constitucionalização da ‘regra de ouro’. Motivado certamente por fortes razões, entre as quais não é desprezível o servilismo perante a Sra. Merkel.
Lá no Norte da Europa, exactamente na Holanda, onde nem todos os políticos conspiram contra os países do Sul, Roemer, o socialista e candidato favorito a ‘PM’, manifestou-se insubmisso em relação às pretensões da chancelerina alemã, nos seguintes termos:
Fonte: PRESSEUROP
Como são opostos o conceito e o sentimento de defesa da soberania nacional entre estes dois políticos! 
Agora em Portugal é com Passos, mas a minha experiência de 26 anos de viagens por vários pontos do mundo diz-me que, em geral perante estrangeiros, intensificamos a mansidão aos nossos tradicionais brandos costumes- hábitos e comportamentos do século XX que perdurarão sabe-se lá até quando…  

Algarve: quartos com pulseiras?

jias
Algarve imita resorts das Caraíbas alugando quartos com pulseiras
Jornal ‘Público’
Confesso que o título do ‘Público’ me causa confusão, levando-me a algumas interrogações. Serão os hóspedes ou os quartos a usar as pulseiras? E porquê quartos apenas com pulseiras? Então, para maior desafio de concorrência aos alojamentos nas Caraíbas, os hotéis algarvios não deveriam equipar os quartos com brincos, anéis, gargantilhas e alfinetes de peito?… pronto, fiquemos por aqui. Chega de joias e de dúvidas.

Fareed Zakaria de volta à CNN e à TIME

Subitamente, Zakaria beneficiou do indulto no plágio de ‘The New Yorker’ que denunciei aqui. Regressará, portanto, em curto espaço de tempo à CNN e à TIME que tinham suspendido o ensaísta e jornalista.
Conquanto nem sempre concorde com o que ele escreve, admiro a solidez de muitos dos seus textos, visivelmente construídos sobre uma preparação cultural polivalente, ampla e consistente.
Nada me incomoda, antes pelo contrário até me satisfaz a remissão da pena de Zakaria. Sempre foi mais feliz do que Clara Pinto Correia que cometeu exactamente igual erro, sem perdão. Tenho, porém, a acrescentar que o argumento de “erro não intencional” é um conto do vigário em que não caio.
Nos EUA, como em Portugal e em todas as sociedades humanas, a protecção de homens influentes no círculo do poder gozam, com inusitada frequência, de generosas ajudas. Já Clara Pinto Correia não teve igual sorte. Machismo? Qual é a dúvida?  

O sucesso da Islândia é lição para o FMI e UE

Paradoxal esta conclusão de Daria Shakarova, chefe da missão do fundo no País. Confesso perplexidade perante tal topete.
Compreenderia que Shakarova viesse a público reconhecer, sem tibiezas, a razão e os méritos dos políticos finlandeses, ao decidirem rejeitar literalmente o programa de ajustamento definido pelo FMI, preferindo, em alternativa, actuar com ideias próprias. A eficácia é incontestável.
De resto, em Março passado a Islândia já havia antecipado o pagamento de 338,7 milhões de euros ao FMI, acto que surpreendeu a sinistra organização de Washington.
Tendo embora em conta a pequena dimensão da Islândia, FMI e outros directórios internacionais, sobretudo da UE, deveriam aprender que, quando se prefere responsabilizar criminalmente os principais autores da crise e impor perdas aos credores de operações especulativas, é possível não sobrecarregar os contribuintes e salvaguardar o Estado Social. Em Reiquejavique, como em Atenas, Dublin ou Lisboa. Infelizmente, rejeitam entender.
Do actual parlamento, 39 dos 63 deputados opõem-se à continuação das negociações para o ingresso do País na UE e no euro. Surpreende-me não ser um desejo unânime.
   




quarta-feira, 15 de agosto de 2012

CDS-PP, o partido da filantropia e do empreendedorismo

lavagem
O CDS-PP não está infectado, é limpinho e lavadinho. Verdadeiramente asséptico. As máquinas da imagem foram oferecidas por um generoso militante, comerciante de electrodomésticos.
O homem é tão filantropo e devoto como todos os outros que ofertaram ao partido 1.060.250 euros, incluindo o celebérrimo Jacinto Leite Capelo Rego.
Para obviar a eventuais acusações de dinheiro sujo, os milhares de notas de euros, disseminadas por 105 depósitos individuais no BES, em finais de 2004, foram todas lavadas e enxutas, nas valiosas máquinas ofertadas.
O CDS-PP é um exemplo nacional. Ganha avultadas somas em curto tempo e sem mácula, tornando-se um caso raro de filantropia e empreendedorismo. Pena que, na actividade governativa, não imprima ao País acções e dinâmicas com idênticos resultados.
    

O discurso do mullah na mesquita do Pontal

festa do PontalSegundo as notícias, reuniram-se, ao todo, cerca de 1.500 fiéis; muito abaixo dos tais 2 mil e tantos inscritos, a caminho dos 3 mil, que o Prof. Marcelo previu no domingo passado na TVI – acho que o ilustre comentador é um relapso mentiroso; outros dizem tratar-se de erros de previsão… paciência!
Naturalmente, estiveram presentes os militantes, mulheres e homens, que hoje dominam o aparelho ‘laranja’, entre os quais moedas e outros valorosos trocos e ainda as Marias, as Franciscas e as Teresas, todas leais ao mullah Coelho.
Discurso de mullah é isso mesmo, discurso de mullah. Está condicionado pelo conteúdo dos textos sagrados, é mero exercício litúrgico e nem sempre suscita entusiasmos nos fiéis.
O mullah não poderia, nem saberia, ser um orador brilhante e transcendente. Aflorou de fugida os temas do desemprego e da quebra do PIB, retomou habituais caminhos da comunicação tautológica, recuperou o tema da “regra de ouro” e, para terminar em espectacular estenderete, entrou em contradição:
Há semanas, num hotel em Lisboa, o mullah garantia: “estou a lixar-me para as eleições”.
Ontem, segundo o Expresso, garantiu aos fiéis ter a ambição de renovar o mandato.
Enfim, o mullah revela-se perturbado e desorientado. E, qual cereja em cima do bolo, acabou a prometer que 2013 será o fim da recessão.
Esta última anedota, em que nem os mais leais intimamente acreditam, faz-me lembrar uma passagem de um monólogo de Jô Soares no CCB, em 2005.
A certa altura, o actor descrevia as peripécias de um homem que, por impedimento da mulher, se viu forçado pela primeira vez a ir às compras ao hipermercado, sozinho. Depois de mil e uma trapalhadas, o desgraçado retira da prateleira uma lata de feijão, cuja validade expirava à meia-noite desse dia. Tirou mais latas e o prazo de validade era sempre igual. Então, revoltado, acabou por se interrogar:
“O que se passará dentro da puta desta lata à meia-noite para que o feijão fique deteriorado?”
Do meu lado, pergunto ao mullah:
“O que se passará na puta desta terra à meia-noite de 31-Dez-2012 para que a recessão do País termine aí?”
Só aqui para nós: o mullah não sabe, nem acredita.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Do INE: presentes envenenados para o Pontal

dirio_econmico (2)
O “DE” destaca na primeira página:
“PSD espera discurso de Passos no Pontal virado para o País”
Primeira questão: o Pontal é o local mais móvel do País. Desde os tempos de Cavaco Silva, Pontal acima, Pontal abaixo, a tradicional ‘reentrée’, pelas mãos de Passos Coelho – quiçá com ajudas de Gomes, Relvas & Cia. – realizar-se-á este ano em recinto fechado. Uma primeira novidade é esta: só terá acesso ao local da festança quem tenha paga a pitança.
Segunda questão: “discurso virado para o País” é a esperança de fidelíssimos ‘laranjas’ em assistir a um País inteiro extasiado a ouvir e ver as voltas do ‘Vira’ do Coelho. Para mim e muitos outros portugueses, que o sentem na pele e no bolso, a expectativa é bem diferente e muito negra: “No Pontal, como em todo o Portugal, continuaremos a sentir que a política de Passos é virar o País de pantanas – empobrecimento, custe o que custar, é a divisa.
Terceira questão: Passos programava cantar, com voz de barítono, falácias e mascarados êxitos da política governamental. Porventura, não de dispensará de exaltar o “sucesso” do défice externo, coisa que não acontecia desde 1953, proclamará. A comparação de dados macroeconómicos entre dois períodos histórico-sociais tão distintos ou é feita por ignorância ou então é uma vil exploração de propaganda.
Quarta e última questão: os dados hoje divulgados pelo INE (o aumento da taxa de desemprego para 15,0% no 2.º trimestre e uma redução do PIB de -3,3% no final do 1.º semestre em comparação com período homólogo de 2011) são, de certeza, dois presentes envenenados com que Passos, Vítor Gaspar, Álvaro Santos Pereira, Paulo Portas e restante equipa governativa não contavam. Estamos expectantes em relação ao que Passos dirá sobre estes factos, admitindo que falará claro e sem o ardil da mentira que outrora já utilizou – há abundantes provas áudio-visuais da insídia.         

Portugal de portas trancadas na justiça

ferrostal
Da Ferrostal, sociedade nuclear do consórcio vendedor dos submarinos ao governo de Barroso em 2004,  já há muito foram condenados os responsáveis por acções de suborno. Na Grécia, o ex-ministro grego da Defesa, Akis Tsochatzpoulos, foi acusado e detido por ter recebido um suborno para viabilizar a compra de quatro submarinos à Ferrostaal, em 2000. Dois ex-executivos desta empresa admitiram ter pago subornos à Grécia e a Portugal durante o governo de Durão Barroso e Paulo Portas.
Portugal não é a Alemanha, menos ainda a Grécia, como à exaustão é dito pelos nossos políticos no governo. Os factos comprovam as diferenças: na Grécia não desapareceram milhares de documentos do Ministério da Defesa, quando Akis terminou o mandato; e nem sequer imagino a existência de um Procurador Geral da República, zeloso como o Dr. Pinto Monteiro, a avisar previamente, pela comunicação social, ter a intenção de questionar o governo após as férias, sobre o polémico caso.
As portas do sistema português de justiça português sofrem de programada disfunção: abrem-se de par em par ao pequeno crime, trancam-se a sete chaves para os processos dos poderosos. Ainda por cima, estes últimos têm direito a aviso prévio de investigações pela PGR… e finalmente à prescrição, quando não a mal percebida absolvição.
À laia de submarinos, os famigerados documentos submergiram em águas profundas. Ao povo não é reconhecido o direito à verdade. Que pague a conta.
Os Açores continuam lindos! Alô torcida de S. Bento, aquele abraço.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

E se lhe pregassem idêntico susto


o monstro
Figura imaginária do ‘Monstro de Queluz’
Por princípio, sou adversário da pena da morte. Todavia, ao tomar conhecimento da hipócrita justificação – “só queria assustar” - do tenebroso autor do triplo homicídio de Queluz, é irresistível perguntar:
“E se pregassem a tal monstro idêntico e tamanho susto?”
Confesso que vacilo entre o sim e o não, na resposta.

Os homens que suspeitaram do mordomo do Papa

desconfiados
Estes bem suspeitaram, na altura própria, de que Paolo Grabriele, o mordomo do Bento XVI, em conivência com o informático da Santa Sé, Sciarpelletti, andava no gamanço no Vaticano.
Avisaram, sem resultado, o Sumo Pontífice, toda a cúria romana, paróquias, arcebispados, bispados e outras estruturas eclesiásticas em vários azimutes. Desconfiados, não evitaram a surpresa pela notícia de decisão do julgamento de Gabriele por furto qualificado.
Prognóstico do desfecho do processo: pena suspensa, acto de contrição perante o Papa e a penitência de dez orações ao deitar.
Oremos também por esta “Santa Madre Igreja”!

O mestre-de-obras Marcelo

retocveis
Os retocáveis segundo Marcelo
Remodelação governamental
Ontem, tive a pachorra de ouvir o Prof. Marcelo, esse ilustre mestre-de-obras da análise e pensamento políticos. Com ou sem truques de anamnese, e tropeçando em frequentes apófases, Marcelo lá foi derramando apologéticos discursos em louvor do PSD, como é habitual.
Comentador partidariamente vinculado e tendencioso, embora com brandas palavras, aconselhou Coelho a remodelar os mega-ministérios de Álvaro – até é bom homem, dizia – e de Assunção Cristas, para quem recomenda outra pasta. Sim, Cristas sem pasta é o mesmo que carbonara sem esparguete, ‘fusilli’ ou macarronete.
A pasta de Relvas, acrescentou Marcelo, deveria ser reformulada “com ou sem” Relvas – ter ou não ter um ministro que mentiu ao parlamento, se licenciou de forma duvidosa por equivalências, para o Professor é irrelevante; depreendi ser necessário institucionalizar o silenciado  Relvas, criando talvez o Ministério do Silêncio.
Os argumentos argamassados, na aligeirada palavra de um mestre-de-obras sábio, não passam de meros “retoques”. O mestre espalhou-se.  Tão óbvia foi a leviandade de demonstrar ser fácil, e sobretudo nos dois anos do horizonte governamental, relançar uma economia depauperada por inúmeras insolvências diárias e o acumular de crescentes centenas de milhares de desempregados. Seguindo a prescrição do mestre, antes de realizada, a obra desmoronou.
O desaparecimento de documentos dos submarinos
A respeito dos documentos dos submarinos, desaparecidos no Ministério da Defesa, de que se queixa a PGR, admitiu ter sido um episódio do tempo de Sócrates (2010, disse), referindo suavemente Paulo Portas, o comprador dos ditos no governo de Barroso, denunciado justamente por ter subtraído do ministério dezenas de milhares de documentos – fotocopiados, dizia a imprensa – quando deixou o cargo.
Bem melhor seria que a TVI cedesse definitivamente Marcelo para o Pontal e os cursos de lavagem de cérebro do PSD; tipo de lavagem que, afinal, não é monopólio do PCP e que deixou Zita Seabra no estado de saúde mental que se sabe. 
     
    
         

domingo, 12 de agosto de 2012

Incendiários à solta, bombeiros descoordenados

Os incêndios este Verão voltaram a irromper em diversas regiões do País. Todos os dias temos notícias de fogos; muitas vezes deflagrados em simultâneo a partir de três ou quatro pontos distintos, em áreas de 1 hectare, que logo alastra para 2, 3 ou mais, muito mais. Expandem-se, pois, florestas adentro, aqui e ali dizimando habitações, armazéns, gado, pastagens e equipamentos agrícolas.
Os efeitos, mais desgraça menos desgraça, são aqueles que acabamos de descrever. Responsabilidades? Todos os anos repetimos os mesmos juízos e opiniões. É muito generalizado o consenso centrado na origem criminosa; seja esta activa e voluntária, seja, como diz o presidente da Liga dos Bombeiros Portuguesas, desfecho do abandono e falta de controlo das autoridades competentes pela floresta portuguesa – nos últimos anos foram eliminados 12.000 bombeiros, reduzindo-se de 38.000 para 26.000; por força da política do actual governo, com os cortes nos pagamentos de transportes de doentes, muitos mais desaparecerão.
Terem ardido mais de 22.000 hectares, nos concelhos de Tavira e São Brás de Alportel, só é, pois, entendível por escassez de meios e/ou ausência de coordenação e acção das autoridades a quem estão cometidas funções de liderança – Protecção Civil e altos comandos dos Bombeiros.
Outros pontos do país foram atingidos. Incendiados por um casal de irmãos,  arderam mais de 2.000 hectares, entre as freguesias de Tramaga (norte de Montargil) e Galveias, por exemplo. Os bombeiros compareceram e em força – haviam corporações de Celorico da Beira, Cernache de Bonjardim, Sertã, Torres Vedras, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Cadaval e de muitas outras localidades.
Bombeiros não faltaram. Eram mais de 400. Faltou, isso sim, a coordenação e as orientações da Protecção Civil e do Comando dos Bombeiros de Portalegre.
Felizmente, a evitar mal pior, agiram elementos da população civil que conduziram os bombeiros ao interior de densas matas, a locais por eles naturalmente desconhecidos.
Os bombeiros actuaram e bem! Todavia, houve quem se tivesse criminosamente alheado, desprezando os prejuízos de chaparrais e olivais destruídos pelo fogo. Tanto quanto a deterioração da paisagem.
Este ano ainda não terminou; mas, com este tipo de lideranças, para o ano a história repetir-se-á.

sábado, 11 de agosto de 2012

‘The New Yorker’, a atracção fatal do plágio

The New Yorker
‘The New Yorker’ é, sem sombra de dúvida, uma excelente publicação. Pode ser subscrita por assinatura ou consultada parcialmente ‘on line’, aqui.
Trata-se de um órgão de comunicação social pluralista, como outros. Segundo preferências e opções dos leitores, uns gostam de  certos autores, outros têm outros preferidos. Tudo normal, é o impacte das diferenças de opinião, do debate geral de ideias político-culturais; em suma, um dos efeitos da liberdade de expressão sobre públicos heterogéneos.
Notoriamente, começa a repetir-se com ‘The New Yorker’ o fenómeno do plágio. Se condenável na prática por anónimos, torna-se mais estranho quando cometido por figuras públicas, do mundo da cultura restrito ou amplo, em função de nacionalidades e prestígio em pontos geográficos.
Considero, pois, abominável o plágio de Fareed Zakaria, cujo livro ‘O Futuro da Liberdade’, da Gradiva, li recentemente: assim como aquele outro de há cerca de 10 anos de Clara Pinto Correia que a levou à saída da ‘Visão’.
Ambos os autores, entendo eu, têm valor que baste e obra suficiente e original para evitar cair no crime de plágio, servindo-se ilegal e imoralmente do trabalho e do mérito de terceiros.  
Parece, de facto, que ‘The New Yorker’ exerce a atracção fatal do plágio, a que nem intelectuais com deveres de boa reputação na opinião pública se furtam.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Crato, o Parque Escolar e o MRPP

O começo da estória tem várias alternativas possíveis. Iniciemos por citar o ‘Público’:
Utilizemos, entretanto, uma esclarecedor descrição do jornal ‘i’ dos ex-maoístas do MRPP, onde o actual o ministro, Nuno Crato, é umas das figuras de proa:
Bem, se mencionados um a um, de Durão Barroso a Maria João Rodrigues, gastaríamos horas intermináveis a findar a lista dos notáveis, a maioria indecorosos, e apenas destes.
Que tem é esta ralé em comum? Servir-se de todos esquemas e estratagemas possíveis para chegar ao poder, concentrando-se sob o toldo do ‘bloco central’, juntando-se, aí, a jotinhas carreiristas, hoje no poder ou próximo dele.
Neste país, em que se criou um ambiente de rivalidades e conluio entre os dois grandes parceiros do centrão, em que é que os gestores de Crato se poderiam diferenciar dos anteriores do PS. Em nada, rigorosamente em nada. O Tribunal de Contas é que errou as contas.
Independentemente de eventual, sim eventual!, valor académico, estas coincidências provam, afinal, que as teses do ‘eduquês’ foi uma obra de Crato oportuna, de auto-reconhecimento e de identificação com o sistema.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O proprietário da azinheira que a CMVM escondeu

Mguel Pais do AmaralOntem, depois de consultar o relatório da CMVM, publiquei este ‘post’. De certo modo, foi uma manifestação de surpresa causada por esta informação incompleta do documento:
“havendo um caso de um administrador que pertencia ao órgão de administração de 73 empresas”
A CMVM ignorava quem era o super-polivalente gestor? Claro que não!
Por que razão a CMVM resolveu omitir o nome? A divulgação não se trataria de difamação, uma vez que se referia a um caso real, embora insólito.
Está ou não nas obrigações da CMVM comunicar ao País, com verdade e informação íntegra, estruturas organizativas, situação económico-financeira e identificação de administradores de empresas cotadas em bolsa? Claro que está, no  estrito respeito pelo interesse público.
A omissão, neste caso grave, é como a mentira. Tem perna curta. Agora, através da imprensa, soubemos tratar-se do hiperactivo Miguel Pais do Amaral. Com uma agenda e rede de contactos impostas por ser 73 x administrador, não invejo o trabalho do desgraçado. Coitado, como se vê pela imagem nem tempo tem para se barbear. E tomar banho? Recorre aos jacúzis das empresas, assistidos por massagistas vindos da Tailândia. Ah!, ingere mais de 50 litros diários de água mineral, em reuniões de administração.
Com  a ajuda de Catroga, pentelho nos valha, Portugal deve enviar o Amaral às próximas olimpíadas empresarias. O Warren Buffet está feito! Contente-se com a medalha de prata, se chegar ao pódio.  
Com mais trinta ou quarenta ‘amarais’, nenhum outro país nos alcançaria jamais.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

À sombra da azinheira

Destaca a CMVM, entre muitos outros dislates consentidos a um exército de  gestores, a insólita situação de:
“haver um caso de um administrador que pertencia ao órgão de administração de 73 empresas”
Caramba,  o homem é um herói!, de quem não sabemos a identificação. As regras e éticas de cidadania, legitima e legalmente, reconhecem-nos, em teoria, o direito de conhecer célebres figuras da gestão nacional, autores de atentados contra o interesse público e, ao que parece,  impulsionados por um ‘Viagra’ ou fármaco do género, com mágica fórmula de garantia de infinita potência.
Do que foi possível apurar, chegou-nos a informação de que se trata do proprietário desta azinheira:
azinheira
árvore da qual se ignora a idade, mas com a visível prova de que as prendas e prebendas foram penduradas nas hastes por falta de espaço caseiro.
Em síntese, nestes casos, o fenómeno reduz-se sempre a uma questão de hastes que  nos decoram, sem que tenhamos conhecimento dos autores e do momento de tão humilhante ornamentação. O corno é sempre o último a saber e, desalentado ou ignorante, limita-se à inexorável condição de manso. Afinal, cornos, conscientes ou não, fazemos parte de um povo manso – classificado de ‘brandos costumes’ pela tradicional semântica da política nacional.
Quem é o proprietário da azinheira? É a dúvida. Talvez nunca teremos o esclarecimento a que temos direito. No fundo, cumpre-se a tradição do sistema de justiça nacional. Estamos habituados e o hábito tornou-se vício.
Condene-se o pobre que roubou dois pêros da caixa de uma frutaria, mas nunca os suspeitos do BPN, da Face Oculta e de outras tantas grandes histórias do crime, do dito 'colarinho branco', sob tantos epítetos que seria exaustivo enumerar.
Catroga a Presidente da Associação Nacional de Gestores! O pentelho seria a cereja em cima do bolo.